Lay-off da “multimilionária” Bosch atira para Estado custo de mandar 2.500 trabalhadores para casa, diz PCP

"A multimilionária Bosh irá recorrer ao lay-off, transferindo para a Segurança Social portuguesa os custos desta sua decisão" de mandar para casa 2.500 trabalhadores, atira o PCP.

O grupo parlamentar do PCP questionou o Executivo de Luís Montenegro sobre o lay-off na fábrica de Braga da Bosch, que vai afetar 2.500 trabalhadores dos 3.300 que a multinacional emprega na cidade minhota e que deverá durar até abril do próximo ano. A bancada comunista acusa a “multimilionária Bosch”, que faturou 2,4 mil milhões em Portugal em 2024, de atirar para a “Segurança Social os custos das suas opções de gestão”.

“No ano de 2024, a Bosch Portugal auferiu lucros na ordem dos 2,4 mil milhões de euros, registando um crescimento de 18% na unidade de Braga, a maior do país. Foi o terceiro ano consecutivo em que a fasquia dos dois mil milhões de euros de lucros foi superada”, começa por destacar o Grupo Parlamentar do PCP, num documento onde questionou o Governo, por intermédio do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, sobre a situação na fábrica de Braga.

O partido recorda que, “em 2024, foram assinados dois contratos com o Estado Português via AICEP, visando a criação de dois projetos de consórcio entre a Bosch Car Multimédia Portugal, em Braga, e a Universidade do Minho” e estes “projetos de consórcio garantiriam a criação de 498 novos postos de trabalho (258 novos postos de trabalho num consórcio, e 240 noutro)”. Assim, “a Bosch Car Multimédia Portugal em Braga deverá empregar pelo menos 4.069 trabalhadores”, diz.

No entanto, a empresa, que emprega atualmente cerca de 3.300 pessoas em Braga, optou por recorrer ao regime de lay-off para mandar para casa 2.500 funcionários, com suspensão de contratos ou redução de horários. “A multimilionária Bosh irá recorrer ao lay-off, transferindo para a Segurança Social portuguesa os custos desta sua decisão“, atira o PCP, no mesmo documento.

“A Bosh, ao mesmo tempo que protege os lucros dos seus acionistas, transfere para os seus milhares de trabalhadores e para a Segurança Social os custos das suas opções de gestão. Entretanto, estima-se que terão sido já despedidos 597 trabalhadores entre 2024 e setembro do presente ano“, critica.

Perante esta situação, o partido faz oito perguntas ao Executivo. Desde logo quer saber se o Governo tem conhecimento da intenção da Bosch de avançar com um lay-off de seis meses em Braga e que medidas está a tomar para garantir que os trabalhadores abrangidos têm os seus direitos salvaguardados e que não são prejudicados nos seus rendimentos.

O PCP questiona ainda o Governo se sabe quantos trabalhadores com vínculos precários ou de empresas que prestam serviços para a unidade da Bosch de Braga serão afetados com a aplicação deste lay-off, e que medidas estão a ser consideradas para salvaguardar estes trabalhadores.

O partido comunista pede ainda ao Executivo que calcule o impacto do lay-off para outras empresas, como fornecedores, além de questionar se os contratos via AICEP assinados com a empresa já estão em vigor e se esses postos de trabalho vão ser afetados pelo lay-off.

O PCP pede ainda respostas ao Executivo sobre a utilização de fundos públicos nacionais ou comunitários na fábrica e pergunta se é “razoável que um grupo de apresenta resultados tão positivos em Portugal recorra à aplicação do lay-off com o esforço que tal implica para a Segurança Social?”

Por fim, o partido questiona que medidas o Governo está a equacionar junto da UE, para proteger o desenvolvimento do setor automóvel em Portugal.

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