Lucros estabilizam, margem cai e crédito dispara. Assim foi o semestre da banca

Maiores bancos lucraram 2,6 mil milhões de euros na primeira metade do ano, em linha com o ano passado. A margem financeira caiu pressionada pela baixa dos juros.

Os lucros dos bancos estabilizaram no primeiro semestre do ano, isto apesar da descida dos juros ter pressionado a margem financeira. Que só não caiu mais porque o crédito (e sobretudo o crédito à habitação) disparou à boleia da garantia pública para os jovens.

Em termos agregados, os cinco maiores bancos em Portugal – Caixa, BCP, Santander, BPI e Novobanco – lucraram 2,6 mil milhões de euros nos seis primeiros meses, praticamente em linha com o resultado obtido há um ano. Mas cada banco teve a sua própria evolução.

Por exemplo, o BPI e Santander viram os lucros caírem. A Caixa contou com a reversão de provisões e imparidades para manter os lucros perto dos 900 milhões. Já o lucro do Novobanco disparou 17% porque há um ano o seu resultado era afetado por um encargo de 30 milhões com o processo de mudança de sede.

O BCP, que lucrou mais de 500 milhões, continua com o seu banco na Polónia condicionado pelo tema dos créditos em francos suíços, mas foi graças à sua operação polaca que manteve a crescer na margem financeira, quando a dos rivais já está a contrair depois dos últimos anos de bonança com o aperto da política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

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Mas desde o verão passado que o banco central liderado por Christine Lagarde começou a baixar as taxas de juro e os bancos estão agora a sentir o duro impacto: as receitas com juros cederam 5% para 4,4 mil milhões de euros. Foram menos 350 milhões em juros.

Já as comissões tiveram uma subida com pouca expressão e longe de compensar a descida dos juros: aumentaram 2,1% para 1,28 mil milhões de euros.

Garantia jovem puxa pelo crédito à habitação

Nem tudo foram más notícias. Os volumes de negócios estão a crescer a um ritmo como há muito não se via (o que ajudou a travar a repressão na margem) e há várias razões para isso. Desde logo a descida das taxas de juro que está a aumentar a procura de crédito. Mas também a medida da garantia pública para os jovens comprarem casa e cuja procura está a superar as expectativas. E o plafond de 1,2 mil milhões do Estado já começa a parecer pouco.

Se o Estado mostrar essa disponibilidade, sim, vamos pedir”, admitiu o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa aos jornalistas, quando o banco se prepara para esgotar a linha de 150 milhões que o Estado lhe atribuiu.

Foi neste cenário que o crédito à habitação acelerou na primeira metade do ano, com a carteira doméstica dos bancos a engordar quase 8% em termos anuais para os 97,5 mil milhões de euros. “Se não financiássemos tanto os resultados não seriam tão elevados”, admitiu o presidente da Caixa, Paulo Macedo.

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Com isso, o crédito total (incluindo consumo e empresas) superou a barreira dos 200 mil milhões de euros, crescendo 6% face há um ano

Também nos depósitos tiveram boas notícias. Embora a remuneração dos depósitos esteja em queda há ano e meio sem parar, as famílias continuam a deixar as suas poupanças no banco. Os depósitos aumentaram 5% para os 233 mil milhões de euros, reforçando a liquidez do setor para financiar a economia.

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