“Governantes e leis passam, mas os povos ficam”, atira Marcelo após enviar Lei dos Estrangeiros para o Constitucional
Poucas horas após enviar para o Constitucional a alteração legislativa para regular imigração, ao lado do homólogo angolano, o Presidente referiu que "só ganhamos em tratarmo-nos bem uns aos outros".
O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou esta sexta-feira perante o Presidente de Angola, João Lourenço, a comunidade angolana em Portugal e afirmou que “os governantes passam, as leis passam, mas os povos ficam”.
“E nós necessitamos uns dos outros e sabemos que só ganhamos em tratarmo-nos bem uns aos outros, porque quem trate mal é maltratado, e sobretudo perde a oportunidade de tratar bem”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, tendo ao seu lado João Lourenço.
O Presidente de Angola iniciou esta sexta-feira uma visita oficial a Portugal, numa altura em que estão em curso alterações ao regime jurídico de entrada de estrangeiros — que o Presidente da República submeteu ao Tribunal Constitucional na quinta-feira — e à lei da nacionalidade, promovidas pelo Governo PSD/CDS-PP chefiado por Luís Montenegro, que afetam os cidadãos dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Sobre os angolanos residentes em Portugal, o chefe de Estado português declarou: “Temos em Portugal uma enorme, querida, respeitada, fecunda comunidade angolana, muito estável, aumentando recentemente, e sendo sempre uma das três primeiras comunidades em Portugal”.
João Lourenço, que é também o presidente em exercício da União Africana, chegou ao Palácio de Belém pelas 11:00 e foi recebido com honras militares no Pátio dos Bichos.
Depois, teve um encontro a sós com Marcelo Rebelo de Sousa, seguindo de uma reunião alargada às respetivas delegações. No fim, os dois presidentes prestaram declarações à comunicação social, sem responder a perguntas.
Relações com Portugal “nunca estiveram a um nível tão alto”
Já o Presidente da República angolano afirmou que as relações entre Angola e Portugal nunca estiveram a um nível tão alto e que o objetivo é melhorar. “Nós viemos a Portugal para reforçar os laços de amizade e cooperação entre os nossos dois países – Angola e Portugal. Nunca as relações entre os nossos dois países estiveram a um nível tão alto e o que pretendemos é trabalhar, no sentido de manter esse nível e se possível melhorar”, disse João Lourenço.
O chefe de Estado angolano falava durante a declaração que proferiu após um encontro com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém, onde foi recebido com honras militares.
Numa altura em que o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, cumpre os últimos meses do seu mandato como chefe de Estado, João Lourenço recordou a amizade do Presidente português, que visitou Angola pelo menos sete vezes e em várias e distintas ocasiões, como nas suas tomadas de posse, além de “visitas de Estado” e “de trabalho”.
“Esteve presente no momento difícil para Angola e os angolanos, quando perdemos o Presidente José Eduardo dos Santos”, recordou, afirmando que Marcelo Rebelo de Sousa é o chefe de Estado que mais vezes visitou Angola. Para João Lourenço, “isso é um sinal de consideração, mais do que isso, de amizade, entre países, mas sobretudo entre povos”.
E adiantou: “Não podíamos deixar de fazer esta visita enquanto ele ainda é chefe de Estado, uma vez que sabemos que se aproxima o momento em que vai ter de passar a cadeira presidencial àquele que vier a ser eleito para o substituir”.
“Agradecemos o facto de Portugal nos dar a oportunidade de trabalhar a este nível cimeiro, com o Presidente da República, como também a oportunidade dos encontros que vamos ter de seguida” com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e o presidente da Assembleia da República.
João Lourenço também se congratulou com a oportunidade de participar sábado num diálogo com Marcelo Rebelo de Sousa com que será encerrado o fórum EuroaAfrican. Os dois chefes de Estado participam sábado no “Diálogo entre Presidentes”, no âmbito do EuroaAfrican Forum 2025, que decorre na Universidade NOVA School of Business and Economics, em Cascais.
“Vamos aproveitar a ocasião para falar não apenas das relações bilaterais entre os nossos dois países, mas também vamos falar das relações com o continente africano, uma vez que assumo neste momento a presidência da União Africana (UA) e, com certeza, vamos falar dos grandes desafios que o globo enfrenta este momento: Segurança alimentar, segurança energética, paz e segurança, que a todos preocupa”, disse.
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