Lucro da EDP Renováveis tomba 56% para 93 milhões no primeiro semestre

Resultado foi pressionado por itens não-recorrentes nos EUA e menos ganhos da rotação de ativos. Analistas aplaudem lucro recorrente e Goldman Sachs diz que 'momentum' dos resultados "infletiu".

O lucro da EDP Renováveis EDPR 0,52% caiu 56% no primeiro semestre, em termos homólogos, para 93 milhões de euros, pressionado por itens one-off no Estados Unidos e menores ganhos com a rotação de ativos, anunciou a empresa esta quarta-feira.

O resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA, na sigla em inglês), registou uma ligeira queda de 1% face aos primeiros seis meses do ano passado para 948 milhões de euros, informou a energética num comunicado divulgado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“O resultado líquido reportado do primeiro semestre de 2025 inclui o impacto negativo de 44 milhões de euros de itens não recorrentes, principalmente provenientes dos EUA, nomeadamente ao nível de depreciações e amortizações, a depreciação acelerada do projeto eólico onshore Meadow Lake IV em repotenciação, e custos não recorrentes na plataforma da Ocean Wind nos EUA, contabilizados na linha de resultados de empresas associadas”, explicou.

Sublinhou ainda que o resultado líquido recorrente foi de 137 milhões face aos 210 milhões dos primeiros seis meses de 2024. “Excluindo contributo de ganhos com rotação de ativos (5 milhões vs. 158 milhões), o resultado líquido recorrente subjacente aumentou 80 milhões em termos homólogos (triplicando face ao ano anterior), refletindo uma melhoria significativa da rentabilidade da carteira de ativos em operação da EDPR, com um aumento dos níveis de produção de eletricidade, o aumento de eficiência operacional e a redução de alguns impactos negativos que impactaram os níveis de rentabilidade subjacente no primeiro semestre de 2024”.

Os analistas do banco de investimento americano Goldman Sachs sublinharam que o resultado líquido recorrente está quase 15% acima do consenso de estimativas compilado pela empresa,
“o que parece implicar um risco de alta para as estimativas para o ano completo“.

“Após dois anos consecutivos de revisões em baixa dos lucros e a normalização dos fatores negativos não recorrentes (fatores de capacidade nos EUA e no Brasil, perdas comerciais na
Colômbia, impostos ad hoc na Europa Oriental e atrasos na execução), a EDPR parece
finalmente capaz de mostrar o seu verdadeiro poder de ganhos subjacente“, sublinharam, adiantando que isto pode levar a revisões significativas do consenso.

O Goldman Sachs manteve a recomendação de comprar a ação, notando que “o momentum dos lucros infletiu“.

Os analistas do Morgan Stanley também salientaram o ‘beat‘ do lucro líquido recorrente, acrescentando que esperam “uma reação neutra a ligeiramente positiva do mercado às ações da aos resultados”.

Esta quarta-feira, às 12h38, os títulos da EDP Renováveis subiam 1,28% para 10,32 euros cada, numa sessão em que o índice PSI ganha 0,08%. Desde o início do ano as ações da energética ‘limpa’ liderada por Miguel Stilwell D’Andrade avançam 2,59%.

Mantém objetivos financeiros, com boa visibilidade

As receitas aumentaram 18% em termos homólogos para 1.424 milhões de euros, impulsionadas pelo aumento de 2% nas vendas de eletricidade para 1.162 milhões e por um aumento de 77 milhões nos proveitos de parcerias institucionais, com base num aumento de 18% na geração e 1,4 gigawatts de nova capacidade instalada nos EUA.

“Os outros proveitos operacionais totalizaram 71 milhões de euros (face a 248 milhões no período homólogo, impactados pela redução dos ganhos de rotação de ativos de 171 milhões (na América do Norte e Itália) para 12 milhões no primeiro semestre deste ano (em Espanha)”, informou a EDPR, acrescentando que os custos operacionais aumentaram 8% em termos homólogos para 552 milhões. “No entanto, em termos relativos, o “Core Opex” ajustado/MW médio (que inclui fornecimentos e serviços e custos com pessoal) diminuiu – 13% em termos homólogos, refletindo uma melhoria significativa de eficiência operacional”.

Os resultados financeiros aumentaram 21 milhões de euros em termos homólogos para 244 milhões. A dívida líquida totalizou 9 mil milhões de euros, um aumento de 700 milhões face a dezembro de 2024, refletindo o fluxo de caixa orgânico no período, os investimentos realizados, 200 milhões de receitas provenientes de negócios de rotação de ativos e acordos de tax equity e um impacto cambial positivo, adiantou a energética.

A EDPR que é controlada pela EDP com uma posição acionista de 71,3%, reiterou os objetivos financeiros anteriormente definidos para 2025: EBITDA recorrente de cerca 1.900 milhões de euros (dos quais cerca de 100 milhões de ganhos com rotação de ativos); e dívida líquida de perto de 8 mil milhões, que beneficiará da concretização do encaixe financeiro previsto para o segundo semestre de 2025 com acordos de rotação de ativos num montante de cerca de 2 mil milhões e de tax equity de perto de mil milhões, “sobre os quais a EDPR tem neste momento bons níveis de visibilidade”.

Os analistas do Morgan Stanley vincaram que esperam que a reafirmação das metas “seja recebido de forma tranquilizadora pelo mercado, dado que o consenso atual está na parte inferior da faixa implícita pela meta de EBITDA, entre 1,87 mil milhões e 1,88 mil milhões de euros, e considerando os recentes ventos contrários (condições de vento fraco na Europa e câmbio desfavorável)”.

(Notícia atualizada às 12h45 com comentários de analistas e cotação das ações)

 

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