Banco de Fomento diz que “estão garantidos” os 100 mil chips para a gigafábrica de IA em Sines

O concurso ainda nem foi lançado, mas o líder do Banco Português de Fomento (BPF) revelou que os 100 mil processadores gráficos necessários "estão garantidos".

Banco Português de Fomento apresenta resultados do 1.º semestre de 2025 - 17JUL25
Gonçalo Regalado, CEO do Banco de Fomento, é o principal promotor da candidatura portuguesa às gigafábricas de IAHugo Amaral/ECO

O CEO do Banco de Fomento garantiu esta quinta-feira ter “um consórcio fortíssimo” de “parceiros privados nacionais e internacionais” para tentar atrair para Sines uma das gigafábricas de inteligência artificial (IA) que a Comissão Europeia pretende vir a cofinanciar, em regime de Parceria Público-Privada (PPP). Gonçalo Regalado disse ainda estarem garantidos os 100 mil processadores gráficos necessários para este empreendimento, cujo investimento necessário rondará os quatro mil milhões de euros.

“Estamos a fechar aquilo que é a construção da candidatura. Posso dizer-vos que nós temos vontade e temos o acordo e os maiores players mundiais dentro da candidatura e estão garantidos os 100 mil GPU [placas gráficas] para que a fábrica nasça em Sines”, afirmou o CEO da instituição — durante uma intervenção na conferência Fusion, promovida pela empresa Devoteam, em Lisboa –, recusando revelar nesta fase a identidade das empresas a bordo do projeto. “A nossa ambição é que este seja o primeiro investimento de vários”, sublinhou.

Em junho, o Banco de Fomento apresentou à Comissão Europeia uma proposta de candidatura com vista à participação, durante o quarto trimestre, no concurso oficial que ainda irá ser lançado. Nesse mês, o ECO teve acesso a uma versão preliminar que previa que este grande data center vocacionado para o treino de modelos de IA viesse a ter, no total, 100 mil placas do modelo NVidia 100, ocupando uma área total de 28 mil metros quadrados e criando 274 empregos diretos.

Para financiar os quatro mil milhões de euros necessários, o plano previa 600 milhões de euros de capital privado, a que se somaria um empréstimo sindicado de mil milhões de euros contraído pelo consórcio para financiar a gigafábrica. O Estado português participaria com mais mil milhões de euros provenientes de programas europeus, como o Portugal 2030, e a Comissão Europeia teria, então, de avançar com os restantes 1,4 mil milhões, através de fundos específicos para a construção das gigafábricas.

Temos o acordo e os maiores players mundiais dentro da candidatura e estão garantidos os 100 mil GPU [placas gráficas] para que a fábrica nasça em Sines.

Gonçalo Regalado

CEO do Banco de Fomento

Espanha é que concorre contra Espanha. “Nós lutamos por nós”

“Tivemos a felicidade de ser um dos únicos 12 países da Europa que tem uma única candidatura, que tem três grandes pilares”, disse também Gonçalo Regalado.

Primeiro, “tem o apoio institucional do Governo e da sociedade civil — portanto, há um apoio importante do país nessa dimensão”, disse. “Segundo, tem um consórcio fortíssimo ao nível dos parceiros privados nacionais e internacionais: temos aqui, de facto, muitas empresas a bordo e a plataforma é aberta. A candidatura não é fechada, é aberta, e vamos querer ter vários clientes e vários parceiros e vários investidores nesta fábrica”, referiu.

“Terceiro, Portugal tem hoje condições que são absolutamente diferenciadoras para ser uma das gigafactories europeias, porque nós temos a melhor ligação submarina de cabos, nós temos energia a preços competitivos, nós temos um cluster e um ecossistema que funciona nos quatro grandes pilares: a candidatura está desenhada com o pilar central da indústria, da manufatura e da nossa capacidade de inovação; tem um segundo pilar na área da saúde, da pharma e da tecnologia de grande capacidade; tem um terceiro pilar na área da defesa; e tem um quarto pilar na área da economia dos oceanos. Depois temos dois grandes enablers que são as telecomunicações e a energia”, explicou.

O líder do Banco de Fomento disse ainda que Portugal não concorre “contra ninguém” nesta corrida: “Nós lutamos por nós.” Mas não hesitou em referir o país vizinho, visto em alguns círculos como concorrente de Portugal neste plano europeu: “Enquanto em Espanha há quatro candidaturas, que estão completamente em concorrência umas com as outras, nós tomámos a decisão de fazer uma candidatura e de trazer todos a bordo”, frisou.

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