“Powerful”, de Patty McCord
Quando se recruta, motiva e cria equipas, McCord acredita que a maioria das empresas o faz de forma incorreta. Desde o dia 1 na criação da cultura na Netflix, a escritora conta o que aprendeu.
“Todos somos adultos”. Repitam com Patty McCord: “Todos somos adultos”. A gestora e consultora de recursos humanos, cofundadora da Netflix e que desempenhou na empresa o cargo de diretora de talento durante 14 anos, explica que o princípio de cultura básico, quando se fala de pequenas, médias ou grandes empresas, é considerar que sempre que falamos, falamos com adultos. E isso pressupõe liberdade e, claro, responsabilidade.
No livro Powerful – Construir uma cultura de liberdade e de responsabilidade, a altura volta à génese da construção de equipas de trabalho, regressando aos primeiros dias da plataforma de streaming mundial.
Patty desafia os leitores a repensar a forma como trabalham mas, sobretudo, a considerarem a implementação de uma cultura de responsabilidade e liberdade onde todas as peças do puzzle são adultos que assumem erros e vitórias como naturais.
A ideia do livro, conta a autora à Pessoas, nasceu da necessidade de fazer sentir aos leitores que eles são poderosos e que podem, eles mesmos, ser agentes de mudança dentro das organizações que integram. Esse poder para por bem gerir pessoas, equipas e carreiras de forma natural mas organizada.
A autora norte-americana revela alguns dos princípios que a ajudaram a estruturar a equipa inicial da Netflix mas, também, adianta as estratégias que permitiram à empresa crescer dos primeiros trabalhadores para as centenas que integram a gigante mundial atualmente. E documentando, não só as decisões como as dores de crescimento. “Se a tua empresa está à procura de conforto e excelência, este livro é obrigatório. É tão simples como isso. A Patty McCord articula aquilo que muitos líderes precisam de ouvir, e ensina como implementar essas medidas”, referem Neil Blumenthal e Dave Gilboa, cofundadores e coCEO da Warby Parker.
McCord sublinha ainda a necessidade de uma cultura de transparência, tanto nos grandes desafios como nas oportunidades da empresa e dos seus trabalhadores. Isso inclui processos de recrutamento, sendo condição essencial para contratar as melhores pessoas para os lugares, segundo a especialista, como também na partilha de dados sobre a empresa em sessões abertas a todos os trabalhadores, o que torna as pessoas participantes mais ativas, envolvendo-as tanto nas boas como nas más notícias. E, claro, tornando-as participantes dos maiores desafios que a empresa enfrenta.
Nomeado pelo The Washington Post como um dos 11 melhores livros de liderança para ler em 2018, Powerful é uma lição de como criar uma cultura empresarial de liberdade e de responsabilidade, desde o dia 1, através da atribuição de poder às pessoas, na gestão delas próprias, das suas carreiras e, sobretudo, como filosofia que gera produtividade.
Sobre o autor:
Com experiência em trabalhar com algumas das maiores empresas tecnológicas do mundo até às mais pequenas e inovadoras startups, Patty McCord viu da primeira fila como as empresas se tornam lentas e complacentes, e os seus empregados cínicos e infelizes. A autora passou 14 anos na Netflix, onde teve oportunidade de experimentar novas formas de trabalhar, construindo a plataforma de cultura que fez a gigante de streaming mundial atrair o talento que fez da empresa o que ela é hoje.
Patty McCord acredita que mudar a política das empresas passa por abolir processos de performance, tendo como princípio básico a assunção de que todos os trabalhadores são adultos e responsáveis pelas suas ações.
Pelo trabalho desenvolvido ao longo dos anos, a gestora de pessoas e consultora é frequentemente citada ou entrevistada por meios de comunicação internacionais, dos quais são exemplo marcas como a Harvard Business Review, NPR, Fast Company e The Wall Street Journal, entre outras.
5 perguntas a Patty McCord
A Pessoas conversou com a autora de Powerful sobre as ideias essenciais que passou para o livro. McCord defendeu a ideia de que, para funcionar, a cultura empresarial deve basear-se na ideia de que todos os trabalhadores são adultos.
Qual é o princípio básico para construir equipas?
Acredito que todas as pessoas conseguem fazer coisas incríveis mas as pessoas são todas diferentes, tal como as empresas. O que acho é que se assumirmos que todos somos adultos, conseguimos construir equipas mais fortes e complementares. Trata-se de assumir a liberdade e a responsabilidade
De que tipo de líder precisam as pessoas?
Eu sou workaholic, trabalho todo o tempo. Mas não escrevi o livro para dizer que toda a gente devia tentar e fazer o mesmo. Escrevi-o para documentar uma experiência que acredito que pode inspirar outras empresas a fazer o mesmo.
Quais são os principais desafios atuais na gestão das pessoas?
Está tudo a mudar e ninguém mede as boas práticas. Hoje, trata-se de mudar a cultura, que é a maneira com que sempre fizemos as coisas. É uma mudança global.
Quais os setores mais desafiantes neste âmbito?
Por exemplo, no caso dos bancos: o futuro é global, é móvel. Podemos fazer tudo no telefone. Quando o talento não está disponível da maneira a que estás habituado é altura de mudares. E é isso que está a acontecer neste momento.
Durante 14 anos trabalho na Netflix. Em que basearam a construção da equipa fundadora da empresa quando ainda era uma startup?
Na ideia de que a tua empresa deve ser um sítio onde queres estar. Tudo começou desde o primeiro dia e nós nem demos por isso.
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