Pedir a demissão: prós e contras de aceitar uma contraproposta

  • Ricardo Vieira
  • 13 Julho 2019

39% dos profissionais que aceitam a contraproposta da empresa, para não mudar de trabalho, volta a procurar outro emprego ao fim de um ano.

Muitos profissionais apresentam demissão depois de terem recebido uma oferta de emprego. No entanto, quase quatro em cada 10 (39%) dos que aceitam a contraproposta da empresa — e não chegam a mudar de trabalho — voltam a procurar outro emprego ao fim de um ano. Os dados são da consultora Robert Walter, que recomenda ter em conta cinco aspetos antes de tomar qualquer decisão:

Razão para mudar

Oito em cada dez trabalhadores planeiam mudar de emprego e há sinais que indicam que é hora de mudar. “Pode ser excelente para o ego receber um aumento salarial e sentir que somos desejados pela nossa empresa atual no momento da contraproposta, mas é improvável que isto seja uma boa solução a longo prazo para si” a não ser que, explica a consultora, os problemas que possam estar entre as razões para uma saída sejam abordados e resolvidos.

Tempo para pensar

“As reações iniciais a uma contraoferta podem ser emocionais e impulsivas – por um lado, uma sensação de prazer por se sentir necessário à sua empresa, por outro, um sentimento positivo de um aumento de salário inesperado”. Mas, para Marco Laveda, managing director da Robert Walters Portugal, “é importante separar a parte emocional de se deixar um emprego das razões racionais que o levaram a tomar essa decisão”. Esperar alguns e aproveitar para fazer uma lista de prós e contras é o mais aconselhado, assim como abordar o assunto com famílias e amigos.

O poder do aumento salarial

“Por que razão esperou a sua empresa até agora, quando está prestes a despedir-se, para lhe oferecer um aumento de ordenado? Precisa de considerar se também teria sido aumentado e valorizado pelo seu contributo para a empresa se não tivesse apresentado a sua demissão”, recomenda Ana Monteiro, consultora especialista de Marketing Digital na Robert Walters. “Se lhe podem oferecer mais dinheiro agora, naturalmente pergunta-se: haverá alguma razão para não o terem feito antes? Pode querer dizer que a sua empresa o estava a subvalorizar”.
Para a especialista é “essencial ver mais além e pensar na sua posição a longo prazo, quando a novidade de um bom aumento salarial tiver passado”.

"É importante separar a parte emocional de se deixar um emprego das razões racionais que o levaram a tomar essa decisão.”

Marco Laveda

Managing director da Robert Walters Portugal

Todos sabem que quis ir embora

Ao ponderar uma contraproposta, algumas pessoas preocupam-se com a forma como serão vistas pela empresa, que agora conhecem a sua vontade em sair. “Não se esqueça que agora vai ser do conhecimento geral que houve um momento em que você se quis ir embora”, declara Marco Laveda. “Assim, tem de pensar se isso vai prejudicar o seu futuro, e se a sua empresa apenas pretende poupar o custo e o trabalho de ter de substituí-lo”, alerta.

Felicidade

Se sente entusiasmo e vontade de começar “a trabalhar num novo ambiente e num posto mais enriquecedor, isto é um sinal muito forte de que não deve aceitar uma contraoferta da empresa onde se encontra agora”. É importante estar seguro de que toma a decisão pelas razões certas, “embora seja tentador ficar com aquilo que já conhece e domina, com o benefício de um aumento salarial”.

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