Queda das audiências dá prejuízos à TVI. Grupo perde quase 55 milhões em 2019
A dona da TVI registou prejuízos de quase 55 milhões de euros em 2019, ano em que perdeu a liderança das audiências para a SIC. Grupo tinha dado lucro em 2018.
A Media Capital, empresa que controla a TVI, registou prejuízos de quase 55 milhões de euros em 2019, o ano em que perdeu a liderança das audiências para a SIC. No ano anterior, em 2018, o grupo tinha lucrado quase 22 milhões de euros.
“O resultado líquido acumulado foi de -54,7 milhões milhões de euros, comparando com os 21,6 milhões de euros verificados no ano anterior, com a redução a advir, na maior parte, do reconhecimento de imparidades de goodwill, bem como do desempenho operacional”, justifica a Media Capital num relatório enviado à CMVM.
O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da Media Capital passou de 40,2 milhões em 2018 para -40,4 milhões no ano passado, com a margem de EBITDA a evoluir de 22,1% para -24,5% em 2019.
Estes resultados surgem depois de um ano em que a SIC “roubou” à TVI a liderança das audiências, ultrapassando a estação de Queluz de Baixo por uma margem de 3,6 pontos percentuais. Além disso, surgem em pleno processo de venda da Media Capital pela Prisa à Cofina, dona do Correio da Manhã, a um enterprise value de 205 milhões de euros. Este montante já inclui um desconto de 50 milhões devido à degradação das contas do grupo.
No ano passado, as receitas da Media Capital caíram 9%, para 165,12 milhões de euros, fruto da menor receita com o segmento da televisão. Esta linha de receita gerou para a Media Capital 131,82 milhões de euros, menos 13% do que no ano de 2018. Em contrapartida, as receitas com a produção audiovisual da Plural cresceram 1%, para 33,1 milhões de euros, enquanto o segmento “Rádio e entretenimento” cresceu 19%, para 24,5 milhões de euros.
Esta é, porém, a primeira vez que a Media Capital apresenta as receitas da rádio e as de entretenimento em conjunto: “Devido ao facto de uma parte relevante da atividade das empresas de entretenimento (composta sobretudo pela produção e realização de eventos) ter a sua performance monitorizada em conjunto com a atividade de rádio, o grupo Media Capital optou por passar a reportar estas atividades num único segmento operacional”, justifica a empresa.
Analisando por negócio, os rendimentos com publicidade da Media Capital encolheram 10% em 2019, fixando-se em 112,3 milhões de euros. A queda é explicada com a menor receita com publicidade no segmento da televisão, que registou uma redução de 15%, para 87,86 milhões de euros. No caso da rádio, a Media Capital, dona da Comercial, viu a publicidade crescer 13%, para 20,9 milhões no ano passado.
No plano das despesas, os gastos operacionais da Media Capital dispararam 45% no ano passado, para 205,6 milhões de euros. A subida é explicada pelo crescimento de 155% nos gastos com reestruturações, mas, sobretudo, pelas imparidades de goodwill com a operação da venda do ativo pela Prisa à Cofina: “Para o testing anual de imparidade de goodwill efetuado em 2019, o grupo tomou como referência de valorização a operação em curso de venda da totalidade da participação do principal acionista”, explica a empresa.
Desta feita, as imparidades de goodwill registadas pela Media Capital no ano passado alcançaram 57,3 milhões de euros, “dos quais 55,4 milhões de euros no segmento de televisão e 1,9 milhões de euros no segmento de produção audiovisual”. No entanto, o grupo liderado por Luís Cabral garante que “estas imparidades em nada afetam a atividade operacional do grupo, nem a sua capacidade financeira”, destaca a empresa no mesmo relatório.
Quanto à dívida, a 31 de dezembro de 2019, o grupo Media Capital registava uma dívida líquida de 88,5 milhões de euros. Trata-se de uma redução de 4,3 milhões de euros face ao final de 2018.
Atualmente, está em curso o aumento de capital de 85 milhões de euros pela Cofina, operação que financiará, em parte, a compra da Media Capital. No passado dia 20 de fevereiro, terminou o prazo para a aquisição no mercado de ações da Cofina com direitos de preferência na subscrição das novas ações.
A Cofina espera concluir a compra da Media Capital na segunda semana de março, altura em que finaliza, também, o aumento de capital. A fusão entre os dois grupos já foi validada pela Autoridade da Concorrência e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social já validou a mudança de titularidade a favor da Cofina de todos os títulos detidos pela Media Capital.
(Notícia atualizada pela última vez às 17h42)
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