BRANDS' ECO Inteligência artificial em “território bolha” preocupa especialistas
Na cerimónia com os vencedores do Trading Pro Challenge’25, o estratega do Saxo Bank, John Hardy, alertou para a valorização excessiva de empresas de IA. Mas há oportunidades na energia e indústria.
O auditório do ECO voltou a encher-se de expectativa para o anúncio dos resultados finais da competição Trading Pro Challenge’25, promovida pelo novobanco em parceria com o ECO. Ao longo de sete semanas, investidores foram desafiados a mostrar de que eram capazes e gerir uma carteira virtual de 100 mil euros. Mas antes ainda de serem conhecidos os três vencedores, houve tempo para um keynote de John Hardy, estratega do Saxo Bank.

No palco, o especialista abriu o encontro com um aviso claro: os mercados vivem um momento extraordinário e arriscado. “Temos de considerar quais são os riscos porque os mercados estão em altas históricas”, afirmou, lembrando que “não são apenas os preços em alta”, mas também a valorização excessiva na área da tecnologia e, em particular, da inteligência artificial.
John Hardy recordou que a concentração do mercado em poucas gigantes tecnológicas, como as chamadas sete magníficas, torna o sistema mais vulnerável. “Basta que alguma coisa aconteça com essas empresas de topo para que o mercado desligue, mesmo que a empresa média esteja bem”, alertou.
Se o entusiasmo em torno da inteligência artificial é inegável, Hardy deixou uma nota de cautela que vem sendo repetida por muitos outros analistas ao longo dos últimos meses. “Estamos muito em território de bolha com a inteligência artificial. Os lucros não estão lá para justificar estas valorizações, que são loucas”, apontou.
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John Hardy, Global Head of Macro Strategy no Saxo Bank -
John Hardy, Global Head of Macro Strategy no Saxo Bank -
Rui Paixão, vencedor do 1.º prémio do Trading Pro Challenge'25 no valor de 7500 euros -
Nuno Coutinho ficou em 2.º lugar no Trading Pro Challenge'25 e arrecadou o prémio de 5 mil euros. Com Angelo Custodio, do Departamento de Desenvolvimento e Marketing do novobanco (à esquerda) e Elisabete Pereira, do Departamento de Desenvolvimento e Marketing do novobanco (à direita) -
Ricardo Martins, o 3.º classificado do Trading Pro Challenge, recebeu um prémio no valor de 2500 euros, com Angelo Custodio, do Departamento de Desenvolvimento e Marketing do novobanco (à esquerda) e Elisabete Pereira, do Departamento de Desenvolvimento e Marketing do novobanco (à direita) -
Elisabete Pereira, do Departamento de Desenvolvimento e Marketing do novobanco -
João Paixão Moreira, Chief Commercial Officer Retail do novobanco
A geopolítica é outro fator que pode complicar o ‘jogo’ dos mercados, já que “estamos a assistir às maiores mudanças geopolíticas desde a Segunda Guerra Mundial”, em especial com a rivalidade crescente entre EUA e China.
Sobre os bancos centrais, John Hardy acredita que “já não importam mais” e que se tornaram “apenas um acessório da autoridade fiscal, o governo”. “Os governos estão no comando e os bancos centrais tornaram-se auxiliares”, aponta.
Este “fim da era dos bancos centrais dominantes” tem implicações profundas, considera. Se os governos estão a liderar a política económica, isso significa mais estímulos, mais intervenção e mercados condicionados por prioridades estratégicas, e não apenas por taxas de juro.
Apesar do tom menos otimista, há oportunidades no horizonte que não devem ser ignoradas. Hardy apontou setores como os da energia ou indústria, ressuscitadas pela tendência de reshoring, e reforçou que, embora os riscos sejam reais, “há sempre oportunidades, mas é preciso navegar com prudência”.
Investidores premiados pelo talento na negociação
Durante sete semanas, centenas de participantes testaram competências de investimento na plataforma Trading Pro do novobanco, criada em parceria com o Saxo Bank, simulando transações com 100 mil euros virtuais.
“Este desafio superou totalmente as nossas expectativas. Lançámos o serviço Trading Pro em maio de 2024, numa parceria estratégica com o Saxo Bank, e é muito importante todo o feedback que temos recolhido dos clientes”, sublinhou Elisabete Pereira, responsável de marketing do novobanco. “Este serviço faz parte do nosso posicionamento estratégico: todos nos reconhecem como um banco da poupança, mas queremos que também nos vejam como um banco de investimento”, acrescentou.
No topo da tabela da competição ficou Rui Paixão (RuiPX), que valorizou a carteira para 176.856,63 euros e arrecadou o prémio final de 7.500 euros, a que somou mais um prémio semanal de 1.000 euros. “Sinceramente, fiquei surpreendido com o resultado”, disse o vencedor por videoconferência. “A minha grande surpresa teve a ver logo com os ganhos da terceira semana. Foi aí que ganhei posição de destaque, e vou ser sincero, foi um golpe de sorte… ou não”, disse.
A estratégia, explicou, exigiu ritmo e adaptação, mas sobretudo uma estratégia bem definida desde o primeiro momento. “Estamos a falar de sete semanas, tínhamos de ter resultados. Isso obrigou a diversificar, a ser muito fluido no mercado”, apontou. “É uma experiência espetacular, tem que ser replicada. Dá oportunidade a quem não tem sensibilidade nem experiência a participar em grande”.
No segundo lugar ficou Nuno Coutinho (Rocket_Bets), com 174.557,96 euros. “É muito mais fácil quando não temos medo, não é?”, brincou, lembrando que se tratava de uma carteira digital. A conquista, que lhe valeu um prémio de 5.000 euros, foi possível porque “pusemos a carne toda no assador”.
Em terceiro, Ricardo Martins (RSCM) somou 125.916,12 euros, apostando sobretudo no mercado americano. “Foi uma mudança de chip. Usei dados que já conhecia e funcionou”, reconhece.
A fechar, o administrador do novobanco João Paixão Moreira destacou a aposta estratégica da instituição no investimento. “Temos esta plataforma para o cliente mais self-directed. É fenomenal”, afirmou, convidando todos para que “experimentem a versão demo e depois avancem para a vida real”.
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