Moedas não se demite. “Não há nenhum erro que possa ser imputado a uma decisão do presidente da Câmara”
"Nesta tragédia, não há nenhum erro que possa ser imputado a uma decisão do presidente da Câmara", afirma Moedas. E reafirma confiança no presidente da Carris mas deixa a porta aberta a uma saída.
“Se alguém provar que alguma ação que eu tenha tido fez com que a empresa não gastasse o que devia na manutenção, ou qualquer coisa deste tipo, eu demito-me na hora, obviamente que me demito“, afirmou Carlos Moedas na primeira entrevista depois da tragédia do Elevador da Glória, que vitimou 16 pessoas. À SIC, o presidente da Câmara de Lisboa atacou o que considera ser a dissimulação de Alexandra Leitão, candidata do PS a Lisboa, e rejeita estar refém do que disse em 2021 quando exigiu a demissão de Fernando Medina no chamado ‘RussiaGate’.
“Se alguém provar que Carlos Moedas não deu as condições a essa empresa… que o orçamento da empresa diminuiu — o que não diminuiu; aumentou no meu mandato 30%. Se alguém provar que essa empresa não investiu em novo equipamento — essa empresa investiu mais 60% no meu mandato do que no mandato anterior. E se alguém provar que, na manutenção, essa empresa diminuiu o nível de manutenção — quando é totalmente mentira, porque essa empresa aumentou em 30% a manutenção — então aí há responsabilidade política. Eu estou muito à vontade. Nós não precisamos de ir a eleições para ver a responsabilidade política“. É esta a linha de defesa política de Moedas, a um mês das autárquicas e quando é candidato de uma coligação liderada pelo PSD.
Depois de divulgado um pré-relatório sobre a tragédia no Elevador da Glória, Carlos Moedas insiste na rejeição de comparações com Fernando Medina. “Esta tragédia não é comparável com nada. Mas, nesta tragédia, não há nenhum erro que possa ser imputado a uma decisão do presidente da Câmara. Que alguém me diga qual foi o erro do presidente da Câmara… O presidente da Câmara representa o acionista desta empresa. Um acionista desta empresa não gere a empresa. Um acionista desta empresa tem uma estratégia para a mobilidade da cidade e fornece a esta empresa o quê? Recursos. O que é que forneceu? Permitiu a esta empresa aumentar o seu orçamento em 30% neste mandato. Tudo isso são os dados da responsabilidade política. Essa é a responsabilidade política. Não é o presidente que está a gerir a empresa“.
O ataque a Alexandra Leitão foi duro. Depois de invocar, pela segunda vez na entrevista, a memória do guarda-freio André Marques que morreu no descarrilamento, Moedas ataca diretamente a candidata socialista. “Ver que certos partidos políticos, de uma maneira direta, e outros dissimulados — como é o caso do Partido Socialista de Lisboa…”. Dissimulado, porquê?, questionou a jornalista Clara de Sousa. “Porque, no fundo, tem uma candidata que não vem pedir a minha demissão, mas encarrega todos os seus sicários e todos os seus apoiantes para irem por trás, como Pedro Nuno Santos, como o Brilhante Dias”.
A câmara de Lisboa é acionista da Carris, e pelo menos para já mantém a confiança no presidente da companhia de transportes. “O presidente da Carris é um homem com imensa experiência nesta área. Toda a administração da Carris tem uma experiência enorme na área dos transportes. Portanto, eu não tenho porque não confiar”. Ainda assim, admite a saída. “Agora, vai ser apurado e aí depois podemos tomar decisões — e ele próprio também as tomará”.
Carlos Moedas vê um ponto positivo no primeiro relatório sobre a tragédia, que tem a designação de uma “nota informativa”. “Aquilo que nós temos aqui, que é uma boa notícia, é que diz o relatório que houve manutenção, que a manutenção estava em dia. Agora, não se conseguia ver dentro daquela caixa. E a questão é que aquela caixa não pode ser desmontada todos os dias (…) E, portanto, nós temos de investigar exatamente o que é que aconteceu: se é um defeito que vem das peças, se é um defeito que vem de algum problema, mas, olhe, da manutenção, aquilo que está dito pelo relatório é que nada indica que houve pouca manutenção”.
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