Antiga Portir Transitários expande em Espanha com novo nome e mais meio milhão
A empresa de Leça da Palmeira, comprada em 2023 por um grupo de investidores liderado por Nuno Fonseca, vai ser rebatizada para Movit e abrir escritórios em Barcelona, Valência e Vigo em três anos.
- A Portir Transitários, agora chamada Movit, planeia expandir a sua operação em Espanha, com um objetivo de 80 milhões de euros em volume de negócios nos próximos três anos, bem como investir 500 mil euros em tecnologia.
- A empresa, que faturou cerca de 30 milhões de euros em 2024, está a mudar-se para um novo escritório no Porto e abrirá filiais em Barcelona, Valência e Vigo, priorizando a Península Ibérica como um mercado integrado de logística.
- A Movit enfrenta desafios no recrutamento de talentos, especialmente em Portugal e Espanha, e procura adaptar-se a um ambiente de negócios em mudança, mantendo-se atenta a oportunidades de aquisição que possam fortalecer a sua posição no mercado.
A empresa portuguesa Portir Transitários, de transportes e logística, vai expandir a operação em Espanha para atingir os 80 milhões de euros de volume de negócios nos próximos três anos. O plano prevê a mudança de imagem e o investimento de mais 500 mil euros em tecnologia.
Está por dias o adeus formal a “Portir” para saudar o novo nome, “Movit”, revelou ao ECO o managing partner, Nuno Fonseca. “Parece-nos uma marca fresca, mais anglo-saxónica, o que também pode ser relevante para o processo de internacionalização”, disse. Paralelamente, a empresa mudou de instalações no Porto, para um escritório com maior dimensão, capaz de acomodar as ambições para a equipa.
A empresa com sede em Leça da Palmeira, no concelho de Matosinhos, vai abrir escritórios em Barcelona, Valência e Vigo até 2028, sendo que a primeira fase desta expansão será para a capital da Catalunha já no início do próximo ano.
A marca Movit pretende traduzir “dinâmica, movimento e tecnologia” e facilitar essa internacionalização, que acontece dois anos após um grupo de investidores, do qual Nuno Fonseca fez parte, ter comprado a empresa por aproximadamente um milhão de euros, numa transação assessorada pela Oaklins Portugal.

“Quando comprámos a empresa, em junho de 2023, era exatamente o que procurávamos: organizada, orientada ao cliente e com saber fazer. Mas o nosso propósito era ter essa base saudável e, a partir daí, desenvolver um plano de negócios com crescimento acelerado. A alteração de marca serve este novo ciclo de cariz mais internacional, mantendo os pilares”, defendeu o investidor e managing partner da Movit, Nuno Fonseca.
Fundada em 2001, a ex-Portir Transitários tem presença nas cidades de Porto, Lisboa, Leiria, Viana do Castelo, Cantanhede e Madrid. Antes da aquisição, a empresa faturava seis milhões de euros e, em 2024, o volume de negócios foi de cerca de 30 milhões de euros. O ano deverá terminar com uma subida de 50% para 45 milhões de euros.
Espanha, que representa cerca de 15% do negócio, é agora a prioridade da gestão. “Hoje, a Península Ibérica é uma economia. A logística é claramente ibérica. Já não se pode falar em logística do mercado português ou do mercado espanhol. Há uma integração total, portanto não faz sentido estarmos reduzidos ao retângulo nacional, a nossa casa de partida e onde nos sentimos confortáveis. Ir para Espanha é saltar da nossa zona de conforto”, constata Nuno Fonseca.
Enquanto Madrid “é importante para a carga aérea com o aeroporto de Barajas”, os portos espanhóis estão centrados no Mar Mediterrâneo, em Barcelona e em Valência, os “motores do transporte marítimo”. Vigo é uma escolha diferente e deve-se à proximidade geográfica. “Temos há muito tempo na nossa agenda por estar a pouco mais de uma hora do Porto e ser uma região com alguma dinâmica na economia em setores que tocamos, como automóvel”, esclarece.
Movit atenta a aquisições
O contexto geopolítico e de desaceleração da economia europeia foram “ventos” menos favoráveis para as trocas comerciais no último ano, portanto a Movit e os seus concorrentes viram-se obrigados a alterar a estratégia. “Temos de nos tornar mais agressivos comercialmente, adaptar-nos à nova realidade e focar-nos em eficiência e produtividade. Há quase um processo de seleção das espécies em que nem todos irão sobreviver. E também temos de ter em conta que as multinacionais fazem fusões e aquisições, portanto os grandes tornam-se maiores”, diz Nuno Fonseca.
Por essa razão, o grupo matosinhense recusa (por agora) ser ‘engolido’ por esses tubarões, mas está disponível para compras em Espanha, porque tem um “balanço financeiro saudável” e está livre de dívida. “Vamos estando atentos ao mercado. Se amanhã surgir alguma coisa que se encaixe – que é o mais importante numa aquisição e fusão para sinergias – e que não coloque em risco a estabilidade e as ideias do grupo… Será numa lógica de puzzle, sem pressa e sem crescer por crescer”, esclarece o managing partner da Movit.
Questionado sobre as infraestruturas aeroportuárias nacionais e a estratégia Portos 5+, Nuno Fonseca disse apenas que “os portos portugueses, comparando com outros na Europa, funcionam bastante bem”, porém a mesma situação não se verifica nos aeroportos.
Os investimentos que se vão fazendo nos portos são sempre bem-vindos e ajudam. Nos aeroportos, passa-se o contrário. No de Lisboa, o terminal de carga é um absurdo, um desastre, uma entropia. Tem problemas todos os dias
A APAT – Associação Portuguesa de Agentes Transitários tem alertado o Governo para esta “barreira à atividade” e representado o mercado no combate aos seus maiores obstáculos, garante Nuno Fonseca.
“Concorremos com indústrias um bocadinho mais sexy”
Um deles é o talento. A Movit tem aproximadamente 100 colaboradores, que conquistou com o ímpeto da logística e transportes no pós-Covid-19. Segundo Nuno Fonseca, a pandemia foi uma “onda positiva”, porque a febre das encomendas online deu visibilidade e bons resultados às empresas desta indústria, e tornou-a “mais apetecível”, mas continuam a concorrer com outras que “se calhar são um bocadinho mais sexy”.
“É desafiante contratar tanto em Portugal como em Espanha. Contratar com qualidade ainda é mais difícil. Entra quase uma pessoa por semana e temos de as integrar, aculturar, formar… É todo um processo, que é exigente para a empresa, porque obriga a acompanhamento”, desabafa o managing partner.
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