Negócios do padel ‘made in’ Portugal estão a ‘pontuar’ pelo mundo fora

Com a modalidade a atrair cada vez mais jogadores, Portugal está a apostar na produção de raquetes e vestuário que já chegam a todo o mundo.

Com 300 mil jogadores, mais de 2.000 campos e 300 clubes federados em Portugal, o padel está a atrair cada vez mais curiosos. Com a modalidade em ascensão, já existem vários negócios em território nacional que vão dos campos, à produção de raquetes de carbono e cortiça até ao vestuário.

O vice-presidente da Federação Portuguesa de Padel explica ao ECO que “a taxa de retenção dos ginásios é inferior a 10%, enquanto a taxa de retenção do padel está próxima dos 70%, diz Jean Paul Lares, destacando que o “crescimento da modalidade deve-se à fácil curva de aprendizagem”.

Vasco Carvalho, um amante e praticante assíduo do desporto, “estava tão obcecado com a modalidade que não imaginava fazer mais nada para além do padel“. Com a “paixão” a falar mais alto decidiu criar a Quad, marca de padel, em 2021 e aliar-se a Tomás Mendes.

Numa fase inicial, as raquetes de carbono da Quad começaram a ser produzidas em Espanha, mas as fábricas espanholas não estavam a conseguir satisfazer as encomendas. “O padel registou um crescimento bastante grande na altura da pandemia e com o aumento do volume de encomendas por parte das grandes marcas internacionais, a fábrica disse-nos que não tinha capacidade para produzir para a Quad”, explica Vasco Carvalho.

Perante o imprevisto, só tinha duas hipóteses ou “iam para China ou Paquistão produzir as raquetes — que é onde estão 99% das fábricas” ou “montavam uma fábrica em Portugal”. Tendo em conta que não “acreditam na produção chinesa ou paquistanesa pelo método construtivo, materiais utilizados e acabamentos”, decidiram no final de 2022 montar a primeira fábrica em Portugal de raquetes de Padel em carbono, localizada em Braga.

Da fábrica da Quad, que emprega 29 pessoas e fatura cerca de 1,3 milhões de euros, saem 1.500 raquetes por mês, sendo que o objetivo é chegar às 10 mil. Para chegar a esse objetivo adquiriram máquinas de aproximadamente 200 mil euros para aumentar a capacidade produtiva. Uma raquete de padel da Quad custa entre 190 a 370 euros.

Quatro anos depois, a marca, que para além das raquetes, comercializa vestuário e acessórios, está presente em mais de 80 pontos de venda nacionais (sendo que 60 são clubes) de Norte a Sul do país e ilhas e exporta para mais de 22 países. A exportação é responsável por 60% da faturação e as raquetes têm como principais destinos a Bélgica, Costa Rica, Singapura e Tailândia.

Durante o ano de 2023, a Quad recebeu o convite para ser a marca oficial de padel da série de Morangos com Açúcar. E o ano passado fizeram uma parceria com o arquiteto Siza Vieira para criar a raquete mais cara do mundo, que custava 1.900 euros e foram produzidas apenas 90 unidades. Entretanto deixou de ser a raquete mais cara do mundo porque a Lamborghini lançou uma raquete de padel de 5.000 euros.

Poucos meses depois, o fundador aventurou-se na produção de raquetes de pickleball na fábrica de Braga. “Um desporto em rápido crescimento, com mais de 50 milhões de praticantes em todo o mundo, essencialmente no mercado norte-americano”, contabiliza o fundador da Squad, que já está a produzir cerca de 300 raquetes de pickleball por mês.

Em breve, a Quad vai lançar uma linha de active wear direcionada ao ioga, ciclismo e fitness. “Não há nenhuma marca portuguesa de fitness em Portugal, todas as marcas que vieram para o mercado não tiveram sucesso e acreditamos que conseguimos fazer diferente”, diz Vasco Carvalho.

Das raquetes de carbono à cortiça

Nicolau Silva, praticante de padel, fazia próteses dentárias há 20 anos. Depois de partir várias raquetes, começou a interessar-se pelo restauro das mesmas. Os praticantes da modalidade começaram a procurar Nicolau Silva para reparar as raquetes.

Depois de arranjar muitas raquetes e perceber como funcionava o produto, decidiu criar uma “raquete única”, explica ao ECO Pedro Plantier, membro fundador da federação portuguesa de padel e primeiro campeão nacional da modalidade, que viu potencial no negócio e juntou-se à marca.

