Pacto para plásticos vai comprometer empresas e Estado na redução dos descartáveis
Vai ser assinado na terça-feira um pacto para vincular setor público e privado à redução dos plásticos descartáveis. Produzimos 5,2 milhões de toneladas de resíduos em 2018, mais de 11% plásticos.
A associação de resíduos Smart Waste apresenta na terça-feira um pacto em que pretende comprometer câmaras, empresas e universidades na redução de plásticos de uso único, com metas definidas até 2025.
Numa iniciativa já aplicada no Reino Unido, Chile e França, os envolvidos no pacto, que ainda não está totalmente fechado, vão aderir a um projeto pela “criação de uma economia circular para os plásticos, na qual estes nunca se converterão em resíduos, e comprometer-se a atingir um conjunto de metas e objetivos ambiciosos para 2025”.
No papel de “amigo crítico”, a associação ambientalista Zero regista que nos últimos anos não se tem conseguido reduzir o volume de resíduos, incluindo o plástico.
Susana Fonseca, da área dos resíduos da Zero, afirma que a associação “espera para ver” que resultados poderá conseguir este pacto, assinalando que, “no conjunto, a tendência tem sido aumento de resíduos” e que “pouco ou nada foi feito” na prevenção e na reutilização. “Este pacto pode ser uma boa ferramenta, mas vamos esperar para ver”, afirmou.
De acordo com os números mais recentes da Agência Portuguesa do Ambiente, que se referem a 2018, foram produzidas 5,2 milhões de toneladas de resíduos — mais 04% do que no ano anterior –, 11,5% das quais são plástico.
Desde 2014, a quantidade de resíduos produzidos tem aumentado todos os anos. A APA reconhece que “os esforços e investimentos que têm vindo a ser feitos no sentido do aumento da deposição seletiva, não têm tido os devidos reflexos nos comportamentos da população”.
Na apresentação do pacto, na sede da EDP, estará o ministro do Ambiente e Ação Climática a representar o Governo, que tanto as entidades da Smart Waste como a Zero defendem que tem um papel essencial para que as intenções do pacto tenham sucesso.
É ao executivo que compete criar “políticas públicas de utilização dos plásticos”, disse à Lusa o presidente da Smart Waste, Aires Pereira, quando a iniciativa foi lançada em setembro passado. Susana Fonseca indicou também que taxar o uso de plásticos de uso único é uma competência do Governo que ainda não produziu resultados.
“Isto não pode parar no plástico, temos que atacar tudo o que é descartável”, disse a ambientalista, salientando que substituir plástico por outros materiais não é uma alternativa viável e que é preciso garantir a reutilização.
O pacto é promovido a nível internacional pela fundação Ellen Macarthur, que pretende acelerar a transição para a economia circular.
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