Mutares dá por concluído o processo de reestruturação da Efacec
"Concluímos com sucesso a reestruturação da empresa, o que nos permitiu criar valor para todas as partes interessadas”, disse ao ECO fonte oficial. Resultados divulgados no primeiro trimestre de 2026.
A Mutares deu por concluído o processo de reestruturação da Efacec, avançou ao ECO fonte oficial da empresa que tem 75% do seu negócio proveniente de mercados internacionais.
“Neste momento, podemos avançar que concluímos com sucesso a reestruturação da empresa, o que nos permitiu criar valor para todas as partes interessadas”, disse ao ECO fonte oficial da empresa, remetendo a divulgação dos resultados de 2025 para o primeiro trimestre do próximo ano.
Na apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano, a Mutares reconhece que houve “um progresso extremamente encorajador na reestruturação e no desenvolvimento da Efacec”, a par da Donges, SFC Solutions (parte da Amaneos) e Guascor Energy.
O grupo Mutares gerou receitas de 4,72 mil milhões de euros nos primeiros nove meses de 2025, um valor que compara com os 3,89 mil milhões do período homólogo. O aumento é explicado, pelo fundo alemão, pelo “elevado nível de atividade de aquisições no exercício de 2024 e no próprio período de referência”.
O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é impulsionado pelos ganhos com compras a preços abaixo do mercado, que ascenderam a 630,5 milhões de euros nos primeiros nove meses contra 203,4 milhões em 2024).
O fundo alemão, que comprou a empresa do Porto ao Estado português em novembro de 2023, destaca ainda o contributo positivo da Efacec nas receitas geradas pelas empresas de engenharia e tecnologia. Este segmento do portfolio gerou receitas de 964,6 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, que comparam com os 796,9 milhões alcançados no período homólogo.
“O crescimento positivo das receitas deve-se ao crescimento orgânico impulsionado pelo desempenho encorajador da Efacec, Donges Group, Gemini e ADComms Group”, escreve a Mutares nos resultados publicados a 13 de novembro.
O EBITDA deste segmento atingiu 271,8 milhões de euros (sendo que no anterior tinha sido negativo em 30,5 milhões) e foi “significativamente influenciado pela saída parcial bem-sucedida da Steyr Motors”.
“O EBITDA ajustado de 23,5 milhões de euros (ano anterior: -9,2 milhões de euros) reflete, entre outros fatores, o desenvolvimento positivo da Efacec, Guascor e Donges”, escreve o fundo.
A Mutares divide o seu portfolio em três fases, com base no progresso da transformação e no orçamento apresentado e aprovado, e coloca a Efacec no grupo do “realinhamento”, a par de outras empresas como a Peugeot Motocycles Group, a Magurus, a Natura ou a Prénatal.
Num vídeo de divulgação da Efacec, Christian Klingler, diretor geral da Mutares e presidente da Efacec, sublinha que “a nova estratégia implementada na empresa permitiu desbloquear o seu pleno potencial” e que, “nos próximos meses”, a Mutares vai “prosseguir o caminho de sucesso” com a Efacec.
Rui Lameiras, o responsável de gestão de produto da Efacec, disse no ECO dos Fundos, em julho que os resultados da Efacec estavam “a ser muito interessantes, não sendo já o objetivo de EBITDA que foi imposto” para este ano, de 14 a 15%. Mas, sublinhou que, “com o portefólio que está a ganhar, a Efacec vai ser uma empresa muito apetecível”.
Recordando que o fundo alemão “tem um modelo de negócio que passa por recuperar as empresas e depois vender”, Rui Lameira disse acreditar que “será uma questão de timing, percebendo até que ponto é que a empresa está no ponto correto em termos de venda e que seja atrativa para outros grupos para ser comprada”.
“Acredito que atingindo os targets de EBITDA, mantendo-os e percebendo-se que está estável, que a Mutares provavelmente avance”, afirmou.
O Estado vendeu a totalidade da Efacec (nacionalizada em 2020) ao fundo de investimento alemão Mutares em novembro de 2023. O Executivo explicou que assumiu perdas de 200 milhões referentes aos apoios concedidos à empresa, ao longo dos meses, desde a nacionalização e que injetou mais 159 milhões que espera vir a recuperar no futuro, já que terá direito a receber dois terços da venda da empresa, dentro de cinco anos, no mínimo.
Este investimento final do Estado atingiu 201 milhões de euros, aos quais se somavam mais 30 milhões para o pagamento de contingências, menos 72 milhões de euros de garantias que tinham sido prestadas pela Norgarante à Efacec no passado e que foram retirados nesse momento. Ora, segundo as contas do INE, “o impacto líquido” da reprivatização da Efacec foi de 166,2 milhões e não os 159 inicialmente avançados.
Na conferência de imprensa, na qual foi anunciado o negócio, em novembro de 2023, o então secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, reconheceu que a operação iria ter um impacto nas contas públicas, mas não avançou valores porque o INE e a Direção Geral de Orçamento (DGO) ainda estavam a avaliar o impacto. Afinal, a Efacec teve um peso de 0,006% nas contas públicas.
A reprivatização da Efacec “demorou três anos e quatro meses a concluir, após fracassar um primeiro processo”, quando a DST não conseguiu chegar a acordo, “e culminou, até 17 de maio de 2024, no financiamento público de 484 milhões de euros (445 milhões pela Parpública e 35 milhões pelo Banco Português de Fomento, mais 4 milhões gastos com avaliações e assessorias do processo)”, como sintetizou o relatório do Tribunal de Contas, no qual alertava que havia o risco de a fatura subir para 564 milhões de euros.
O processo de nacionalização e reprivatização, que já foi alvo de uma comissão parlamentar de inquérito que caiu na sequência das eleições legislativas, está agora sob escrutínio da comissão de Economia no Parlamento, por proposta do PSD.
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