Caça aos dividendos. Vão ser mais atrativos este ano
Campeãs da Europa, as cotadas portuguesas vão dar mais motivos para sorrisos na próxima época de dividendos. Tome a devida precaução à partida para mais uma temporada de caça na bolsa.
Dividendos, dividendos e mais dividendos. A época de caça ao dividendo ainda não foi oficialmente aberta na bolsa nacional. Porém, à medida que as cotadas vão anunciando resultados, os investidores começam já a fazer contas àquilo que podem ganhar com a partilha dos lucros das empresas. Elas vão ser mais expansionistas na política de remuneração aos acionistas, sim. Mas também as taxas de rentabilidade deverão ser mais atrativas e sedutoras. Prepare os seus cartuchos, mas vá com prudência.
À partida para mais uma época de dividendos no PSI-20, um dos períodos do ano em que a bolsa consegue captar maior interesse dos investidores, as cotadas nacionais estão em posição para dar maiores alegrias aos acionistas do que no ano passado. O panorama geral aponta para uma melhoria da atratividade dos dividendos. O dividend yield, um dos indicadores utilizados para avaliar o sex appeal do dividendo, deverá superar os 5% em termos médios, acima dos 3,9% do ano anterior. Só que há dividendos mais atrativos do que outros. Mas também há riscos-empresa maiores do que outros.
Os analistas alertam sobretudo para os riscos associados à sustentabilidade do dividendo, à capacidade de crescimento dos resultados e à previsibilidade de gerar receitas da empresa, riscos que importa pesar na hora de apontar a mira e atirar ao dividendo.
Das nove cotadas que já reportaram contas no PSI-20, seis bateram as projeções do mercado, o que não deixa de ser um sinal positivo numa temporada em que os lucros terão crescido cerca de 4%. Já o bolo de dividendos prepara-se para engordar 25%. Para a equipa de research do Banco BiG, não há motivos de preocupação: “Apesar do rácio de payout (dividendos/lucros) se manter a níveis relativamente elevados, observou-se um esforço relativamente bem-sucedido de desalavancagem da generalidade das empresas do índice Português, o que se constata (por exemplo) na redução do rácio dívida líquida sobre o EBITDA de 3,23 vezes em 2010 para 2,57 vezes no final de 2015″.
Com os avisos feitos, centramos atenções nos dividendos.
Rendibilidade dos dividendos aumenta
As empresas do PSI-20 preveem distribuir este ano mais de dois mil milhões de euros sob a forma de dividendos. É muito dinheiro que para acedê-lo terá de ser necessariamente acionista na bolsa nacional.
Se ainda não possui títulos em carteira e pretende entrar na corrida aos dividendos, a dividend yield poderá revelar-se uma boa ferramenta para selecionar os alvos. O dividend yield calcula-se dividindo o dividendo pela cotação da ação. Quanto mais elevada for esta taxa, mais atrativo se assume o dividendo.
Entre as cotadas do PSI-20, é a Sonae Capital quem mais se destaca. Com um dividendo de 10 cêntimos, a cotada liderada por Cláudia Azevedo, filha de Belmiro de Azevedo, apresenta-se com uma taxa de retorno apetecível, bem acima de 10%. Um pormenor que pode fazer a diferença nesta análise tem a ver com o payout previsto: 142% dos lucros, o que significa que vai pagar (bem) mais em dividendos do que os lucros que obteve no ano passado.
De resto, os analistas esperam que também os CTT venham a repartir pelos acionistas mais do que os resultados que deverá ter obtido em 2016. A empresa de correios postais é mesmo um dos destaques para o Banco BiG. “Apesar do estágio desafiante em que se encontra a atividade do Banco CTT, deverá continuar a reforçar o valor do dividendo com base na elevada proporção de liquidez no balanço (cerca de 47,5% dos ativos totais)”, consideram os analistas do banco. Com base no preço da ação, o dividend yield deverá rondar os 9,5%. É a segunda maior taxa de rentabilidade em Lisboa.
Os dividend yields mais interessantes no PSI-20
Além dos CTT, o Banco BiG coloca os holofotes sobre a Navigator. Ainda não há valor previsto para o dividendo. O consenso do mercado sugere que a papeleira liderada por Diogo Silveira deverá assumir um compromisso para um dividendo de 23 cêntimos, acima dos 19 cêntimos do ano passado. “Destacamos a possibilidade do reforço do dividendo (numa base homóloga) pela Navigator em resultado da evolução favorável das operações e pelo adiamento do investimento da fábrica em Cacia que foi diferido para 2017”, justificam os analistas do BiG.
Tamanho não importa
Em volume total do dividendo, EDP e Galp são as rainhas da bolsa. A elétrica nacional vai deixar à disposição dos acionistas aproximadamente 700 milhões de euros. A petrolífera prevê remunerar o mercado com mais de 400 milhões de euros. Representam mais de metade do bolo de dividendos do PSI-20. É um montante elevado, mas o tamanho não é tudo. O sex appeal importa. A consistência também.
A EDP surge com uma taxa de retorno de quase 7%, colocando o dividendo de 19 cêntimos no top 3 do ranking. A Galp está bem mais abaixo. Ainda assim, as duas energéticas têm-se revelado consistentes na política de remuneração acionista que assumem. Carlos Gomes da Silva, CEO da Galp, comprometeu-se com o mercado com um dividendo nunca inferior a 50 cêntimos nos próximos anos, um indicador importante para quem prefere adotar uma postura de longo prazo no mercado.
Falando em longo prazo, também a Nos poderá ter deixado um sinal positivo nos resultados que apresentou. O dividendo de 20 cêntimos por ação até pode ter ficado abaixo do esperado pelo Haitong. Ainda assim, o aumento da remuneração em 25% representa uma boa indicação de que a operador “está disposta a apresentar aos investidores um aumento mais considerável nos dividendos nos próximos anos”.
Campeões da Europa
A concretizar-se o cenário previsto pelos analistas, Portugal poderá reclamar para si o título de campeão da Europa nos dividendos. Um estudo da Allianz Global Investors revelou que, no final de 2016, a rentabilidade média do dividendo situou-se em torno dos 3,5% em toda a Europa, abaixo das projeções para o PSI-20. A gestora de ativos explica esta situação com o facto de que o mercado nacional apresenta valorizações baixas, o que acaba por tornar mais atrativos os dividendos.
Lisboa consegue superar o mercado espanhol, a quem a Allianz atribuiu uma rentabilidade de 4,4%.
No plano europeu, os cálculos apontam para um total de dividendos de 315 mil milhões de euros a distribuir pelas companhias do Velho Continente, batendo assim o anterior recorde de 302 mil milhões registado em 2016.
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