Patrões do Minho apresentam plano de 400 milhões para responder a “choque das tarifas” no aço

A AEMinho entregou ao ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, um plano a três anos, para proteger a competitividade da indústria e proteger empregos, com impacto no PIB até 250 milhões.

A Associação Empresarial ao Minho (AEMinho) apresentou ao ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, um plano de medidas de 400 milhões de euros para mitigar o impacto das novas tarifas sobre o aço na indústria portuguesa. Propostas visam proteger a competitividade do setor e entre 5.000 e 8.000 postos de trabalho, com um impacto estimado de até 250 milhões de euros no PIB num prazo de três anos.

A associação aproveitou um encontro com o ministro e com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) para alertar o governante que a “revisão do regime europeu de defesa comercial e a implementação de novos instrumentos, designadamente tarifas agravadas sobre a importação de aço e o Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço (CBAM), irão traduzir-se num aumento significativo do custo do aço importado”, lembrando que a indústria nacional é “fortemente dependente de aço importado, além de operar em mercados internacionais altamente competitivos.

Uma situação que, alerta a AEMinho, pode levar à perda de competitividade das exportações portuguesas, à compressão de margens e à redução de investimentos; ao adiamento de projetos estratégicos na área da energia, das infraestruturas ou dos transportes; e a uma maior vulnerabilidade das PME industriais.

Para mitigar estes riscos, a entidade liderada por Ramiro Brito “propõe uma resposta nacional coordenada às novas tarifas europeias sobre o aço e ao mecanismo CBAM. Entre as medidas está uma linha de crédito bonificado; a majoração fiscal; vales de engenharia digital e IA; o programa “Menos Aço por Unidade de Produto”; incentivos à reciclagem; uma task force interministerial; e uma “representação ativa junto da UE”.

Ramiro Brito, presidente da AEMinho

Um pacote de medidas que, calcula a associação patronal minhota, terá um impacto de 414 milhões de euros para o Estado em três anos, prevendo mais de 830 milhões de euros de investimento privado mobilizado, a proteção de 5.000 a 8.000 empregos e um impacto acumulado no PIB entre 150 e 250 milhões de euros.

Por cerca de 400 milhões de euros em três anos conseguimos alavancar mais de 800 milhões de investimento privado, reduzir a exposição da indústria ao choque das tarifas sobre o aço, proteger milhares de postos de trabalho e reforçar a resiliência da nossa base exportadora, num contexto em que a UE está a endurecer as condições de acesso ao aço importado”, resume a AEMinho, em comunicado.

Segundo a associação, partindo de um “multiplicador conservador de 1,4 para a indústria transformadora, este plano tem um impacto aproximado de 42 a 101 milhões de euros no PIB anual, o que se traduz em aproximadamente “150 a 250 milhões de euros de impacto acumulado em PIB adicional, face ao cenário sem intervenção”, em três anos.

“Se se incluírem ainda projetos viabilizados (que de outro modo seriam adiados ou cancelados devido ao custo do aço), o impacto pode ser maior. Aí pode-se justificar cenários de 300–400 milhões de euros acumulados em PIB”, estima ainda a AEMinho.

Mas como chegar a estes números? O plano de ação da associação divide-se em quatro eixos, num período temporal de três anos. Em primeiro lugar, as medidas devem procurar uma estabilização de custos e apoio de curto prazo, como uma linha de crédito com juros bonificados ou incentivos ao investimento.

O segundo eixo tem como objetivo a redução estrutural da dependência de aço importado, procurando apoiar projetos que visem redesign de produtos e estruturas e atribuição de vales de engenharia digital.

O terceiro eixo foca-se numa articulação com a política europeia de comércio e clima. E o quarto eixo na capacitação e apoio técnico às empresas.

Para Ramiro Brito, “estas propostas são instrumentos concretos para garantir competitividade, proteger emprego e posicionar o Minho e o país na vanguarda da inovação, acompanhando e antecipando cenários que serão incontornáveis no futuro próximo”.

“A ideia é sermos proativos e não reativos, por um lado, aproveitando as vantagens que a dimensão periférica da nossa economia pode ter no contexto marco económico europeu e mundial, tornando essa circunstância num fator de competitividade e interesse económico, por outro”, remata o presidente da AEMinho.

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