Carris reduziu vistorias no Elevador da Glória de 24 horas diárias para inspeções de 30 minutos

  • ECO
  • 10:07

Acidente pode ter-se devido a alguma falha na fixação do cabo e não a que este se tenha partido, como inicialmente avançado.

Até 2007, o trabalho de manutenção dos ascensores da Glória, do Lavra, da Bica e de Santa Justa era feito exclusivamente por uma equipa de 24 homens da Carris. Durante 24 horas por dia, dois operários, em turnos de oito horas, em cada um dos ascensores, tratavam da manutenção e do bom funcionamento destes, a par, claro, com os guarda-freios. Porém, a externalização da atividade de manutenção, atribuída por concurso público tendo como único critério o preço mais baixo, veio reduzir de 24 para seis o número de pessoas afetas a esse trabalho e, em vez de dois operários em permanência, passou-se para vistorias diárias que, no caso da do dia do acidente no Elevador da Glória, durou 33 minutos, revela o Público.

Se, antes, uma das tarefas diárias das duas pessoas em cada um dos turnos consistia na verificação dos cabos, em que um dos operários calçava umas luvas e deixava deslizar o cabo entre as mãos, contando quando um fio solto picava a luva — se houvesse três ocorrências dessas num metro de cabo, a ordem era para parar o elevador –, a inspeção diária que se faz atualmente consiste num técnico de manutenção descer ao fosso e observar o cabo durante uma viagem completa, permitindo a observação da totalidade do cabo, e, caso haja fios do cabo de aço quebrados, “o sistema do ascensor tem de parar de imediato” por razões de segurança.

No dia do acidente, a vistoria visual ao cabo do ascensor da Glória, decorreu entre as 9h13 e as 9h46, tendo sido assegurado que estava em perfeitas condições. Até porque o cabo, que tem de ser substituído a cada 600 dias, tinha apenas 263 dias de uso, estando prevista a sua substituição para o próximo mês de maio. A ‘luz verde’ dada a este item do manual de procedimentos — que inclui nove itens de verificação diária —, caso não se perceba alguma falha na vistoria, deixa em aberto a possibilidade de que o cabo não se tenha partido, mas sim que se tenha desprendido de um dos veículos, devido, eventualmente, a alguma falha na fixação.

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