Desequilíbrio comercial e Ucrânia dominam encontro entre Macron e Xi Jinping
Presidente francês chegou a Pequim acompanhado por 35 líderes de grandes grupos empresariais, como a Airbus, EDF ou Danone, e de empresas familiares, do setor de luxo ao agroalimentar.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou esta quinta-feira aos esforços do homólogo chinês, Xi Jinping, para pôr fim à guerra na Ucrânia e corrigir os desequilíbrios comerciais, no início de uma visita de Estado à China.
“Temos de continuar a mobilizar-nos em prol da paz e da estabilidade no mundo. E da Ucrânia às diferentes regiões do mundo afetadas pela guerra, a nossa capacidade de trabalhar em conjunto é determinante”, afirmou Macron após uma reunião restrita com o chefe de Estado chinês e antes de discussões em formato alargado.
“Sabemos que temos muitos pontos em comum, às vezes temos desacordos, mas temos a responsabilidade de saber superá-los, de encontrar mecanismos de cooperação e de resolução de litígios para um multilateralismo eficaz no qual acreditamos”, acrescentou o líder francês.
Xi garantiu, pelo seu lado, que a China tenciona cooperar com França para “eliminar qualquer interferência” e “tornar a parceria estratégica geral entre China e França mais estável”.
Macron apelou também ao crescimento dos “investimentos cruzados” entre os dois países, para reequilibrar a relação comercial, e defendeu a cooperação no âmbito do G7 no sentido de uma governança económica baseada em “regras”.
O Presidente chinês, acompanhado pela esposa, Peng Liyuan, recebeu Macron e a esposa, Brigitte, no Palácio do Povo, onde os dois líderes ouviram os hinos nacionais e passaram em revista as tropas, antes de serem saudados por crianças.
O chefe de Estado francês, que chegou na quarta-feira à noite a Pequim, acompanhado por 35 líderes de grandes grupos empresariais (incluindo Airbus, EDF e Danone) e empresas familiares, do setor de luxo ao agroalimentar, deverá assistir à assinatura de uma série de contratos.
Macron pretende abordar práticas comerciais chinesas, que Paris considera desleais, desde o setor automóvel ao aço.
A relação entre a China e a União Europeia é caracterizada por um enorme défice comercial (357,1 mil milhões de dólares, 306,3 mil milhões de euros) em detrimento da UE.
Paris está também empenhada em pressionar a China a que invista mais em França, e aceite uma partilha de tecnologias comparável à praticada pelos europeus, que contribuiu para o crescimento económico de Pequim.
Outra dos assuntos sensíveis é o do acesso a metais raros, cuja produção e transformação mundiais são dominadas pela China, alavanca que Pequim utilizou em 2025, em plena guerra comercial com os Estados Unidos, abanando as cadeias de abastecimento do planeta.
Esta é a quarta visita de Estado de Emmanuel Macron à China desde que foi eleito Presidente em 2017. Xi Jinping foi recebido em França em 2024 e o Eliseu apresenta o tempo que Xi passará com Macron até sexta-feira, incluindo encontros privados, como um sinal da importância da relação sino-francesa.
“Temos uma expectativa constante em relação à China: É que use a sua influência junto da Rússia para levá-la a cessar a guerra” na Ucrânia, às portas da União Europeia, afirma o Eliseu.
A China tem reiterado que deseja a paz, mas nunca condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022. Parceiro económico e político fundamental da Rússia, o gigante asiático é o maior comprador mundial de combustíveis fósseis russos, incluindo produtos petrolíferos, alimentando assim a máquina de guerra. Os europeus acusam ainda Pequim de fornecer componentes militares a Moscovo.
Durante a anterior viagem a Pequim, em 2023, Macron apelou a Xi para que “chamasse a Rússia à razão”.
O Presidente chinês reservou um tratamento privilegiado ao homólogo russo, Vladimir Putin, em setembro, convidando-o, juntamente com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a estar presente no desfile militar comemorativo dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
Tal como em França em 2024, os dois casais presidenciais reunir-se-ão na sexta-feira num ambiente mais informal em Chengdu, na província de Sichuan (sudoeste), berço dos pandas gigantes que se tornaram embaixadores da China em todo o mundo.
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