Facebook cria área para notícias e paga milhões a jornais. Decisão de incluir site extremista gera críticas
O Facebook lançou uma aba para notícias depois de fechar contratos com jornais que chegam a vários milhões de dólares. Mas incluiu um site extremista entre o jornalismo de "alta qualidade".
O Facebook FB 0,00% anunciou um plano para apoiar o jornalismo de “alta qualidade” através de uma nova área chamada “Top News” na rede social, dedicada exclusivamente a notícias. A empresa lançou a funcionalidade para cerca de 200 mil utilizadores numa fase inicial, mas a intenção é disponibilizar o novo feed de forma mais global.
O conteúdo exibido foi licenciado pelo Facebook junto de empresas de comunicação social, incluindo títulos como The New York Times, The Wall Street Journal e New York Post. Estes contratos deverão gerar alguns milhões de dólares de receita adicional para estas empresas, numa altura em que o setor atravessa uma grave crise desde que perdeu o controlo da distribuição para plataformas como o Facebook.
Os utilizadores vão ter algum controlo sobre o conteúdo que é exibido na aba das notícias. Apesar de os principais destaques serem escolhidos por uma “equipa de jornalistas”, a empresa desenhou um algoritmo de curadoria de conteúdos para destacar histórias que possam interessa ao utilizador. Mas os leitores também podem seguir tópicos de interesse e esconder as notícias de fontes que optem por não acompanhar.
O Facebook tem sido pressionado a equilibrar o mercado a favor das empresas que criam conteúdos, uma vez que a plataforma é capaz de monetizar as notícias sem ter de partilhar as receitas com os jornais. “As pessoas querem ver notícias de alta qualidade no Facebook”, reconheceu Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook, no lançamento desta nova aba “Top News”. No entanto, o gestor continua a defender que os utilizadores dão preferência às publicações feitas por amigos e familiares, pelo que o algoritmo principal deverá continuar a dar prioridade a este tipo de conteúdo.
As notícias de jornais como o The New York Times e The Wall Street Journal, que são pagas, vão continuar a ser. Ao clicarem num conteúdo destes jornais na aba de notícias do Facebook, os utilizadores vão ser convidados a fazerem uma subscrição. Atualmente, é possível obter uma subscrição do The New York Times por quatro euros por mês, enquanto a promoção do The Wall Street Journal oferece três meses por um euro. Mas a aba também vai ter conteúdos de meios gratuitos.
A funcionalidade do Facebook para notícias está a ser recebida com um sentimento misto no mercado. Por um lado, representa um primeiro “investimento” significativo do Facebook no jornalismo, depois de vários anos em que a rede social e os publishers estiveram de costas voltadas. No entanto, por outro, o plano de Mark Zuckerberg também está a ser alvo de fortes críticas.
Entre os cerca de 200 títulos de “alta qualidade” que marcam presença na aba do Facebook está o site de extrema-direita Breitbart, do qual fez parte o estratega da campanha de Donald Trump, Steve Bannon — e que, por exemplo, trata os imigrantes por “aliens”. A decisão de integrar este título na plataforma espoletou receios de que a aba “Top News” vá dar palco à extrema-direita, que tem acusado a rede social de “censurar” as suas ideias em detrimento da ideologia mais liberal. E representa também um passo atrás nos esforços que têm sido feitos para travar a propagação do discurso de ódio na internet.
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Correção: Uma anterior versão deste artigo apontava Steve Bannon como fundador do Breitbart. Bannon fez parte do site, mas não foi o seu fundador.
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