Carris celebrou ajuste direto para cinco meses de manutenção do Elevador da Glória após concurso ter ficado deserto
Presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, diz que o novo concurso público para manutenção dos elevadores de Lisboa será lançado ainda este mês. Empresa analisa duas propostas para auditoria externa.
O presidente do conselho de administração da Carris revelou esta quinta-feira que a empresa celebrou um ajuste direto para a manutenção do Elevador da Glória, e restantes ascensores de Lisboa, após o concurso público ter ficado deserto. A informação foi avançada um dia após o acidente, em Lisboa, tendo Pedro de Brito Bogas informado que um novo procedimento será lançado ainda este mês.
“Em 2022 houve um novo concurso público e essa empresa voltou a apresentar a proposta vencedora. Já em 2025 lançámos um novo concurso em que atualizámos o preço-base de acordo com as regras de atualização que temos – o preço base subiu de 995 mil euros para 1,2 milhões de euros – mesmo assim não foram apresentadas propostas abaixo do preço-base. Por isso as propostas apresentadas foram excluídas”, afirmou Pedro de Brito Bogas, em conferência de imprensa a partir das instalações da empresa, em Miraflores.
O presidente da empresa municipal esclareceu que, precisamente porque os ascensores não poderiam ficar sem manutenção, foi celebrado, de imediato, “um ajuste direto com a empresa que está a assegurar essa manutenção, pelo prazo de cinco meses“. De acordo com Pedro Brito Bogas, esse é o tempo necessário “para lançar um novo concurso público”.
O presidente da Carris explicou que o novo concurso público para atribuir os serviços de manutenção arranca ainda neste mês de setembro. Como noticiou o ECO, o último concurso para a manutenção do Elevador da Glória, que esta quarta-feira teve um acidente que provocou 15 mortos, foi cancelado pela Carris há poucos dias, uma vez que todas as propostas recebidas no âmbito do concurso ficaram acima do valor orçamentado.
De acordo com o procedimento publicado no portal Vortal, o concurso para a manutenção de quatro infraestruturas – Ascensores da Bica, Lavra e Glória e Elevador de Santa Justa da Carris – foi aberto a 28 de abril deste ano e encerrado perto de quatro meses depois, sem sucesso. O presidente da Carris explicou que, “como é um ajuste direto feito no âmbito dos setores especiais não é publicado” no portal Vortal.
Custos de manutenção mais que duplicaram numa década
Pedro de Brito Bogas revelou ainda que os custos de manutenção mais do que duplicaram em dez anos, entre 2015 e 2025. Entre 2022 e este ano, subiram 25%. “Tem havido um aumento progressivo dos custos com a manutenção e haverá outra vez com o novo contrato”, disse.
No relatório e contas de 2024, a Carris assinala que continuou, ao longo do ano passado, o plano de reparações gerais dos carros elétricos (quatro foram remodelados) e de reparação intermédia do ascensor da Glória. No total, os custos totais de manutenção da frota dos elétricos, dos três ascensores e do Elevador de Santa Justa aumentaram 3,78% para 3,5 milhões de euros.
O presidente do conselho de administração da Carris adiantou ainda que os outros ascensores, além de estarem suspensos, nos próximos dias, terão uma inspeção “rigorosa” aos equipamentos, e que a empresa está a analisar duas propostas de empresas portuguesas de engenharia para auditoria externa, mas não adiantou o nome das entidades.

Após o acidente, a empresa municipal, dedicada à prestação do serviço de transporte público urbano de superfície de passageiros, lamentou “profundamente” a perda de vidas humanas e manifestou a sua solidariedade e pesar às famílias e amigos das vítimas, bem como a todos os feridos e respetivos familiares. Cerca de uma hora após o descarrilamento do funicular, a Carris informou que abriu “de imediato” um inquérito, em conjunto com as autoridades, para apurar as causas do acidente.
No entanto, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa pediu também uma investigação externa independente. Em cima da mesa estão duas propostas de empresas portuguesas, da área de engenharia, para realizar a auditoria externa. Os nomes das entidades em análise não foram revelados.
A empresa pública garantiu, em comunicado, que cumpriu todos os protocolos de manutenção, inclusive a geral, que ocorre a cada quatro anos (e se realizou em 2022), e a reparação intercalar, que é feita de dois em dois anos, sendo que esta última aconteceu em 2024, além dos programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária.
Posso garantir que a segurança é uma prioridade absoluta da Carris há 152 anos e que seremos intransigentes no apuramento das causas e responsabilidades deste acidente
O descarrilamento do ascensor, no centro da capital portuguesa, causou 16 vítimas mortais e cerca de duas dezenas de feridos, de acordo com a informação mais recente transmitida pelo pelo Governo e pela Proteção Civil.
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