Draghi pede paciência a quem pretende fim dos estímulos
Presidente do BCE defendeu a necessidade de manter o programa de compra de dívida porque a inflação vai continuar abaixo da meta de 2%. Isto apesar das melhores perspetivas de crescimento económico.
No statement que acompanhou a decisão de manter os juros em mínimos históricos, o Banco Central Europeu (BCE) deixou cair a referência de que a taxa pode ser novamente cortada. Estava dado o mote para uma conferência de imprensa com um Draghi que se esperaria menos expansivo do que até agora. Ainda assim, o que se viu foi um presidente do BCE em linha com o passado recente. O italiano reviu em baixa a inflação. E nesse sentido pediu paciência a quem pretende que o banco central comece a retirar os estímulos monetários.
“Precisamos de ser pacientes“, declarou o presidente do BCE depois de a reunião do Conselho de Governadores em Tallin, Estónia. “Precisamos de manter a recuperação acompanhada da nossa política monetária”, frisou Draghi.
Embora o BCE tenha revisto em alta as perspetivas de crescimento económico para a região da moeda única, a inflação continua a ser uma pedra no sapato do italiano. A evolução dos preços continuará aquém daquilo que é a meta do BCE. Em 2019, a taxa de inflação ainda estará nos 1,6%, abaixo dos 2% que é o objetivo do banco central.
E isto numa altura em que cresce o debate em relação à retirada do programa de compra de dívida pública na zona euro que, de acordo com Draghi, poderá ir além do final deste ano se as condições económicas assim o exigirem.
“A expansão económica ainda não se traduziu em dinâmicas de inflação mais fortes. Até agora, o nível de inflação subjacente continua contido. Por isso, um elevado grau de acomodação monetária ainda é necessário“, sublinhou Draghi.
Para explicar a retirada da referência de novo corte na taxa de juro do statement do BCE, Draghi indicou que essa circunstância serve para refletir a visão do conselho de governadores de que já não há riscos de deflação na zona euro.
"Precisamos de ser pacientes. Precisamos de manter a recuperação acompanhada da nossa política monetária.”
O staff técnico do BCE atualizou as suas projeções económicas para a região da moeda única. Em termos gerais, reviu em alta a expansão económica para a Zona Euro nos próximos três anos. Cresce 1,9% este ano (contra os 1,8% esperados inicialmente). Em 2018 e 2019, o crescimento também é revisto em alta para 1,8% e 1,7%, respetivamente.
Nos mercados, o euro seguia pressionado pela menor inflação esperada até 2019. Já os juros associados às obrigações portuguesas a dez anos voltou a negociar abaixo da fasquia dos 3%.
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