Consórcio da microeletrónica já executou 80% dos investimentos do PRR e criou 100 postos de trabalho
Indústria pediu uma prorrogação de seis meses para concluir agenda de 68 milhões. Aos 25 novos produtos, processos e serviços, o consórcio acrescentou mais um para as telecom, que já está no mercado.
A indústria da microeletrónica já executou cerca de 80% da agenda de 68 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Com mais de uma centena de postos de trabalho criados e 90% dos 26 novos produtos, processos e serviços (PPS) em fase terminal, o consórcio pediu uma prorrogação do prazo de seis meses para executar a agenda e adianta que “todo o investimento vai ser utilizado“.
Constituído por 17 entidades ligadas ao setor da microeletrónica e semicondutores, o consórcio, liderado pela Amkor Technology, “é uma das agendas com maior taxa de execução no âmbito do PRR“, adianta Carlos Alves, membro do comité estratégico e executivo da Agenda da Microeletrónica, que realiza esta terça-feira o seu III Congresso Anual, no Teatro Aveirense.
Com investimentos no desenvolvimento de tecnologias avançadas nos chips de semicondutores, industrialização de produtos baseados em circuitos óticos integrados, novas redes de acesso de alto débito e tecnologias híbridas de produção que servem a indústria automóvel, segurança, comunicações e energia, o projeto tem já 90% dos PPS em fase terminal.
“Acabámos por criar mais um que não estava previsto inicialmente”, esclarece. Em causa está um produto que “já está em mercado a ser utilizado por uma operadora portuguesa”. “O objetivo foi desenvolver uma plataforma de testes de equipamentos de eletrónica e fazer a gestão dos dados”, recorrendo à inteligência artificial, detalha Carlos Alves.

“A agenda surgiu nos momentos atribulados a seguir ao Covid, alguns problemas disruptivos na cadeia de valor das entregas de micro motores, de microeletrónica, e isso levou-nos a pensar que havia aqui uma oportunidade”, explica Carlos Alves, recordando que, na altura, o consórcio decidiu avançar com 25 PPS. “A agenda tinha 68 milhões de euros de investimento e começámos a trabalhar de forma a concretizar tudo”, refere. “Estávamos a prever [finalizar o investimento] até ao final do ano, mas agora pedimos uma prorrogação de mais seis meses e por isso todo o investimento vai ser utilizado”.
Carlos Alves adianta ainda ao ECO que “já foram criados mais de 100 postos de trabalho“, quase todos (99%) qualificados, incluindo “engenheiros, técnicos de desenvolvimento, técnicos de testes”.
Em termos de investimentos, o representante do consórcio destaca que a ATEP “tem alguns projetos de montagem avançada e teste de chips, com novas gerações de sensores de radar, com muita alta frequência”, exemplifica, acrescentando que “há diversos PPS e todos nesta área do packaging dos semicondutores, além de sensores, microcontrolador, dispositivos passivos, uma série de equipamentos”
“Há uma empresa também que desenvolveu um circuito ótico integrado para 25G e 50G”, que está a “otimizar para entrar em produção”, refere o mesmo responsável, apontando estes casos como “exemplos de alguns projetos que estão em funcionamento já e que são promissores para o futuro”.
De acordo com Carlos Alves, a ATEP é uma das empresas que já está a trabalhar com produtos no mercado, “principalmente para empresas estrangeiras”, “até porque é uma produção intensiva de quantidades muito grandes que em Portugal não é possível executar”.
No caso da HFA, o responsável explica que a empresa foi responsável essencialmente pela “produção e a linha de produção não é só para equipamentos que estavam nos PPS, é para outros equipamentos”.
A Exatronic é outra das participantes do consórcio que está numa fase avançada dos investimentos, com produtos “em fase de protótipo, que já estão a ser apresentados internacionalmente em feiras e em conferências”. Para já não há ainda encomendas, “mas já há perspetivas de encomendas para algumas operadoras, nomeadamente os Estados Unidos, Norte da Europa, e também Itália”, avança.
“A PICadvanced também tinha um equipamento que está em fase terminal, já com dois dispositivos”, adianta o mesmo responsável.
Com o projeto a entrar na reta final, Carlos Alves traça um balanço positivo e já olha para o que vai ficar depois desta agenda. “A agenda não se esgota aqui, vamos continuar a trabalhar em conjunto, em parceria, para continuarmos a aumentar o investimento internacional em Portugal“, defende.
Além dos vários novos produtos desenvolvidos, o responsável destaca ainda a criação do observatório da microeletrónica, um projeto que permite a alguém em qualquer parte do mundo “perceber qual é o tecido nacional que trabalha nestas áreas”.
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