Novo concurso para manutenção do elevador da Glória foi cancelado em agosto devido ao preço
O último concurso para a manutenção do Elevador da Glória foi cancelado há poucos dias, porque as propostas que chegaram à Carris ficaram acima do orçamento estipulado.
O último concurso para a manutenção do Elevador da Glória, que esta quarta-feira teve um acidente que provocou 15 mortos, foi cancelado pela Carris há poucos dias, uma vez que todas as propostas recebidas no âmbito do concurso ficaram acima do valor orçamentado.
De acordo com o procedimento publicado no portal Vortal, o concurso para a manutenção de quatro infraestruturas – Ascensores da Bica, Lavra e Glória e Elevador de Santa Justa da Carris – foi aberto a 28 de abril deste ano e encerrado perto de quatro meses depois, sem sucesso.
“Esta oportunidade foi cancelada em 08/14/2025 5:05 PM e a data oficial do cancelamento é 09/01/2025 5:16 PM devido ao seguinte motivo: Tendo em consideração que as propostas apresentadas pelos concorrentes são superiores ao preço base, foi aprovada a decisão de não adjudicar o Processo nº 046/2025, bem como revogada a decisão de contratar, nos termos do disposto na alínea b) do nº 1 do artigo 79º do CCP”, pode ler-se na comunicação consultada pelo ECO.
O site informativo Página Um tinha noticiado que o Elevador da Glória estava sem manutenção, com base na informação que avançou de que o contrato de manutenção daquela infraestrutura tinha terminado no final de agosto

O prazo de manutenção previsto no concurso era de 36 meses, ou seja, três anos, e tinha um preço-base, sem IVA, de 1,19 milhões de euros. No concurso deste ano, os concorrentes propuseram valores acima do orçamento para realizar o trabalho, o que levou ao cancelamento formal já em setembro. O presidente da Carris, Pedro Bogas, admitiu aos jornalistas que tem sido uma empresa externa a assegurar a manutenção do equipamento nos últimos anos, e que estas verificações têm sido feitas. Identificou a empresa como sendo a Main, que o jornal Público também já tinha avançado como responsável por essa atividade.
O último contrato sobre o tema que aí consta, assinado em 2022 e renovável até um máximo de três anos, foi celebrado com a MNTC – Serviços técnicos de engenharia, Lda, empresa com sede no Monte da Caparica, por um valor de 995,5 mil euros. Só para o Elevador da Glória foi estipulada uma avença mensal de 5.913,30 euros. Main Maintenance Engineering é, segundo o jornal Expresso, o nome comercial da MNTC.
Um ponto digno de nota nesse contrato de 2022 tem a ver com a pessoa que, da parte da Carris, fica encarregue de acompanhar o processo, e que não está identificada. “No cumprimento do disposto na alínea i) do artigo 96º do CCP, indica-se como gestor do presente contrato o Engenheiro xxxxx xxxxx da Direção de Manutenção Modo Elétrico da Carris”, pode ler-se no documento.
Esta empresa voltou a estar interessada neste contrato, uma vez que foi uma das duas que pediu esclarecimentos adicionais no concurso deste ano.
Já na noite desta quarta-feira, a SIC Notícias avançou, citando a Carris, que há um novo contrato em vigor desde 1 de setembro, esta segunda-feira, e que não houve qualquer interrupção nos serviços de manutenção. A SIC avança ainda que este contrato foi feito por ajuste direto, na sequência do cancelamento do concurso já referido.
Já ao final da tarde desta quarta-feira, a Carris emitiu um comunicado no qual garante que “têm sido escrupulosamente cumpridos programas de manutenção mensal, semanal e inspecção diária” do equipamento em causa. A empresa diz ainda que foi realizada a manutenção geral que ocorre a cada quatro anos, enquanto a manutenção intercalar é realizada a cada dois anos – e que foi feita no ano passado.
O descarrilamento do Elevador da Glória fez 15 mortos e 18 feridos, entre os quais cinco graves, confirmou o INEM, esta quarta-feira, depois de todas as vítimas terem sido retiradas. O acidente aconteceu por volta das 18h00, a meio do percurso de 265 metros que liga os Restauradores ao Jardim São Pedro de Alcântara, em Lisboa.
O elevador ficou completamente destruído, após embater nos edifícios do trajeto. O acidente terá acontecido depois de um dos cabos do ascensor, que pode transportar 43 pessoas, se ter rompido. A Carris, gestora do elevador da Glória, assegurou à agência Lusa que “ativou todos os meios” e a “prioridade é acompanhar a situação e todos os envolvidos”.
(Notícia atualizada quinta-feira às 13:19, com mais informação, nomeadamente a referência à informação publicada pelo Página Um e a falta de identificação do responsável da Carris pelo acompanhamento do contrato de 2022)
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