Hungria leva ao TJUE proibição europeia de importar gás russo

  • Lusa
  • 14 Novembro 2025

Primeiro-ministro húngaro considera decisão da UE "manifestamente ilegal e contrária aos valores europeus”. Viktor Orbán diz que isenção dos EUA pode estender-se para além de um ano.

A Hungria vai recorrer ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) contra a proibição das importações de gás russo, anunciou esta sexta-feira o primeiro-ministro Viktor Orbán, que discorda das sanções da UE contra Moscovo.

Não aceitamos esta solução, manifestamente ilegal e contrária aos valores europeus“, afirmou Orbán a uma rádio húngara, ao justificar a decisão de recorrer para o TJUE. A suspensão das importações de gás russo foi “escolhida por Bruxelas para silenciar um Governo que não concorda com ela”, acrescentou o primeiro-ministro nacionalista, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

Em outubro, a UE deu um passo significativo nos esforços para perturbar a economia de guerra da Rússia, quando aprovou por maioria o princípio de uma proibição das importações de gás natural russo até ao final de 2027. A Eslováquia e a Hungria opuseram-se à proibição por pretenderem manter as compras à Rússia.

Orbán, visto como um aliado de Moscovo, disse que também está a procurar outros meios, não jurídicos, para dissuadir Bruxelas, mas afirmou que não dará pormenores por enquanto. Referiu que a isenção das sanções norte-americanas, que obteve na semana passada durante um encontro com o Presidente dos EUA, Donald Trump, poderá estender-se para além de um ano.

Os Estados Unidos impuseram sanções às duas maiores companhias petrolíferas da Rússia em outubro. Autoridades norte-americanas, incluindo o Secretário de Estado, Marco Rubio, declararam que Budapeste obteve uma isenção temporária de um ano. Mas, de acordo com Orbán, a isenção permanecerá em vigor “enquanto Donald Trump for Presidente dos Estados Unidos e houver um Governo patriota na Hungria”. “É um acordo pessoal entre dois líderes. Os burocratas escrevem o que escrevem, mas isso não tem qualquer importância”, afirmou.

As sanções ocidentais visam tentar diminuir a capacidade da economia russa de financiar o esforço de guerra na Ucrânia, que Moscovo invadiu em fevereiro de 2022. Além das sanções, os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido a Kiev ajuda financeira e em armamento.

Pelo menos dois mortos e sete feridos em ataque russo a Odessa

Um novo ataque russo com drones (aeronaves telepilotadas) à cidade ucraniana Tchornomorsk, junto a Odessa, a sul, causou esta sexta-feira pelo menos dois mortos e sete feridos, afirmou o governador local, Oleg Kiper.

“Alguns dos feridos estão em estado grave”, escreveu aquele responsável político na rede social Telegram, acrescentando que o ataque visou uma praça da cidade e atingiu lojas e automóveis.

A Federação Russa tem estado a levar a cabo este outono uma campanha de bombardeamentos contra as estações e subestações de produção e distribuição de eletricidade ucranianas que obrigam as autoridades do setor a fazer ‘apagões’ e a racionar os serviços.

Macron recebe Zelensky em Paris na segunda-feira

O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai receber na segunda-feira o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discutir as garantias de segurança que os aliados de Kiev poderão oferecer no caso de um cessar-fogo com a Rússia.

O encontro entre os dois líderes em Paris “permitirá a reafirmação do compromisso de longo prazo da França com a Ucrânia e a manutenção do ritmo dos trabalhos empreendidos sobre a questão das garantias de segurança” que podem ser fornecidas pelos aliados de Kiev, afirmou a Presidência francesa num comunicado.

Esta é nona visita de Zelensky a França desde o início da guerra iniciada pela Rússia em 2022.

A visita permitirá ainda “discussões sobre os desafios da cooperação bilateral, particularmente nos setores da energia, economia e defesa”.

A “coligação de países dispostos”, que reúne cerca de trinta nações, sobretudo europeus, que apoiam a Ucrânia, reuniu-se pela última vez em Londres, em 24 de outubro. Os aliados de Kiev estavam determinados a aumentar a pressão sobre Moscovo. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em particular, pediu que se “concluísse o trabalho” de utilização de ativos russos congelados para financiar a defesa da Ucrânia.

As garantias de segurança previstas para a Ucrânia, desenvolvidas ao longo de meses por esta coligação, incluem o apoio ao Exército de Kiev e às suas forças terrestres, marítimas e aéreas.

No entanto, continuam a depender do fim das hostilidades, o que é altamente improvável. As conversações de paz entre Kiev e Moscovo estão paradas, uma vez que a cimeira planeada para Budapeste entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o Chefe de Estado russo, Vladimir Putin, não se realizou.

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