Vice-presidente do BCE alerta para “valorizações muito elevadas” nas bolsas
Luís de Guindos, vice-presidente do BCE, aponta para um cenário "excessivamente benigno" dos mercados e sublinha que falha nas expectativas otimistas pode gerar correções violentas nas cotações.
Luis de Guindos, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), alertou esta manhã para o facto de as bolsas e a dívida estarem a incorporar um cenário “excessivamente benigno”, com prémios de risco “muito estreitos”, o que eleva a probabilidade de uma correção com impacto na estabilidade financeira.
“As valorizações são muito altas. São muito elevadas”, afirmou Luis de Guindos num evento promovido pelo jornal espanhol Expansión e a KPMG, sublinhando que “os mercados não estão a valorizar de forma correta os riscos geopolíticos”, difíceis de medir, mas potencialmente geradores de movimentos “bruscos e fortes” nos preços dos ativos se as expectativas não se confirmarem.
Para o responsável do BCE, a sustentar o rali dos mercados está “um cenário muito benigno em que a política monetária nos EUA vai continuar com reduções das taxas de juro, que os conflitos comerciais se vão resolver e que as economias e as empresas nos EUA vão ter bons resultados económicos”.
Ainda que o pacto EUA–União Europeia tenha evitado uma guerra comercial, Luis de Guindos classificou-o como “agridoce”, dado que tarifas que “antes se moviam no entorno dos 3% agora estão na zona dos 13%”.
O contraponto a este ambiente é direto: se esta narrativa falhar, a correção poderá tornar-se um “risco para a estabilidade financeira”, numa conjuntura em que as ações estão em máximos apesar de um ano de forte instabilidade política e comercial.
No plano geopolítico, Luis de Guindos aponta o comércio internacional como foco de incerteza. Ainda que o pacto EUA–União Europeia tenha evitado uma guerra comercial, classificou-o como “agridoce”, dado que tarifas que “antes se moviam no entorno dos 3% agora estão na zona dos 13%”, com impacto económico e desgaste da confiança dos consumidores.
Resta saber “qual é o acordo que finalmente se alcance no caso dos EUA com a China” e, num cenário negativo, “podem produzir-se situações de desvio de importações que para nós [europeus] podem ser muito importantes”.
O vice-presidente do BCE deixou ainda um aviso sobre a vertente orçamental, em particular nos EUA, numa altura em que a maior economia do mundo apresenta uma dívida pública “de 120% do PIB” e enfrenta o risco de uma “deterioração adicional” após mudanças fiscais recentes.
Na Europa, ainda que reconheça que parte de uma posição mais estável, Luis de Guindos reconhece que enfrenta desafios estruturais na despesa, em particular na área da Defesa e na construção de consensos políticos para implementar medidas orçamentais de consolidação.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Vice-presidente do BCE alerta para “valorizações muito elevadas” nas bolsas
{{ noCommentsLabel }}