Exclusivo BPF entrega proposta com privados para instalar Gigafábrica de IA de quatro mil milhões em Sines
Num investimento que poderá rondar os quatro mil milhões de euros, o Banco Português de Fomento (BPF) entregou à Comissão Europeia uma proposta de candidatura com um consórcio privado.
Portugal vai mesmo a jogo nas Gigafábricas de inteligência artificial (IA). O Banco Português de Fomento (BPF) entregou à Comissão Europeia uma proposta de candidatura para tentar atrair para Sines uma destas infraestruturas de supercomputação, num investimento que poderá rondar os quatro mil milhões de euros, envolvendo um “consórcio alargado” de investidores privados, apurou o ECO junto de fonte governamental.
Esta sexta-feira terminou o prazo para eventuais consórcios manifestarem o seu interesse em participar neste projeto de coinvestimento, com o qual Bruxelas espera dotar a União Europeia da capacidade de computação necessária para se tornar mais competitiva na IA, ao abrigo de Parcerias Público-Privadas (PPP). Mas Portugal não terá uma tarefa fácil. O ECO apurou também que até meio da tarde tinham sido entregues ao EuroHPC, o organismo que está a coordenar este processo, um total de 22 propostas de candidaturas, número que no final poderá até ser superior.
O plano português assenta em alguns setores verticais: telecomunicações, saúde e biotecnologia, oceanos e defesa. Inclui ainda dois sub-verticais, energia e aeroespacial. Entre as empresas que estarão envolvidas, a título meramente preliminar, estarão nomes como a Altice e a Nos, mas também empresas de outros setores e entidades ligadas à academia. O projeto contempla a aquisição de 100 mil processadores NVidia H100, um dos modelos mais avançados da marca, e o início da construção do data center para abril de 2026, numa área de 28 mil metros quadrados e com uma capacidade de cerca de 90 MW — caso a proposta seja selecionada por Bruxelas.
O ECO já tinha noticiado que no país se estava a preparar uma eventual candidatura, o que agora se confirma. Aliás, Portugal ficou com via verde para participar depois de os EUA terem recuado nas restrições à compra de chips que iriam entrar em vigor em meados de maio. Passada esta fase, é esperado que a Comissão inicie conversações com os vários interessados para preparar o concurso formal que pretende lançar no quarto trimestre de 2025.
Na corrida está também um consórcio privado espanhol para criar uma Gigafábrica de IA de cinco mil milhões de euros em Tarragona, soube-se esta sexta-feira. A candidatura espanhola envolve empresas como a Telefónica e a Nvidia, segundo o jornal Expansión.
Este nível de interesse, numa fase que ainda não é vinculativa, permite, assim, adivinhar um concurso competitivo no final deste ano. E era precisamente essa a intenção da equipa de Ursula von der Leyen, que, no Plano de Ação Continente IA, apresentado em abril, afirmou esperar que cada uma das Gigafábricas de IA tenha “uma capacidade computacional massiva, superior a 100.000 processadores avançados”.
Segundo a documentação do EuroHPC acerca deste processo, a entrega de uma manifestação de interesse pressupõe que o Banco de Fomento elaborou um autêntico plano de negócios em conjunto com os membros do consórcio, incluindo a definição do mercado-alvo, governação do empreendimento e as principais necessidades, quer ao nível de pessoal, quer técnicas, incluindo energéticas e de arrefecimento.
A Comissão Europeia avançou que pretende cofinanciar cinco Gigafábricas de IA na União Europeia, mas o número final poderá ser superior. Em resposta ao ECO, em abril, fonte oficial disse que “o número final de Gigafábricas de IA a apoiar irá depender no final da qualidade, maturidade e viabilidade financeira das propostas recebidas”.
(Notícia atualizada pela última vez às 17h34)
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