Indústria de defesa quer “máximo envolvimento” nas compras militares

Portugal está a reforçar orçamento de Defesa e planeia renovações de equipamentos militares. Até 30 de novembro, terá de apresentar a Bruxelas um plano de investimento detalhado para o Safe.

Num momento em que Portugal tem planos para renovar o equipamento militar e os orçamentos de defesa estão a ser reforçados, “é muito importante que haja um triângulo virtuoso a funcionar entre o Governo, as Forças Armadas e o setor industrial”, diz José Neves, presidente do AED Cluster, defendendo “o máximo envolvimento da indústria portuguesa” de defesa nas compras de equipamento militar.

Com a Europa a colocar 150 mil milhões de euros ao dispor dos países da União no setor da Defesa, tendo Portugal garantido no âmbito do programa Safe uma tranche de mais de 5 mil milhões de euros — vai ter até 30 de novembro de apresentar a Bruxelas um plano de investimento detalhado para o Safe —, e com a Defesa a ganhar músculo no Orçamento do Estado 2026, José Neves acredita que este pode ser um momento para dinamizar o ecossistema de indústria de defesa nacional.

Mais do que um aumento do orçamento é como é que vamos usar esse orçamento. Ou seja, qual impacto que poderá ter para a indústria nacional, para o ecossistema como um todo. Isso é um desafio enorme: como se poderá comprar melhor em Portugal”, afirma o presidente do AED Cluster, ao ECO, à margem do Industry Day com o Naval Group, esta quinta-feira, no CCB, em Lisboa.

O grupo naval francês é um de vários operadores da indústria de defesa europeia mas também norte-americana que têm colocado Portugal na sua mira de negócio. E a razão é simples. “As Forças Armadas estão a olhar para a substituição dos caças, dos F-16, a Marinha poderá também estar a olhar para a substituição de alguns navios, nomeadamente a classe Vasco da Gama, o Exército para a modernização de alguns veículos blindados de rodas e a adquisição de novos veículos blindados de rodas para transporte de tropas”, elenca o presidente do AED Cluster.

um conjunto vasto de equipamentos que poderão ser modernizados nos próximos anos e que é importante usarmos neste momento os mecanismos disponíveis, nomeadamente o maior Orçamento, para pensar para os próximos 20 anos“, defende.

As decisões a serem tomadas no âmbito do programa Safe poderá ser uma forma de dinamizar o setor. “O KC-390 é um exemplo de aquisição de defesa que mobilizou [o setor] para darmos resposta. Sempre que há essa produção desses equipamentos, partes dessa aeronave são produzidas em Portugal. É o exemplo que queremos trazer para os outros parceiros que querem fornecer Portugal os equipamentos que podem estar dentro do Safe”, aponta José Neves.

“A oportunidade que temos é que, nesse processo de adquisições, haja um máximo envolvimento da indústria portuguesa”, atira. “Queremos olhar para a defesa como um mobilizador da economia, queremos olhar para a defesa como uma economia de defesa”, refere.

“A indústria portuguesa, e o nosso ecossistema científico e industrial também, não podem ficar ao lado destas aquisições”, continua. “É uma oportunidade única para colocarmos os nossos fornecedores que são tier 3, como tier 2, os que são tier 2, passarem a tier 1 e os que são tier 1 diretamente a fornecerem os OEM [Fabricantes de Equipamento Original, Original Equipment Manufacturers, na sigla em inglês) internacionais”, reforça.

Uma situação que poderia, nos próximo cinco anos, duplicar os atuais 20 mil postos de trabalho só no setor aeronáutico, aponta. Os empregos que temos hoje neste setor aeronáutico e espaço de diferença são 20 mil, para provavelmente nos duplicarmos nos próximos cinco anos.

“Não temos que ser o melhor aluno europeu, temos que ser o mais esperto, o que consegue usar os mecanismos europeus, mas que dinamiza ao máximo o nosso ecossistema”, atira.

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