Mais de seis em dez bancos na Zona Euro usam IA na deteção de fraudes
São cada vez mais as instituições da região a usar a IA para a avaliação de risco de crédito e também na deteção de fraude e com benefícios na rentabilidade e na redução de perdas financeiras.
- A adoção da inteligência artificial pelos bancos europeus está a crescer rapidamente, com um estudo do Banco Central Europeu a revelar que 88% das instituições já utilizam esta tecnologia.
- O uso de modelos de IA para avaliação de risco de crédito aumentou de 14% em 2023 para 30% em 2024, enquanto a deteção de fraude passou de 36% para 62%, refletindo a crescente confiança dos bancos na tecnologia para melhorar a eficiência e a rentabilidade.
- Apesar dos benefícios claros, como a redução de perdas financeiras e a melhoria na monitorização de fraudes, os bancos enfrentam desafios na quantificação do impacto financeiro e na necessidade de atualizar as suas estruturas de governação e compliance para mitigar os riscos associados à IA.
A inteligência artificial (IA) está a mudar a forma como trabalhamos e os bancos também estão a adotar de forma rápida esta nova tecnologia. Dados do Banco Central Europeu (BCE) mostram que são cada vez mais as instituições da região a usar a IA para a avaliação de risco de crédito e também na deteção de fraude e com benefícios na rentabilidade e redução de perdas financeiras.
O supervisor europeu dá conta de “um forte aumento dos casos de utilização de IA entre os bancos europeus entre 2023 e 2024”, segundo adianta num estudo publicado esta quinta-feira com nome: “O Impacto da IA na banca: casos de uso no credit scoring e deteção de fraude”.
Praticamente nove em cada dez instituições (88%) relevantes já usavam a IA nas suas atividades no final do ano passado, um aumento de um ponto percentual em relação ao ano anterior. Mas nesse período duplicou a percentagem de bancos a usar modelos de IA no que toca a avaliação de risco de crédito (passou de 14% em 2023 para 30% em 2024) e deteção de fraude (parou de 36% em 2023 para 62% em 2024).
Utilização de IA no credit scoring e deteção de fraude nas instituições significativas

Entre os que já adotaram a IA observa-se “benefícios comerciais claros com o melhor desempenho dos modelos, incluindo maior eficiência nos processos e melhor serviço ao cliente”.
No que diz respeito ao credit score, “os modelos de IA aumentam a precisão através de análises preditivas avançadas e de uma maior capacidade de personalizar as ofertas para cada indivíduo”, aponta o BCE com base nos relatos das experiências dos bancos. “Isto possibilita empréstimos mais longos, avaliações de risco mais eficazes, melhor prevenção de riscos e menores taxas de incumprimento, contribuindo, em última análise, para o aumento da rentabilidade”, adianta.
Já na deteção de fraudes registaram-se melhorias na monitorização em tempo real e no reconhecimento de padrões, “permitindo aos bancos identificar atividades suspeitas e impedir a fraude antes que estas aconteçam”. Conclusão: “Isto minimiza a necessidade de revisões manuais e melhora a eficiência operacional, reduzindo as perdas financeiras”, sintetiza.
Ainda assim, os bancos não conseguem quantificar o impacto financeiro dos benefícios obtidos pela IA. Até porque estes benefícios “também acarretam riscos” e que obrigam os bancos a atualizarem as suas estruturas de governação e compliance. Metade dos bancos de uma amostra de 13 introduziram políticas ou nomearam comités específicos para supervisionar a implementação e execução da IA.
O BCE dá conta de uma prática recente nos bancos: a nomeação de diretores de IA (os chamados Chief AI Officers) para reforçar a responsabilidade na adoção das tecnologias. Ao mesmo tempo, “estão também a trabalhar para garantir que a segunda e terceira linhas de defesa supervisionam adequadamente a utilização da IA”, mas é uma área a precisar de um maior desenvolvimento, refere o supervisor.
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