Com Páscoa à porta, crise nos combustíveis pode provocar rutura de stock de leite
A Federação das Indústrias Agroalimentares está "muito apreensiva" com os efeitos da greve dos motoristas de matérias perigosas no setor e diz haver mesmo a possibilidade de rutura de stock de leite.
Os efeitos da greve dos motoristas de matérias perigosas já se fazem sentir no setor agroalimentar, por causa da distribuição desses produtos. Quem o diz é o presidente da Federação das Indústrias Agroalimentares (FIPA). Em declarações ao ECO, Jorge Henriques salienta mesmo que é possível que haja rutura de stock de alguns dos artigos tradicionalmente consumidos durante a Páscoa, como o leite e os refrigerantes. “Estamos muito apreensivos”, diz o responsável.
Desde as 00h00 de segunda-feira que os motoristas de matérias perigosas estão em luta pelo reconhecimento da sua categoria profissional. Apesar de o Executivo ter definido serviços mínimos, os primeiros dias desta paralisação têm ficado marcados por longas filas nas bombas de combustíveis. No setor agroalimentar, os efeitos também já se sentem, particularmente na distribuição dos produtos acabados e no abastecimento das fábricas com matérias-primas.
Exemplo disso é a indústria do leite. “É um produto que tem de ser trabalhado no máximo nas primeiras 48 horas”, explica Jorge Henriques, adiantando que, face a esta paralisação, estes produtores estão a “atravessar um momento muito difícil”, podendo mesmo estar em cima da mesa a rutura de stock, durante o fim de semana prolongado e a Páscoa.
Outras das indústrias afetadas são, diz o dirigente da FIPA, a dos óleos refinados e a das bebidas refrigerantes. Nesses casos, não está a ser possível escoar os produtos finais, o que impede a continuação dos trabalhos. Isto quando, em muitos desses casos, os processos tendem a acontecer de forma contínua.
Portanto, Jorge Henriques identifica dois efeitos principalmente preocupantes desta greve no setor agroalimentar. Por um lado, aponta as dificuldades no abastecimento de matérias-primas, que está a agravar-se “a cada hora que passa”. “Algumas refinarias estão quase em paragem”, reforça o responsável. Por outro, está a ser difícil levar os produtos terminados aos clientes, já que as frotas de distribuição estão a ter dificuldades no abastecimento.
Tudo somado, Jorge Henriques frisa: “Se não houver uma resolução nas próximas 24 horas, estamos a falar de muitos milhões de euros de prejuízo para as indústrias do setor agroalimentar”.
De notar que o Executivo, entretanto, reuniu com o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), obrigando ao cumprimento dos serviços mínimos. Foi nesse contexto que várias dezenas de postos no norte do país e na capital estão a ser reabastecidos, o que poderá mitigar, por exemplo, os efeitos desta paralisação na distribuição dos produtos agroalimentares. Ainda assim, face à elevada procura, o stock disponibilizado de combustíveis deverá emagrecer significativamente nas próximas horas, o que poderá voltar a agravar a situação.
Apesar dos problemas indicados pelo setor agroalimentar, as grandes cadeias de supermercados garantem que, para já, têm asseguradas as suas operações. Isso mesmo disseram ao ECO fontes da dona do Pingo Doce e do Minipreço.
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