Contas de serviços mínimos bancários crescem 10% num ano

Os serviços mínimos bancários já somam mais 258 mil contas, mas continuam fortemente concentradas em poucas instituições e mais de mil destas contas foram fechadas no primeiro semestre por inatividade

O número de contas de serviços mínimos bancários (SMB) em Portugal atingiu as 258.029 contas no final do primeiro semestre de 2025, registando um crescimento de 5% face ao final de 2024 e de 10% relativamente ao período homólogo, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

Os números do regulador revelam que cada vez mais portugueses estão a optar por esta solução bancária de baixo custo, que apresenta um custo máximo de 5,22 euros por ano (1% do Indexante de Apoios Sociais), numa altura em que a pressão sobre o orçamento familiar se mantém elevada.

Durante os primeiros seis meses do ano, foram constituídas 16.121 contas de SMB, mais 428 do que no mesmo período de 2024. Mas o dado mais relevante está na origem destas novas contas: “das 16.121 contas de SMB constituídas, 11.294 (70,1%) resultaram da conversão de uma conta de depósitos à ordem já existente na instituição e 4827 (29,9%) da abertura de novas contas no sistema bancário”.

O facto de as instituições encerrarem mais de mil contas por falta de movimentação (sem indicação do cliente) sugere que uma parte dos titulares pode não estar a tirar partido dos serviços incluídos no pacote SMB.

Esta tendência marca uma alteração significativa no comportamento dos consumidores. Como sublinha o relatório do Banco de Portugal, “a proporção de contas de SMB constituídas pela conversão de conta foi de 59,2% em 2023, de 64,3% em 2024 e de 70,1% no primeiro semestre de 2025”. Os dados sugerem que os clientes estão cada vez mais conscientes das vantagens económicas desta opção, optando por converter contas já existentes em vez de abrir novas contas no sistema.

O Banco de Portugal revela também que, no final do primeiro semestre, “75,4% das 258.029 contas de SMB existentes tinham apenas um titular”, sendo que “as contas de SMB com mais do que um titular representavam quase um quarto do total de contas SMB (24,6%) mais 0,2 pontos percentuais do que no final de 2024”.

O relatório aponta ainda que a maioria dos titulares mantém um relacionamento bancário limitado com a instituição. “No final do primeiro semestre de 2025, 24,3% das contas de SMB eram tituladas por clientes que tinham depósitos a prazo (24% em 2024) e 15,5% por clientes que tinham produtos de crédito junto da mesma instituição (15,2% em 2024)”. Estes números indicam que cerca de três quartos dos clientes SMB não possuem produtos adicionais além da conta básica.

Grande concentração das contas de serviços mínimos

Os dados demográficos das novas constituições mostram tendências mostram também que, nos primeiros seis meses do ano, mais de metade (51,2%) das contas de SMB foram constituídas por mulheres (face a 51,5% no segundo semestre de 2024), mantendo-se assim uma ligeira predominância feminina na constituição de contas de SMB.

Mais significativo é o envelhecimento da base de clientes: “as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos constituíram 42,8% das contas de SMB (37,8% no segundo semestre de 2024)”. Este crescimento de cinco pontos percentuais numa única metade de ano sugere que os portugueses mais velhos estão a descobrir as vantagens desta solução bancária de baixo custo.

Por outro lado, “a proporção de titulares com menos de 25 anos continuou a ser reduzida, com 2,7% do total de contas constituídas (4,1% no 2.º semestre de 2024)”, indicando que os jovens adultos procuram outras soluções bancárias.

No final do primeiro semestre de 2025, duas instituições tinham 54,9% das contas de SMB e 82,3% estavam domiciliadas em cinco instituições.

Banco de Portugal

No capítulo dos encerramentos, foram encerradas 4.139 contas de SMB durante o semestre, “das quais 2995 (72,4%) a pedido do cliente. As instituições encerraram 1.144 contas por sua iniciativa, principalmente pela inexistência de movimentos nos últimos 24 meses (63,9%)”, destaca ainda o Banco de Portugal.

Este padrão de encerramento por inatividade levanta questões sobre a utilização efetiva destas contas. O facto de as instituições encerrarem mais de mil contas por falta de movimentação sugere que uma parte dos titulares pode não estar a tirar partido dos serviços incluídos no pacote SMB.

Os dados do Banco de Portugal revelam ainda que a distribuição das contas pelas instituições mantém um padrão de alta concentração. “No final do primeiro semestre de 2025, duas instituições tinham 54,9% das contas de SMB e 82,3% estavam domiciliadas em cinco instituições”. Esta concentração não sofreu alterações significativas face a 2024, sugerindo que os grandes bancos continuam a dominar este segmento.

O crescimento das contas SMB reflete não apenas as pressões económicas que muitas famílias portuguesas enfrentam, mas também uma maior consciencialização sobre as alternativas disponíveis no mercado bancário. Com um custo anual máximo de 5,22 euros (1% do Indexante de Apoios Sociais de 2025), estas contas representam uma opção atrativa para quem procura serviços bancários essenciais sem os custos elevados das contas tradicionais.

A tendência de crescimento sustentado, aliada ao perfil de conversões de contas existentes, sugere que este produto continuará a ganhar relevância no panorama bancário português, especialmente entre a população mais sénior que representa já quase metade das novas adesões.

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