Avaliação bancária supera os 2.000 euros por metro quadrado pela primeira vez

A avaliação bancária voltou a registar uma subida homóloga de 17,7% em outubro, colocando o valor mediano nos 2.025 euros, o mais elevado de sempre da série estatística que remonta a janeiro de 2011.

Comprar casa em Portugal nunca custou tanto. O valor mediano a que os bancos avaliam os imóveis para crédito à habitação superou, em outubro, os 2.000 euros por metro quadrado pela primeira vez desde que há registo, confirmando um novo máximo histórico e agravando a dificuldade de acesso à compra de habitação para as famílias.

O valor mediano de avaliação bancária na habitação atingiu os 2.025 euros por metro quadrado (euros/m²) em outubro de 2025, um aumento de 30 euros face ao mês anterior, segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no seu Inquérito à Avaliação Bancária na Habitação.

Esta subida reflete-se num aumento de 30 euros face aos valores de setembro e numa subida homóloga de 17,7%, a mesma taxa registada em setembro, que se traduz no 23.º mês consecutivo de subidas mensais e do valor mais elevado de sempre na série estatística que remonta a janeiro de 2011.

Numa dinâmica diferente da trajetória ascendente do valor mediano da avaliação bancária, segue o volume de operações. “O número de avaliações bancárias considerado foi cerca de 33,9 mil, o que representa uma subida de 2,8% face ao mês anterior e uma descida de 2,9% em termos homólogos”, lê-se no comunicado do INE.

Este dado revela uma dinâmica mista no mercado: enquanto a atividade mensal cresce, o número de avaliações realizadas é ligeiramente inferior ao registado há um ano, o que pode indicar alguma contenção por parte das famílias face aos valores cada vez mais elevados.

O valor mediano dos apartamentos T1 subiu 58 euros, para 3.076 euros/m², tendo os T2 e T3 aumentado 35 euros e 39 euros, respetivamente, para 2.425 euros/m² e 2.010 euros/m².

Instituto Nacional de Estatística

Os dados do INE revelam ainda diferenças significativas nos ritmos de valorização, de acordo com o tipo de imóveis. Os apartamentos continuam a liderar o mercado, com o valor mediano de avaliação bancária a fixar-se nos 2.345 euros/m² em outubro, um aumento expressivo de 22,1% face ao mesmo mês do ano passado. Os valores mais elevados foram observados na Grande Lisboa (3.058 euros/m²) e no Algarve (2.757 euros/m²), enquanto o Centro apresentou o valor mais baixo (1.533 euros/m²).

Nas tipologias mais procuradas, o documento do INE indica que “o valor mediano dos apartamentos T1 subiu 58 euros, para 3.076 euros/m², tendo os T2 e T3 aumentado 35 euros e 39 euros, respetivamente, para 2.425 euros/m² e 2.010 euros/m²”. No seu conjunto, estas três tipologias representaram 92,8% das avaliações de apartamentos realizadas em outubro.

As moradias, embora com valores medianos mais contidos, também registaram subidas significativas. O valor mediano da avaliação bancária das moradias foi de 1.472 euros por metro quadrado em outubro, o que representa um acréscimo de 11,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Tal como nos apartamentos, a Grande Lisboa (2.711 euros/m²) e o Algarve (2.499 euros/m²) destacam-se com os valores mais elevados, enquanto o Centro e o Alentejo registam os valores mais baixos (1.084 euros/m² e 1.146 euros/m², respetivamente).

Os números do INE confirmam o fosso persistente entre as zonas metropolitanas e costeiras e o interior do país, com diferenças de valores que chegam a ultrapassar os 100% entre as regiões mais e menos valorizadas.

A nível regional, a Península de Setúbal continua a destacar-se com crescimentos homólogos expressivos. Na variação anual da habitação em geral, a região registou uma subida de 26,7%, a maior do país. Nos apartamentos, a subida foi ainda mais acentuada, atingindo os 29,3%. “O Norte apresentou o aumento mais expressivo face ao mês anterior (2,5%), observando-se a descida mais intensa no Alentejo (-1,6%)”, refere o documento do INE.

A análise regional continua a revelar um país a várias velocidades. Segundo o INE, “a Grande Lisboa, o Algarve, a Península de Setúbal, a Região Autónoma da Madeira, o Alentejo Litoral e a Área Metropolitana do Porto apresentaram valores de avaliação superiores à mediana do país em 49,6%, 32,9%, 21,3%, 14,0%, 9,7% e 0,6%, respetivamente”. No extremo oposto, “Alto Tâmega e Barroso, Alto Alentejo e Beira Baixa foram as regiões que apresentaram valores mais baixos relativamente à mediana do país (-53,4%, -53,2% e -50,5%, respetivamente)”.

Os números do INE confirmam o fosso persistente entre as zonas metropolitanas e costeiras e o interior do país, com diferenças de valores que chegam a ultrapassar os 100% entre as regiões mais e menos valorizadas. Para uma família que procura comprar casa, a escolha da localização pode significar pagar metade ou o dobro pelo mesmo metro quadrado.

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