Banco de Inglaterra mantém juros nos 4% com crescente pressão inflacionista
Numa decisão partida, o Comité de Política Monetária do Banco de Inglaterra resistiu à descida dos juros e manteve a taxa nos 4%, face a uma inflação persistente e sinais de fragilidade económica
A maioria dos membros do Comité de Política Monetária (MPC) do Banco de Inglaterra, liderado por Andrew Bailey, optou pela cautela perante um cenário de inflação que se mantém teimosamente elevada no país, decidindo esta quinta-feira por manter inalterada a taxa de juro da libra nos 4%.
Esta decisão, tomada por sete membros do MPC, contrasta com a esperada redução de 25 pontos base defendida por apenas dois membros do comité, evidenciando as divergências internas sobre o rumo da política monetária britânica.
Em comunicado, o Banco de Inglaterra destaca que “a inflação homóloga do IPC foi de 3,8% em agosto e espera-se que aumente ligeiramente em setembro, antes de cair em direção à meta dos 2% posteriormente“, sublinhado que o banco central mantém-se “alerta para o risco de que este aumento temporário da inflação possa exercer pressão adicional ascendente sobre o processo de definição de salários e preços”.
Taxa de juro da libra

Entre os elementos que mais estão a pressionar a evolução dos preços em Inglaterra estão os serviços, que “têm estado amplamente estáveis nos últimos meses”, mas continuam a refletir “a força passada do crescimento salarial, pressões ascendentes temporárias das empresas que se ajustam aos custos laborais decorrentes do aumento das contribuições para a Segurança Social dos empregadores”.
Também a sustentar a decisão do Banco de Inglaterra está o facto de o PIB ter crescido apenas 0,3% no segundo trimestre de 2025, acima dos 0,1% inicialmente previstos, mas revelando sinais de fragilidade estrutural. “O crescimento subjacente do PIB manteve-se moderado, consistente com um alívio contínuo e gradual no mercado de trabalho, bem como uma margem de capacidade ociosa na economia”, admite o banco central em comunicado.
Para os próximos meses, “o momento e ritmo de futuras reduções na restritividade da política dependerão da medida em que as pressões desinflacionárias subjacentes continuem a aliviar”, refere o Banco de Inglaterra em comunicado.
O comunicado do Banco de Inglaterra levanta também uma leitura sobre os dados do emprego, que mostram sinais contraditórios que complicam as decisões de política monetária. Enquanto “as intenções de contratação das empresas e a procura de mão-de-obra se atenuaram ainda mais”, o desemprego mantém-se relativamente estável. O comité reconhece que “existe ainda capacidade ociosa que se está a desenvolver lentamente no mercado de trabalho, embora não existam atualmente sinais de que esteja em curso um alívio mais acentuado”.
A autoridade monetária de Inglaterra sublinha ainda que “uma abordagem gradual e cuidadosa à retirada adicional da restrição da política monetária continua a ser apropriada“. O documento enfatiza que “a política monetária não segue um caminho pré-definido, e o comité manter-se-á sensível à acumulação de evidências”.
A divisão de 7-2 no Comité de Política Monetária reflete esta incerteza, com a maioria a privilegiar a contenção das pressões inflacionistas face aos riscos de deterioração da procura interna. Para os próximos meses, “o momento e ritmo de futuras reduções na restritividade da política dependerão da medida em que as pressões desinflacionárias subjacentes continuem a aliviar”, refere o Banco de Inglaterra em comunicado.
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