Consórcio mantém preço, mas compra fatia maior da Azores Airlines
Consórcio de empresários aumentou a percentagem do capital a adquirir na companhia aérea açoriana, mas manteve o preço por ação. Júri vai agora avançar com a elaboração do relatório preliminar.
O Atlantic Connect Group, que junta os empresários Carlos Tavares, Tiago Raiano, Paulo Pereira e Nuno Pereira propõe pagar 17 milhões de euros por 85% do capital da Azores Airlines, afirmou ao ECO fonte do consórcio. Um preço por ação equivalente ao apresentado em março.
Face à proposta conhecida há oito meses, o consórcio aumenta a participação a adquirir de 76% para 85%, mas o valor por ação é o mesmo. Em março, o valor era de 15,2 milhões, passando agora para 17 milhões. O montante é, ainda assim, substancialmente mais elevado que os 5 milhões oferecidos por 76% em agosto de 2023.
A ‘bola’ passa agora para o júri do concurso público. “O júri encetou o processo de avançar com a consulta à assessoria jurídica e econonómico-financeira para começar a juntar as peças para a elaboração do relatório preliminar”, afirmou ao ECO o presidente, Augusto Mateus. Uma vez entregue, o consórcio poderá pronunciar-se em audiência prévia, sendo depois preparado o relatório final.
O economista saudou a possibilidade de o prazo para a concretização da privatização negociado com Bruxelas – final de 2025 – ser flexibilizado, o permitirá ter mais tempo para análise. “A expectativa é que o relatório preliminar seja feito depressa, mas não excessivamente depressa”.
O consórcio Atlantic Connect Group junta os empresários Tiago Raiano, presidente do grupo de turismo Newtour, Nuno Pereira, da MS Aviation, Carlos Tavares, antigo CEO da Stellantis e Paulo Pereira, dono da Quinta da Pacheca.
“A proposta submetida considera a atual situação financeira da empresa e incorpora a visão estratégica dos empresários, orientada para a sustentabilidade da companhia e para a consolidação da sua operação, enquanto ativo estratégico para Portugal e para a Região Autónoma dos Açores”, afirmou o consórcio em comunicado esta terça-feira.
“O Atlantic Connect Group está disponível para, junto do Júri, prestar os esclarecimentos que venham a ser necessários, mantendo, nesta fase, a reserva pública adequada a um processo que se pretende rigoroso, isento e célere”, refere também a nota.
O Expresso noticiou este mês que o consórcio tinha em cima da mesa uma proposta que atira os encargos da privatização da companhia, a cobrir pelo Governo Regional, para valores a rondar os 622 milhões de euros. Em causa estão 470 milhões em dívida, o prejuízo de 72 milhões previsto para este ano e dinheiro em caixa.
O grupo SATA anunciou a 19 de setembro um prejuízo de 44,2 milhões de euros no primeiro semestre, quase idêntico aos 45 milhões registados no mesmo período de 2024. A Azores Airlines, a transportadora do grupo que está a ser privatizada, conseguiu um EBITDA positivo de 300 mil euros, mas registou prejuízos de 41,1 milhões, mais elevados que no primeiro semestre de 2024.
A Comissão Europeia aprovou em junho de 2022 uma injeção estatal de 453,25 milhões de euros de Portugal à SATA Air Açores. Nesse âmbito, Portugal e a Região Autónoma dos Açores assumiram com a Comissão Europeia o compromisso de vender pelo menos 51% da Azores Airlines até ao final de 2025. A privatização era uma das medidas para “limitar distorções à concorrência” resultantes do auxílio de Estado.
Governo dos Açores admite adiamento da privatização
O presidente do Governo dos Açores congratulou-se pela entrega de uma proposta para a compra da Azores Airlines, mas admitiu o adiamento da privatização da companhia, que não deverá acontecer até ao final do ano. “É preciso voltar a conversar com a União Europeia porque, naturalmente, tudo isso vai provocar prorrogação de prazos e naturalmente haverá adiamento. Faz parte da natureza da resposta do mercado”, afirmou José Manuel Bolieiro, citado pela Lusa
O líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) lembrou que o Plano de Reestruturação da SATA previa a conclusão da privatização da companhia aérea até ao final de 2025, mas salientou que o “mercado responde nos termos a que responde”.
“Continuo com vontade que tudo corra bem. De resto, não posso deixar de ser realista se não reconhecer que haverá com certeza adiamentos”, acrescentou. Bolieiro, que falava aos jornalistas na Assembleia Regional, na Horta, afastou a possibilidade de fecho da companhia aérea caso a proposta tenha “validade para ser aceite”, quando questionado se o encerramento ainda era um cenário.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Consórcio mantém preço, mas compra fatia maior da Azores Airlines
{{ noCommentsLabel }}