Espanhóis da Merlin podem chegar à maior montra da bolsa portuguesa já em março

"O objetivo é a entrada no PSI-20", diz o responsável da Merlin em Portugal, ao ECO. Com seis mil milhões de euros em capitalização bolsista, poderá ser a quinta maior cotada do índice de referência.

A espanhola Merlin Properties poderá ter entrada direta para o principal índice acionista português PSI-20 já em março. Com uma capitalização bolsista superior a seis mil milhões de euros, a empresa — que anunciou recentemente que irá entrar para a bolsa portuguesa — diz que a meta é negociar na maior montra de cotadas em Portugal e poderá ser a quinta maior empresa do índice.

João Cristina, responsável da Merlin em Portugal, explica ao ECO que “o objetivo é a entrada no PSI-20”, mas sublinha que “a data dependerá também da análise do comité do PSI-20“.

A empresa do setor imobiliário já tinha apontado a intenção de ser cotada em Lisboa para ter maior visibilidade no mercado português. Como está cotada em Espanha, a empresa já está familiarizada com os requisitos necessários e espera concretizar o processo até ao final do ano.

O objetivo é a entrada no PSI-20. Porém, a data dependerá também da análise do comité do PSI-20. Se aprovada a nossa entrada, e uma vez que a capitalização bolsista da Merlin é de cerca de seis mil milhões de euros, ocuparíamos o quinto lugar entre as empresas listadas em Portugal.

João Cristina

Responsável da Merlin em Portugal

Deverá assim ser considerada na próxima revisão anual do PSI-20, em março, e preencher os requisitos necessários para integrar o índice: pelo menos 100 milhões de euros em capitalização bolsista efetivamente dispersa (free float market capitalization) e um mínimo de 15% de dispersão do capital (free float).

Como será uma empresa recém-cotada em Lisboa terá de ter também um mínimo de 20 sessões negociadas, mas mesmo que o listing resvale para janeiro ainda será possível.

“A operação é um dual listing puro, havendo um listing das mesmas ações cotadas em Espanha, na bolsa portuguesa. Desta forma, os investidores portugueses podem adquirir ações da Merlin na bolsa portuguesa”, refere João Cristina. “Se aprovada a nossa entrada, e uma vez que a capitalização bolsista da Merlin é de cerca de seis mil milhões de euros, ocuparíamos o quinto lugar entre as empresas listadas em Portugal“.

Merlin poderá vir a ser a quinta maior empresa do PSI-20

Fonte: Reuters

Há mais de um ano com 18 cotadas

Das 18 cotadas que preenchem o PSI-20, há apenas quatro que têm uma capitalização bolsista superior à Merlin. A EDP tem mais do dobro, com quase 13 mil milhões de euros em capitalização bolsista. Segue-se a Galp Energia, acima dos dez mil milhões, bem como a Jerónimo Martins e a EDP Renováveis, com 9,5 mil milhões e 8,5 mil milhões, respetivamente.

Com a potencial entrada da Merlin em março de 2020, o PSI-20 ainda não chega ao número de componentes que lhe dá nome, mas poderá voltar a ter 19 cotadas, o que não acontece desde setembro de 2017. As regras do índice determinam que não pode ter menos de 18 empresas cotadas, mas com a saída do BPI, no seguimento da OPA do CaixaBank, foi o que aconteceu durante um mês, no início de 2017.

A entrada da Novabase e da Ibersol levaram o número de componentes de volta para 19, mas a exclusão das unidades de participação do Montepio em setembro desse ano deixou o índice novamente no limite das regras. Na última revisão anual, em março de 2018, a Novabase regressou ao PSI Geral e a F.Ramada foi promovida ao PSI-20. O Comité do PSI-20 poderá, no entanto, aproveitar a próxima revisão para excluir alguma das cotadas mais pequenas.

Espanhóis de volta a Lisboa

A operação da Merlin traz também de volta a presença espanhola à bolsa de Lisboa, que foi comum no início do século. Entre as empresas espanholas que fizeram dual listings nessa altura estiveram outros quatro grupos. O banco Santander foi o último resistente, mas acabou por deixar a bolsa portuguesa no ano passado, quando saiu também das bolsas da Argentina, Brasil, Itália e México no âmbito de um “processo de racionalização”.

Além deste, também o (desde então falido) Banco Popular Espanhol abandonou o índice em 2013, enquanto a construtura Sacyr Vallehermoso — que comprou a Somague, da família Vaz Guedes, em 2000 — saiu em 2012. A empresa produtora de embalagens de cartão Europac só negociou em Lisboa mesmo entre 2007 e 2009.

O Espírito Santo Financial Group, sociedade luxemburguesa que detinha 20,1% do Banco Espírito Santo, fecha a lista de empresas que fizeram dual listing, sendo que negociava nas bolsas de Lisboa e do Luxemburgo até à queda do grupo em julho de 2014. Atualmente, o único dual listing existente é o da própria Euronext — empresa gestora de bolsas como a portuguesa –, que está cotada em todos os seus mercados.

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