Habitação. É mais caro comprar casa em Lisboa, mas em Odivelas o esforço financeiro é maior
O retrato dos cinco municípios mais próximos de Lisboa indica também que os trabalhadores por conta de outrem na capital apresentavam, no ano de 2023, um ganho médio mensal de 1.985,6 euros.
Lisboa é o concelho onde comprar casa é mais caro mas, no conjunto dos cinco municípios geograficamente mais próximos da capital, é em Odivelas que adquirir uma habitação exige maior esforço financeiro a quem trabalha no município.
O retrato dos municípios elaborado pela Pordata, o portal de estatísticas da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), nas vésperas das eleições autárquicas de 12 de outubro, indica que os preços medianos da venda de habitações novas em Lisboa ascenderam, no ano de 2024, a 5.035 euros por metro quadrado. Nas transações de casas usadas, esse valor desceu para 4.207 euros por metro quadrado.
Considerando estes valores, um imóvel recém-construído na capital, com uma área de 100 metros quadrados, terá sido vendido, em média, por 503.500 euros, e um usado por 420.700 euros.
O retrato dos municípios da Pordata indica também que os trabalhadores por conta de outrem em Lisboa apresentavam, no ano de 2023, um ganho médio mensal de 1.985,6 euros, um valor que depois de multiplicado por 14 retribuições mensais atinge os 27.798,4 euros anuais. Por ganho médio mensal, entende-se o salário bruto médio com horas extra ou subsídios.
Assim, quem trabalhasse em Lisboa e quisesse adquirir casa nova na mesma cidade, precisaria de poupar o equivalente a 18,1 salários anuais, um valor que diminuiria para 15,1 anos de retribuições se o imóvel comprado fosse usado. Entre os cinco municípios geograficamente mais próximos de Lisboa, Odivelas é o que apresenta maior disparidade entre os preços medianos das casas, novas e usadas, e os ganhos de quem ali trabalha.
Apesar de ser o terceiro entre os municípios considerados, depois de Lisboa e de Oeiras, a apresentar a mediana mais alta na venda de habitações, é o que apresenta o ganho médio mensal dos trabalhadores mais reduzido: 1.185,9 euros, abaixo dos 1.354,3 euros em Almada e dos 1.440,3 euros em Loures.
Os mais bem pagos são os trabalhadores do concelho de Oeiras (2.104,8 euros mensais), seguidos pelos de Lisboa (1.985,6 euros) e da Amadora (1.734,8 euros). Lisboa e Oeiras são também os concelhos que empregam mais pessoas. Lisboa tem 375.043 trabalhadores, e Oeiras tem 87.525 mil. No conjunto dos seis municípios, Odivelas é o que emprega menos pessoas, com 17.959 trabalhadores.
Assim, se uma casa nova com 100 metros quadrados em Odivelas custar 318.800 euros, e uma usada 271.300 euros, adquirir um imóvel habitacional nesse concelho exigiria, a quem ali trabalhasse, uma quantia equivalente a 19,2 anos e a 16,3 anos de salários anuais, respetivamente. Em ambos os casos, comprar casa em Odivelas exigiria um pouco mais do que um ano de salários do que Lisboa.
Tanto Lisboa como os cinco municípios mais próximos apresentam valores medianos de venda de habitações acima da média nacional (que era de 2.147 euros por metro quadrado para as construções novas, e de 1.689 euros para as existentes). Lisboa é o mais caro, seguido por Oeiras (3.995 euros e 3.349 euros, respetivamente) e Odivelas (3.188 euros e 2.713 euros, respetivamente).
A Amadora era o único dos concelhos mais próximos da capital a registar valores mais elevados nas casas usadas do que nas novas: 2.493 euros e 2.430 euros por metro quadrado, respetivamente. A crise da habitação tem sido o tema central dos candidatos às eleições autárquicas nos municípios da Grande Lisboa, assim como noutras regiões do litoral do país, a par da mobilidade e da higiene urbana.
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