“Portugal precisa de mais ambição”, diz CEO da Siemens
Sofia Tenreiro, CEO da Siemens Portugal, defende a partilha de aprendizagens entre micro, PME e grandes empresas para reduzir a complexidade do tecido empresarial.
A CEO da Siemens Portugal considera que o país “precisa de ter uma ambição maior e deixar de pensar pequenino” no que diz respeito às empresas. Independentemente da sua dimensão, que as organizações encontrem formas de cooperar para crescer, invistam nas pessoas e em quatro tecnologias: inteligência artificial (IA), metaverso industrial, gémeos digitais e dados.
“Temos um tecido empresarial complexo e diverso. Muitas vezes, as empresas pequenas trazem mais inovação e as grandes geram mais valores no imediato e empregabilidade. Temos de ter a coragem de nos entreajudarmos e de partilhar aprendizagens entre umas e outras para acelerar as mais pequeninas e ajudar as maiores também”, disse Sofia Tenreiro, em declarações ao ECO à margem do evento Tech Day, que se realizou na Nova SBE, em Carcavelos.
No âmbito da comemoração dos 120 anos da Siemens em Portugal, 12 associações empresariais foram contactadas para elaborar um relatório sobre os 12 setores estratégicos que impulsionam o país, no qual se concluiu esta segunda-feira que são os seguintes: automóvel, química e gases renováveis, centros de dados, defesa e aeroespacial, mobilidade, alimentação e bebidas, cuidados de saúde, minerais, farmacêutica e ciências da vida, portos, power utilities (energia) e água.
Como explicou Sofia Tenreiro, é cada vez mais necessário obter expertise nestas áreas que, “embora não sejam novas, são emergentes”, até porque será a combinação entre o talento e a digitalização que ditará o sucesso dos vários setores. “É preciso olharmos para as pessoas que estão em cada um destes mercados e perceber se têm as competências específicas para o que ele necessita para o futuro. Não só o conhecimento do mercado, mas também capacidade de inovação. E como é que as tecnologias disponíveis (metaverso, gémeo digital, IA, cibersegurança…) vão impactar esse vertical”, defendeu Sofia Tenreiro, após a divulgação da análise.
Uma das associações que participaram no relatório foi a Business Roundtable Portugal (BRP), que vai mais além nos alertas: “Temos menos de mil grandes empresas. Faltam-nos muitas grandes empresas. Temos um excesso brutal de micro, portanto temos de acelerar esta transformação”, defendeu o investidor Carlos Moreira da Silva.
O presidente da BRP referiu que se a economia nacional crescesse como o turismo cresceu em apenas uma década anos, o PIB per capita português estaria entre o quarto e o quinto lugar na Europa, mais precisamente entre o da Bélgica e da Áustria. “Sem hesitações, conseguimos ser mais rápidos”, garantiu Carlos Moreira da Silva.
Tekever alerta para morosidade dos concursos públicos
Um dos mercados que está a escalar é o da defesa, conforme corroborou o gestor de desenvolvimento de negócio do unicórnio Tekever, Rui Lobo: “A indústria da defesa está numa revolução absoluta. Normalmente é malvista, mas visa garantir a segurança das pessoas e sem a qual tudo o resto é irrelevante. O nosso maior desafio é que os nossos aliados na Ucrânia se mantenham na linha da frente”.
No entanto, ainda persistem algumas ‘hesitações’ externas. O porta-voz da Tekever advertiu para os tempos dos concursos públicos, nomeadamente como se concilia a velocidade da inovação em tempo de guerra com “processos públicos mais morosos”. “E ainda há o risco de alguém avançar para tribunal porque se sentiu maltratado e, entretanto, passaram dois ou três anos. Nós trazemos inovação quinzenal”, realçou Rui Lobo.
Por outro lado, as empresas do Estado também se veem confrontadas com a necessidade de renovar as infraestruturas. Por exemplo, a EPAL – Empresa Portuguesa de Águas Livres tem um contrato com a Siemens com o objetivo de reduzir entre 2% a 5% do consumo de energia. O projeto, que abrange um terço do território nacional, foi iniciado há dois anos e envolve implementar tecnologia em ativos modernos e outros construídos nos anos 80.
A primeira fase está a ser concluída e seguir-se-á uma segunda etapa do processo, como revelou Pedro Fontes, diretor de Inovação e Desenvolvimento e membro do conselho de administração da empresa responsável pelo abastecimento de água de Lisboa em arredores.
Em palco os representantes da Siemens apresentaram ainda outras tecnologias, como o agente autónomo bionic agent, que consiste numa solução baseada na nuvem que processa, interpreta e apoia na resolução de pedidos dos clientes, como consultas de estado da ordem de compra. O sistema completa algumas tarefas em menos de um minuto e está integrado com programas como Salesforce, SAP, Snowflake, ServiceNow ou Workday.
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