“A combinação da cortiça com toda a experiência do Nicolau em próteses dentárias deu origem a uma raquete única”, diz Pedro Plantier.

No final de 2016 nasce a Cork Padel – hoje as raquetes de cortiça fabricadas em Fátima chegam a mais de 50 países. A exportação absorve 70% da produção essencialmente para a Escandinávia, Argentina, EUA e Médio Oriente. Por mês são produzidas mil raquetes totalmente artesanais. Os preços variam entre os 300 e os 600 euros.

A Cork Padel, que emprega 35 pessoas e fatura 2,5 milhões de euros, está presente em 45 lojas de clubes no país, tem uma loja na fábrica e um flagship store na Avenida da Liberdade em Lisboa.

O ano passado, Cristiano Ronaldo publicou uma fotografia no Instagram com uma raquete da Cork Padel, marca que tem como sócios Nicolau Silva, Pedro Plantier, Francisco Passos Leite e Fernando Antas da Cunha.

Fonte: Instagram de CR7Instagram de Cristiano Ronaldo

 

Trio cria marca de roupa ‘made in’ Portugal

Vivian Rocha (empresária), Teresa Pinto Basto (designer) e Inês Sarrail (produção) têm uma paixão em comum, o padel. Conheceram-se a praticar a modalidade em 2015 e rapidamente ficaram amigas.

Depois de várias partidas decidiram em 2016 criar a equipa Padel da Confraria para entrar em torneiros. No entanto, aperceberam-se que existia uma lacuna no mercado, a inexistência de “roupas giras, sóbrias e confortáveis”.

“Quando criamos a equipa Padel da Confraria começamos a criar as nossas próprias roupas para entrar nos torneios e foi quando percebemos que não existia roupa que conjugasse o desporto com o dia-a-dia”, conta Inês Sarrail.

Numa fase inicial, começaram por criar um equipamento para a equipa da Confraria, mas o “equipamento estava muito giro, fez sucesso e as pessoas começaram a perguntar-nos onde se comprava”. Foi nessa altura que perceberam que podia ser “uma rampa” para criar uma marca de roupa de padel. Começaram à procura de fornecedores, a testar materiais e em janeiro do ano passado lançaram a primeira coleção da Piiiton, marca 100% portuguesa. “É tudo produção nacional, do tecido à confeção, passando pelos bordadores”, assegura Inês Sarrail.

Todas as peças estão crivadas com o logótipo da marca que foi inspirado no movimento da víbora. Inês Sarrail explica ao ECO que a víbora é um “dos movimentos mais poderosos no padel”.

Depois do “sucesso” com as roupas de padel veio a aposta em beach ténis e ginástica, também o ano passado. Inês Sarrail conta que nos planos está aumentar a produção, ter mais pontos de venda espalhados pelo país –neste momento a marca está presente em dois pontos de venda (Lisboa e Cascais) — e arrancar com a expansão internacional.

CR7 e Diogo Dalot investem em campos de padel

A modalidade está a ganhar cada vez mais adeptos, entre eles Cristiano Ronaldo que decidiu, inclusive, investir no desporto. O ano passado, CR7 adquiriu a totalidade do Lisboa Racket Centre, um complexo em Alvalade com courts de ténis, campos de padel e squash. O Lisboa Racket Centre foi o primeiro clube em Portugal com courts e aulas de padel, contando com mais de 350 alunos da modalidade.

O jogador que gosta da modalidade é ainda investidor do complexo Cidade do Padel em Oeiras, juntamente com o empresário Filipe de Botton. O projeto, desenvolvido pela Federação Portuguesa de Padel, vai contar com 17 campos de padel, 15 deles cobertos, um court central e bancadas para duas mil pessoas, ginásios, um edifício de suporte às atividades do padel e estacionamento autónomo, e deverá estar concluído no próximo ano.

Para além de CR7, Diogo Dalot e Paquito Navarro investiram no Padel Athletic Club (PAC), localizado na Zona industrial do Porto. Com uma área total de 12.000 metros quadrados, o complexo conta com 14 campos de padel.

O vice-presidente da Federação Portuguesa de Padel, Jean Paul Lares, contabiliza que em Portugal existem 300 mil jogadores de padel, 2.000 campos e 300 clubes federados.

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