“Tudo indica que 2025 poderá ser recorde para setor” nacional do aço, diz ministro da Economia
Manuel Castro Almeida destacou ainda que as exportações da metalurgia e metalomecânica no nono mês do ano, de 2,1 mil milhões de euros, constituem “o melhor setembro de sempre”.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial disse esta quarta-feira que este poderá ser um ano recorde para a metalurgia e a metalomecânica, apesar de o setor atravessar um período “exigente” devido aos desafios de competitividade, guerras comerciais, transição energética e sobrecapacidade global, que estão a “distorcer” os mercados e a “pressionar” os produtores europeus.
“As exportações da metalurgia e metalomecânica atingiram os 2,1 mil milhões de euros em setembro, o melhor resultado de sempre para esse mês. Tudo indica que 2025 será um ano recorde para o setor”, referiu Manuel Castro Almeida, no discurso de encerramento da conferência “Aço, Quotas e Competitividade: A Hora da Metalomecânica”, organizada pelo ECO.
Manuel Castro Almeida referiu que o Governo está consciente de que as empresas desta fileira, que são mais de 20 mil, esperam “clareza e previsibilidade”, mas também têm de perceber que, num contexto internacional de mudança, torna-se prioritário manter a “estabilidade e o diálogo permanente”.
Segundo o ministro com a pasta da Economia, o Executivo fê-lo, nos últimos dois anos, ao lançar instrumentos de apoio à modernização e reindustrialização da fileira metalúrgica e metalomecânica, entre os quais a linha Reindustrializar, com uma dotação 250 milhões de euros, e a Agenda Mobilizadora “Produtech R3” com 166 milhões de euros, dos quais mais de 95 milhões são incentivos públicos. Em 2026 arranca o STEP – Plataforma Estratégica para as Tecnologias Europeias, com 1.200 milhões de euros, para inovação digital e biotecnologia para produção.
Sobre o novo regulamento da Comissão Europeia, apresentado em outubro com o objetivo de assegurar a sustentabilidade da indústria siderúrgica da União Europeia no longo prazo, Manuel Castro Almeida referiu que é “necessário” e “procura conciliar proteção e abertura e estabilidade e concorrência”. “Portugal tem acompanhado de perto esta discussão com uma posição de equilíbrio e prudência, não de passividade”, garantiu sobre a proposta de Bruxelas, que prevê a redução de 47% das quotas de importação isentas de tarifa.
Seria revolucionário adotar a norma de os fundos europeus só financiarem equipamentos produzidos na Europa. Teria manifesto efeito na nossa capacidade produtiva, mas seria de esperar retaliação do outro lado
Na sua visão, é preciso um equilíbrio entre protecionismo e vulnerabilidade. “Reconhecemos o papel estratégico da indústria siderúrgica não apenas pelos empregos que garante, mas pela importância que tem para as cadeias de valor na construção da metalomecânica, do automóvel e da defesa. Sabemos igualmente que a competitividade depende do acesso a matérias-primas em condições estáveis, previsíveis e a um preço competitivo”, explicou.
“Estado vai ter de reforçar” apoio à adoção de IA nas fábricas
Manuel Castro Almeida deixou ainda um desafio aos empresários do aço presentes no estúdio do ECO: invistam em inteligência artificial (IA). “A IA não pode ser uma tecnologia que vai abastecer apenas as empresas de base tecnológica. É preciso trazê-la para dentro das empresas tradicionais, para a base industrial. É preciso que os empresários reconheçam a sua importância”, advertiu, acrescentando que será “uma questão de tempo” até entenderem “a bem ou a mal” – e podem contar com o Estado nesse processo.
O governante adiantou ainda que foi aberto um concurso com 100 milhões de euros – linha gerida pelo Banco de Fomento – para apoiar as PME em projetos de aplicação de IA nos seus processos produtivos e esse montante está “largamente esgotado”, portanto terá de se reforçado com mais capital. “Ao fim de 15 dias tínhamos candidaturas de mais de 800 milhões de euros, o que mostra claramente que o setor está dinâmico e atento e que o Estado vai ter de reforçar, porque manifestamente não chega para as necessidades que as empresas mostram ter neste aspeto”, afirmou.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
“Tudo indica que 2025 poderá ser recorde para setor” nacional do aço, diz ministro da Economia
{{ noCommentsLabel }}