Exclusivo Projeto do Amália não prevê aplicação “tipo chatbot”

A disponibilização pública do modelo de IA português Amália não contempla uma aplicação "concorrente dos chatbots generalistas disponíveis comercialmente", diz o coordenador do projeto.

O consórcio de universidades que está a trabalhar no modelo de inteligência artificial (IA) Amália não tem previsto no roadmap o desenvolvimento de um interface semelhante ao do ChatGPT, que permita a qualquer cidadão interagir com o modelo. A informação foi confirmada ao ECO pelo coordenador do projeto, o investigador João Magalhães.

“Embora seja possível do ponto de vista de engenharia criar uma aplicação generalista tipo chatbot, não é objetivo do projeto Amália desenvolver uma aplicação concorrente dos chatbots generalistas disponíveis comercialmente”, afirmou o responsável, em respostas escritas enviadas ao ECO. O coordenador revelou também que o modelo será lançado ao público no final de setembro, na “versão base”, e que “a partir desse momento qualquer entidade poderá utilizar o modelo, desde que tenha acesso a uma infraestrutura adequada”.

A disponibilização do Amália sem um interface desse tipo significa que o modelo só começará por estar acessível a entidades ou cidadãos que tenham os conhecimentos e recursos necessários para correr localmente um modelo de IA desta natureza. No entanto, por se tratar de um modelo disponibilizado em regime de código aberto (open source), qualquer programador poderá, a título individual, desenvolver e disponibilizar uma aplicação desse tipo.

O projeto Amália não prevê o desenvolvimento oficial de um interface “tipo chatbot”

O Governo pretende que o Amália seja um grande modelo de linguagem natural (Large Language Model, ou LLM, na sigla em inglês) focado no português europeu e na cultura portuguesa, “que utiliza IA para processar, compreender e gerar texto em língua natural a partir de grandes quantidade de dados em diversos formatos”, como texto, imagem, vídeo e áudio. O projeto é financiado em 5,5 milhões de euros pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A iniciativa foi anunciada originalmente pelo primeiro-ministro em novembro de 2024, na abertura da Web Summit. Nessa ocasião, Luís Montenegro deu alguns exemplos de aplicações que poderão recorrer ao Amália, nomeadamente para dar “a cada aluno um tutor educativo de IA adaptado aos nossos currículos, para o ajudar a compreender o mundo”; disponibilizar “a cada cidadão o acesso aos serviços da Administração Pública de forma mais simples, mais direta e personalizada, para responder às suas necessidades”; ou “dar a cada empresa a oportunidade de projetar os seus serviços numa era de IA também em português”.

Segundo João Magalhães, “Portugal tem investido em redes de investigação de excelência que estão a dar fruto e que devem continuar a ser alargadas”. Por isso, “existe uma séria possibilidade de Portugal se tornar um importante hub internacional na área, tirando partido das várias vantagens estratégicas do país”, defende o especialista.

Quanto às primeiras aplicações do Amália, está previsto que “sirva de suporte a várias aplicações da Administração Pública”. “No gov.pt será um dos primeiros casos de uso”, revela. “Na área da ciência, está igualmente previsto que o modelo Amália seja disponibilizado na plataforma IAedu da FCT, possibilitando a sua utilização em aplicações open source nacionais, na análise de dados científicos e em iniciativas pedagógicas inovadoras baseadas em IA”, exemplifica.

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