Dólar renova mínimos de mais de dois meses contra o euro
Expectativas de início de cortes da Fed e pressão política de Trump empurram o dólar para o nível mais baixo em dois meses face ao euro e a um cabaz composto por seis das mais relevantes moedas.
O dólar registou esta manhã o seu valor mais baixo em cerca de dois meses face ao euro, com cada euro a negociar nos 1,1817 dólares, numa antecipação da decisão sobre as taxas de juro da Reserva Federal norte-americana (Fed) que será anunciada na quinta-feira.
Esta desvalorização do dólar reflete as crescentes expectativas do mercado de que Jerome Powell e a Fed iniciarão o ciclo de cortes das taxas de juro, após as terem mantido entre 4,25% e 4,50% durante cinco reuniões consecutivas.
Atualmente, os traders de taxas de juro apontam para uma probabilidade de 96% de o Comité de Política Monetária da Fed vir a decidir um corte de 25 pontos base na reunião que termina esta quarta-feira, depois de dados recentes do mercado laboral americano terem revelado sinais de abrandamento que não passaram despercebidos aos analistas do banco central.
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O próprio presidente da Fed, Jerome Powell, abriu a porta a esta possibilidade no seu discurso em Jackson Hole, em agosto, quando admitiu que os EUA “se aproximam do momento” em que será necessário baixar as taxas para apoiar o emprego.
A pressão sobre o dólar intensificou-se ainda mais depois de Donald Trump ter voltado a exigir publicamente que Powell promova um corte “maior” nas taxas, apontando dificuldades no mercado imobiliário. Estas declarações, feitas através das redes sociais, contribuíram para acelerar a queda da moeda norte-americana, que já estava sob pressão devido ao diferencial de política monetária que se tem vindo a formar entre a Fed e o Banco Central Europeu.
Enquanto a Fed se prepara para iniciar um ciclo de flexibilização monetária, o BCE sinalizou na última reunião do Conselho do BCE que o processo de corte de taxas está a chegar ao fim, após as ter reduzido em quatro ocasiões no primeiro semestre do ano. A presidente Christine Lagarde foi clara ao afirmar que o processo desinflacionário “acabou” e que os riscos de crescimento estão agora mais equilibrados, sugerindo que o banco central da Zona Euro não tenciona prosseguir com mais reduções no curto prazo.
Esta divergência de políticas monetárias está a beneficiar claramente o euro, que acumula uma valorização de 14% desde o arranque do ano contra o dólar, registando o melhor desempenho em nove meses desde sempre. Os analistas do Morgan Stanley consideram que o posicionamento tático face ao dólar está neutro antes da decisão da Fed, o que pode significar que ainda há espaço para o euro prolongar a sua recuperação caso os decisores políticos validem as apostas do mercado em três cortes este ano.
O índice do dólar, que mede a moeda americana contra um cabaz de seis principais rivais, está esta quarta-feira a cair 0,35% para 96,97 pontos, tocando o nível mais baixo desde 7 de julho. Além do euro, também a libra esterlina está a beneficiar da fraqueza generalizada da moeda verde, valorizando atualmente 0,2% para 1,3627 dólares, o valor mais elevado desde 8 de julho, apesar de dados britânicos terem mostrado um ligeiro arrefecimento adicional do mercado laboral.
A decisão da Fed, que será anunciada na quarta-feira, será acompanhada das projeções económicas atualizadas da autoridade monetária e seguida pela tradicional conferência de imprensa de Jerome Powell, onde os investidores procurarão pistas sobre o ritmo dos futuros cortes. O tom hawkish ou dovish do presidente da Fed poderá determinar se o dólar consegue recuperar algum terreno perdido ou se continuará a sua trajetória descendente face às principais moedas desenvolvidas.
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