Cotadas mais generosas. Vão dar dois terços dos lucros aos acionistas
Lucros subiram, mas dividendos vão crescer mais. As cotadas nacionais vão ser mais generosas com os acionistas. Por cada três euros de lucro, dois vão para o bolso dos investidores.
As cotadas nacionais vão ser mais generosas este ano. Apesar do modesto crescimento dos resultados que deverá apresentar, a maioria das empresas prepara-se para aumentar os dividendos. Contas feitas, por cada três euros de lucro obtido no ano passado, dois euros deverão ir para o bolso dos acionistas. Em alguns casos, até vão pagar mais do que lucraram no ano passado.
Com a época dos dividendos à porta, muitos investidores começam a centrar atenções nas cotadas com políticas de remuneração mais atrativas. E 2017 deverá ser bastante generoso com eles. O bolo dos dividendos deverá crescer mais de 25% para um total de 2,15 mil milhões de euros face ao ano anterior. Isto apesar de os lucros das cotadas que pagam dividendos crescerem uns tímidos 4% para 3,07 mil milhões de euros. Ou seja, 70% dos resultados vão parar às mãos dos acionistas, segundo as estimativas dos analistas, um valor que compara com os 57% de payout observado no ano passado.
“Apesar do rácio de payout (dividendos/lucros) se manter a níveis relativamente elevados, observou-se um esforço relativamente bem-sucedido de desalavancagem da generalidade das empresas do índice português, o que se constata (por exemplo) na redução do rácio dívida líquida sobre o EBITDA de 3,23 vezes em 2010 para 2,57 vezes no final de 2015″, refere a equipa de research do BiG.
A temporada de resultados no PSI-20 ainda vai a meio. Até ao momento, as contas até têm sido francamente positivas. Das oito que já foram a exame, seis bateram as previsões do mercado. Entre elas destacam-se EDP e Galp. A elétrica aumentou o lucro de forma tímida e a petrolífera ganhou menos no ano passado, mas isso não impediu de manter uma remuneração sob a forma de dividendos em linha com o compromisso com os acionistas. Juntas representam mais de metade do bolo de dividendos: mais de mil milhões.
A EDP anunciou ontem um lucro de mais de 960 milhões de euros, batendo as previsões dos analistas. Com isso, vai propor uma subida do dividendo para os 19 cêntimos por ação, prevendo distribuir cerca de 700 milhões de euros. No caso da Galp, a queda de 24% do resultado líquido para 483 milhões de euros não influenciou a política da gestão de Carlos Gomes da Silva, que até aumentou o dividendo dos 40 cêntimos para os 50 cêntimos. Vai entregar aos acionistas 86% dos lucros, um total de cerca de 415 milhões de euros. Dos quais 140 milhões irão para o bolso de Américo Amorim e dos angolanos Isabel dos Santos e Sonangol.
Dividendos superam os dois mil milhões
Entre as que contam mais para o bolo no PSI-20 estão ainda Jerónimo Martins, Navigator e Nos. A retalhista nacional vai atribuir aos acionistas uma parcela de 64% dos seus lucros, 0,605 euros por ação, depois de um ano em que o resultado líquido de 593 milhões de euros foi amplamente beneficiado com a venda da Monterroio à família Soares dos Santos. Já a produtora de pasta de papel obteve um lucro de 217,5 milhões de euros e o CEO Diogo da Silveira anunciou aos investidores que o dividendo deste ano será superior ao do ano passado. Os analistas apontam para um dividendo de 0,23 euros por título.
Quanto à Nos, com os lucros de 90,4 milhões de euros, o dividendo subiu para os 20 cêntimos. Ou seja, a empresa liderada por Miguel Almeida vai fazer um esforço adicional para remunerar os seus acionistas: serão mais de 100 milhões de euros colocados à disposição dos investidores sob a forma de dividendos, um payout acima de 100%.
EDP e Galp dominam dividendo
As contas tiveram por base 14 cotadas do PSI-20. Foram excluídos da análise os bancos BPI e BCP e ainda a Caixa Económica Montepio, pela razão de que não vão pagar dividendos. E ainda a Pharol devido à falta de cobertura dos analistas, apesar do dividendo de três cêntimos que a antiga PT SGPS pagou no ano passado.
Empresas pagam sem lucro
Depois de vender terrenos a Sandra Ortega, filha do dono da Zara, por 50 milhões de euros, a Sonae Capital viu os lucros multiplicarem-se para os 17,6 milhões de euros em 2016. Ainda assim, a cotada liderada por Cláudia Azevedo vai dar aos acionistas mais do que isso. Propõe um dividendo de 10 cêntimos, um total de 25 milhões de euros, representando 142% dos lucros.
Esta política não é propriamente novidade na Sonae Capital, já que no exercício anterior, pagou um dividendo de seis cêntimos, apesar dos prejuízos na ordem dos 300 mil euros. E também não deverá ser novidade no PSI-20. A Nos vai fazer. Os CTT também deverão.
Os analistas antecipam um dividendo de 0,48 cêntimos, um aumento de um cêntimo face ao ano anterior. A cotada liderada por Francisco Lacerda deverá por nas mãos dos acionistas um montante superior aos lucros de 65 milhões de euros que terá registado em 2016. Tendo em conta que é a ação mais penalizada este ano — cai mais de 20% em 2017 –, a questão do dividendo poderá (ou não) mudar o rumo dos acontecimentos nos CTT.
De resto, os CTT deverão ser um dos pontos de atenção para os investidores. O BiG espera que, “apesar do estágio desafiante em que se encontra a atividade do Banco CTT, deverá continuar a reforçar o valor do dividendo com base na elevada proporção do cash em balanço (cerca de 47,5% dos ativos totais)”.
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