Depois do salmão, dona do Pingo Doce investe 13,5 milhões em produtora de bacalhau na Noruega

Braço agroalimentar da Jerónimo Martins vai ser o segundo maior acionista da Norcod, que vai realizar um aumento de capital a ser totalmente subscrito pela empresa portuguesa.

O grupo Jerónimo Martins vai entrar no capital da produtora norueguesa de bacalhau Norcod, preparando-se para investir perto de 13,5 milhões para passar a ter uma participação de 18% na empresa nórdica, ficando como segundo maior acionista.

Após ter este ano aumentado a posição (35%) na produtora de salmão Andfjord Salmon, a dona do Pingo Doce volta a apostar na aquacultura na Noruega. A empresa que faturou 34 milhões de euros no último exercício vai realizar um aumento de capital a subscrever pela Jerónimo Martins Agro-Alimentar.

De acordo com um comunicado divulgado esta quinta-feira, o conselho de administração da empresa norueguesa propôs a realização de uma assembleia-geral extraordinária para a aprovação da emissão de 12.707.454 novas ações, ao preço unitário de 12,375 coroas norueguesas (1,06 euros ao câmbio atual).

Neste aumento de capital avaliado em 13,46 milhões de euros, a administração justifica que a colocação privada “atende aos melhores interesses da companhia e dos seus acionistas”, destacando a “importância de se garantir uma parceria estratégica com a Jerónimo Martins Agro-Alimentar e o valor que tal investidor agrega à Norcod”.

E é “para reforçar ainda mais a parceria” com o braço agroalimentar do grupo liderado por Pedro Soares dos Santos que vai ser igualmente proposto nessa reunião, a realizar no final deste mês, a nomeação de António Serrano, CEO da Jerónimo Martins Agro-Alimentar, como novo membro do conselho de administração da Norcod.

Este investimento financeiro está em linha com a visão a longo prazo [do grupo Jerónimo Martins] relativamente à produção inovadora de proteína animal.

António Serrano

CEO da Jerónimo Martins Agro-Alimentar

O gestor português, ex-ministro da Agricultura, salienta que “este investimento financeiro está em linha com a visão a longo prazo [do grupo] relativamente à produção inovadora de proteína animal, num contexto de elevada pressão sobre as populações de peixes selvagens, nomeadamente de uma espécie tão controlada como o bacalhau”.

“Para a nossa empresa, investir em formas mais sustentáveis ​​de produção alimentar é uma prioridade. Encontrámos na Norcod o compromisso com a Investigação & Desenvolvimento (I&D), por um lado, e com a melhoria contínua das práticas, por outro, que procuramos sempre desenvolver no nosso portefólio”, acrescenta António Serrano.

Citado no mesmo comunicado, o CEO da Nordoc, que tem como outros acionistas a High Liner Foods e o grupo dinamarquês Sirena, elogia a “reputação, escala e experiência” que fazem da Jerónimo Martins um “parceiro excecional” para a empresa, que produziu 8.300 toneladas em 2024 e que tem vários centros de produção no centro do país e ao longo da costa de Helgeland.

Christian Riber aponta que “este investimento não só fortalece o balanço, como amplia significativamente o leque de oportunidades estratégicas” para a empresa, que, em conjunto com os outros dois acionistas, vai “ampliar o acesso e a plataforma para levar o bacalhau em produção de baixa intensidade para um significativo mercado internacional”.

Peixes, bovinos e frutas

No segmento da aquacultura, em que a internacionalização arrancou em 2021 com a aquisição da maioria de uma empresa em Marrocos para a produção offshore no Mediterrâneo, no ano passado, o ‘braço’ do grupo para o agroalimentar vendeu um total de 4.170 toneladas de dourada e robalo, produzidas também em Sines, na Madeira e em Vila Real de Santo António.

Dos peixes para a agropecuária, através da originária Best Farmer e da sociedade Ovinos da Tapada, em que investiu em 2021, o grupo Jerónimo Martins dedica-se à produção de carne – vendeu 11.600 bovinos angus e 70 mil borregos em 2024 -, de leite (11 milhões de litros no mesmo período) e ainda de cereais e pastagens, que asseguram mais de 70% das necessidades de alimentação dos animais.

Já no setor das frutas e legumes, em que detém 100% da sociedade Outro Chão — 115 hectares para produção de uvas sem grainha que comercializa com a marca “hey,vita!” — e 80% da SupremeFruits — produz frutos de caroço, como pêssegos, nectarinas e ameixas, e mandarina tango –, a subsidiária da dona do Pingo Doce comprou já este ano o grupo hortofrutícola Luís Vicente.

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