Álvaro Santos Pereira dá puxão de orelhas aos bancos: “Não aprenderam com erros do passado”
Banqueiros querem rever a regra que impede os bancos de financiarem a 100% na compra de casa. Governador do BdP foi claro: “Se insistirem nos erros do passado, o banco central aqui estará para atuar”.
É o primeiro puxão de orelhas aos bancos por parte do governador do Banco de Portugal, Álvaro Santos Pereira, que acabou de tomar posse. Alguns banqueiros afirmaram esta semana que não fazia sentido a regra que impede o financiamento a 100% na compra de casa e defenderam mudanças. Agora, levaram um raspanete do supervisor: “Se os que não aprenderam com os erros do passado insistirem nesses mesmos erros, o banco central aqui estará para atuar”.
“Nos últimos dias, começámos a ouvir que há pessoas que defendem o relaxamento das regras macroprudenciais”, afirmou Santos Pereira numa intervenção na CNN Portugal International Summit em que se debruçou sobretudo sobre a economia em tempos de incerteza. Mas o governador quis marcar já território e afirmar o papel do Banco de Portugal como autoridade macroprudencial.
Esta semana, vários banqueiros defenderam uma revisão da tal regra macroprudencial que limita os bancos a financiarem apenas até 90% do valor da habitação. Foi esse o caso do CEO do BCP. “Os 100% [de financiamento no crédito à habitação] fazem sentido” para todos os clientes, afirmou Miguel Maya. “É preciso que o regulador nacional faça uma reflexão connosco”, defendeu ainda numa conferência sobre banca promovida esta semana pelo Jornal de Negócios. Na mesma ocasião, o líder do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, também admitiu que esses limites no financiamento poderiam ir além do que está atualmente definido.
Embora sem mencionar nomes, a resposta de Santos Pereira não deixou grandes dúvidas sobre quem eram os destinatários da mensagem.
“Por exemplo, a exigência de entrada na compra de casa ou outro tipo de exigências. Bem, nós devemos aprender com os erros do passado”, começou por explanar antes do puxão de orelhas.
“Essas pessoas não aprenderam com os erros do passado, porque nós sabemos muito bem que as regras macroprudenciais são essenciais para garantir que não vamos ter problemas no futuro. E, portanto, gostaria de vos dizer que, não só isso vai acontecer, como também, em muitos países europeus, o que está a acontecer é que as regras macroprudenciais, as recomendações dos bancos centrais, estão a passar a vinculativas”, frisou.
Santos Pereira não só não irá mexer na regra como até deixou um aviso. “Os bancos têm de cumprir aquilo que os bancos centrais dizem a nível de macroprudencial. E, portanto, eu gostaria também de referir que para nós é essencial que essas regras sejam cumpridas”, afirmou.
“Se os que não aprenderam a correr com os erros do passado insistirem nesses mesmos erros, o banco central aqui estará para atuar”, rematou.
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