CTT mudam chefia de topo nas operações para dar a volta à crise
CTT deverão anunciar hoje uma quebra histórica nos resultados. E o ECO sabe que a empresa vai mudar a chefia de topo na área core de tratamento e distribuição de correio. Substituto vem de fora.
É uma mudança sensível que ocorre bem no coração de um negócio em plena crise nos correios. O diretor nacional de operações dos CTT está de saída para dar início a um novo ciclo de gestão dentro da empresa. Para substituir Hernâni Santos, responsável pela área de distribuição e tratamento de correio, que responde por 70% da força de trabalho da empresa, está em curso um processo de recrutamento externo. A transição, que está a gerar desconforto entre os trabalhadores, vai ocorrer ainda na primeira metade do ano.
Foi o próprio Francisco Lacerda, presidente dos CTT, quem cuidou de anunciar esta mudança aos trabalhadores numa comunicação interna enviada a 12 de fevereiro e à qual o ECO teve acesso.
Como justificação para esta substituição numa área vital no negócio dos CTT CTT 0,00% está a nova realidade do mercado e a fraca procura no segmento de correio postal, circunstâncias que têm afetado de forma particular a atividade da empresa que deverá anunciar esta quarta-feira uma descida acentuada do lucro de 2017.
“Como anunciámos nos últimos meses, a reengenharia e readaptação das operações a uma nova realidade de mercado e dimensão de procura será absolutamente central na Estratégia dos CTT. Temos um objetivo de, a par com reforçar a qualidade no cumprimento dos critérios definidos, introduzir no médio prazo cerca de 25 milhões de euros de poupança nos custos operacionais associados a um ambicioso programa de investimentos. O momento em que estamos aparece assim como o adequado a uma transição de um ciclo de gestão“, explicou Lacerda no comunicado interno.
E o momento para os CTT é este: o grupo terá fechado 2017 com um lucro de 38,66 milhões de euros, menos 40% face ao resultado líquido obtido um ano antes, segundo as estimativas os analistas sondados pela Reuters.
A reengenharia e readaptação das operações a uma nova realidade de mercado e dimensão de procura será absolutamente central na Estratégia dos CTT. (…) O momento em que estamos aparece assim como o adequado a uma transição de um ciclo de gestão.
Para fazer face a esta deterioração das contas, perante o abrandamento no tráfego postal, a empresa avançou em dezembro com um plano de reestruturação que, entre outras medidas, inclui a saída de trabalhadores, o fecho de lojas e cortes salariais e de prémios na administração. Tudo com o objetivo de chegar a 2020 com poupanças anuais de 45 milhões de euros.
Parte da nova estratégia passa por reforçar o segmento de Encomendas & Expresso, atividade onde o operador tem vindo a anunciar novidades e parceiras, e ainda o Banco CTT, lançado em março de 2016.
O ECO tentou obter mais esclarecimentos acerca desta mudança na gestão de topo da empresa mas não obteve uma resposta em tempo útil da parte dos CTT.
“Sucessão muito particular”
Na comunicação enviada aos trabalhadores, Francisco Lacerda fez questão de sublinhar o “contributo ímpar [de Hernâni Santos] para a evolução e afirmação dos CTT como um operador de referência no panorama internacional”. E por isso se percebe o cuidado com uma transição na chefia da área de operações, que tem o pelouro dos transportes, tratamento e distribuição de correio, e que o próprio CEO espera que seja “suave” e que promova uma “passagem de conhecimento” para o sucessor.
“Esta é uma sucessão muito particular e o Hernâni terá nela um papel fundamental”, ressalvou Lacerda, isto depois de adiantar que “está a decorrer um processo de recrutamento externo para a sua substituição”. O ECO sabe que o facto de a empresa estar à procura de um substituto externo aos CTT está a causar desconforto entre os trabalhadores.
Lacerda finaliza a comunicação aos trabalhadores dizendo que, “como é óbvio, a autoridade Hernâni nas suas funções manter-se-á intacta até à sua saída efetiva, que prevemos que ocorra neste primeiro semestre de 2018“.
A empresa CTT tem cerca de 10.000 trabalhadores. Cerca de 7.000 trabalham precisamente na área dos transportes, tratamento e distribuição. Além de diretor das Operações, Hernâni Santos ocupa ainda vários cargos enquanto vogal no conselho de administração de várias empresas do grupo: CTT Contacto, Mailtec Comunicação e Mailtec Consultoria. Abandona agora o operador postal 38 anos depois.
"Está a decorrer um processo de recrutamento externo para a sua substituição, assegurando uma coincidência temporal de lideranças que promova essa transição suave e uma passagem de conhecimento. Esta é uma sucessão muito particular e o Hernâni terá nela um papel fundamental”
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