Caixa vende 100 milhões em malparado. Projeto “Marte” atrai três fundos
Banco público está a vender carteiras de malparado com o nome de planetas. CGD tem em curso venda do "Mars II", no valor de 100 milhões, com a Cerberus, a Anacap e a CRC na corrida.
Não é uma questão de astrologia, mas a Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a contar com a ajuda dos planetas para baixar o malparado. Sim, leu bem. O banco público tem colocado no mercado carteiras de ativos problemáticos como crédito em incumprimento com o nome de planetas. Um dos portefólios que está à venda tem o nome de Project Mars, em português, Projeto Marte. A seguir virá Neptuno.
Segundo apurou o ECO junto de fonte do mercado, na corrida pelo Projeto Mars II (já vai na segunda versão) estão três fundos conhecidos do mercado de malparado nacional: a Cerberus, a Anacap e a CRC. Trata-se de uma carteira de créditos da casa em situação de não-pagamento por parte dos clientes no valor a rondar os 100 milhões de euros. Os três fundos estão já na fase de apresentação de propostas firmes.
Na primeira versão do Projeto Mars, uma carteira no valor de 170 milhões de euros com créditos à habitação em incumprimento, quem ganhou o “concurso” foi a CRC.
Contactada pelo ECO, a Caixa não comenta, mas é sabido que o banco está a vender carteiras de ativos problemáticos. “Temos várias carteiras preparadas para vender até final do ano. Chegar perto do threshold de 5%. Não só em Portugal, mas também créditos em Espanha, França e Luxemburgo. Não queremos que este esforço seja feito apenas na sede”, referiu Paulo Macedo na apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano.
No BCP, os nomes das carteiras giram à volta dos animais: Pumas, Eagle, Tiger… Na Caixa, os portefólios são designados por planetas. Outra das carteiras que está no “pipeline” dá pelo nome de Projeto Neptuno, que inclui um conjunto de empréstimos problemáticos no segmento corporate o valor de 200 milhões de euros.
Tal como os outros bancos — ainda esta quarta-feira o BPI anunciou a venda de uma carteira de malparado e imóveis –, também a Caixa está forçada a baixar os níveis de malparado e de ativos não produtivos para cumprir com as exigências regulatórias. Neste capítulo, o banco público tem feito um esforço considerável desde o plano de recapitalização. Chegou a setembro deste ano com um rácio de non performing exposure (NPE) de 5%, quando no final de 2016 apresentava um rácio de 16%.
O banco registou lucros de 640 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais 70% do que nos primeiros nove meses do ano passado, com os resultados a serem impulsionados pelas vendas das subsidiárias em Espanha e África do Sul.
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