20 respostas sobre o aumento de capital da EDP

Quantas ações serão vendidas? A que preço? Até quando pode subscrever? O ECO preparou um guia com tudo o que precisa de saber para ficar a conhecer, em detalhe, a operação.

Depois de muitas ofertas públicas de venda, a EDP está no mercado para um aumento de capital. A elétrica pretende colocar em bolsa mais alguns milhões de ações com as quais pretende angariar mais de mil milhões de euros, dinheiro esse que será utilizado para financiar a aposta nas energias renováveis, através da compra da Viesgo, em Espanha.

São muitos os acionistas da EDP, havendo desde grandes, como a China Three Gorges, até algumas dezenas ou mesmo centenas de milhar de pequenos outros aforradores que têm títulos da empresa em carteira. Para todos eles, o ECO preparou um conjunto de perguntas e respostas para que fiquem a conhecer, em detalhe, a operação.

  • Quando arranca o aumento de capital?

O aumento de capital foi anunciado pela EDP a 15 de julho. Contudo, só dias mais tarde é que o prospeto da operação foi aprovado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Com a publicação deste documento de mais de 900 páginas, deu-se início a um processo que chegou ao mercado a 20 de julho, dia em que as ações da EDP ajustaram em bolsa ao valor dos direitos de subscrição. Mas é só esta quinta-feira que, efetivamente, o aumento de capital arranca.

  • Para que serve este aumento de capital?

Esta operação foi anunciada ao mesmo tempo que a EDP revelou que celebrou um acordo definitivo com determinados fundos geridos pela Macquarie Infrastructure and Real Assets (Europe) Limited (em conjunto com os seus fundos, “MIRA”) para a aquisição da Viesgo e o estabelecimento de uma parceria estratégica de longo prazo com a MIRA para os negócios de redes de distribuição de eletricidade em Espanha.

  • Compra da Viesgo depende do aumento de capital?

Não totalmente. A EDP anunciou o aumento de capital ao mesmo tempo que fechou o acordo para comprar a Viesgo, mas diz que esta transação será apenas “parcialmente financiada através” desta operação no mercado. Ou seja, a empresa tem parte do dinheiro para fechar o negócio, sendo que terá sempre o montante total necessário uma vez que o aumento de capital está assegurado à partida.

  • O que promete a EDP aos investidores?

A EDP promete aos investidores uma cada vez maior exposição ao negócio das energias renováveis. Dos atuais 26,8 GW de capacidade total instalada da EDP, 19,8 GW já são renováveis (74%), sendo que com a compra da Viesgo, a elétrica supera a barreira dos 20 GW, e quer chegar a 28 GW já daqui a dois anos. É uma aposta que, acredita, atrai investidores, mas se isso não chegar há sempre a promessa de que os resultados líquidos vão aumentar e, com eles, a garantia de dividendos. Miguel Stilwell d’Andrade garante que irá manter o payout ratio entre os 75% e os 85%, com a remuneração acionista de um mínimo de 19 cêntimos por ação.

  • E há risco ao investir nestas ações?

Como todos os investimentos no mercado de capitais, há risco. Primeiro pelo tipo de ativo: ações, que é classe mais arriscada de todas, variando em função do apetite, ou falta dele, por parte dos investidores. Depois há o risco associado ao emitente, neste caso, a EDP. No prospeto aprovado pela CMVM, a empresa apresenta um rol de riscos de que os investidores devem estar conscientes. Publicou 46 páginas dedicadas a riscos, sendo de destacar entre estes a regulação, a evolução dos preços da eletricidade, da produção de energias renováveis, dependente do clima. Lembra ainda os riscos associados ao negócio da Viesgo, bem como a pandemia. E é dado destaque também o risco reputacional da empresa em resultado da suspensão de funções de António Mexia da presidência da EDP e João Manso Neto da EDP Renováveis.

  • Quantas ações é que a EDP vai vender?

A EDP tem muitos milhões de ações admitidas à negociação na bolsa nacional. São, 3,6 mil milhões de títulos a que se vão juntar com este aumento de capital mais cerca de 300 milhões de novas ações, elevando para quase quatro mil milhões os títulos que passam a representar o capital social da elétrica portuguesa.

  • E quanto custa cada nova ação?

A EDP definiu o preço de venda das novas ações no aumento de capital nos 3,30 euros.

  • É um bom preço?

Para fazer essa avaliação deve procurar informação junto do seu intermediário financeiro, nomeadamente das equipas de research que fazem a análise financeira das empresas em bolsa. Sublinhe-se, contudo, que o preço de subscrição de cada nova ação de 3,30 euros representa um desconto de 23% face ao preço de fecho das ações na quinta-feira passada, 16 de julho: 4,37 euros.

  • Há mais custos? Ou é só este?

Além do valor das novas ações em si, os investidores devem ter em conta a existência de mais custos associados à participação no aumento de capital da EDP. Ser-lhe-á cobrada uma comissão de subscrição das novas ações, devendo questionar o intermediário financeiro desse encargo.

  • Não sou acionista. Posso participar (e como)?

O aumento de capital da EDP é destinado aos seus acionistas, a quem a EDP distribuiu os direitos para participarem na operação. Contudo, qualquer investidor pode participar nele, embora para isso tenha de recorrer ao mercado para comprar direitos que eventualmente outros investidores queiram alienar.

  • Quantos direitos de subscrição tenho de ter para comprar cada nova ação?

A EDP revela no prospeto do aumento de capital que o fator a aplicar na operação é de 0,085035375. Ou seja, cada direito apenas compra este número de novas ações, sendo preciso bem mais do que um para ter uma ação. Considerando o fator, o cálculo aponta para que seja necessário 11,75 direitos para cada nova ação de forma a poder subscrever um dos novos títulos.

  • Quanto custa cada direito?

O valor dos direitos resulta da diferença entre a cotação da EDP e o valor dessas mesmas ações ajustadas ao aumento de capital. Esse ajuste, que teve lugar no dia 20 de julho, permitiu perceber qual o valor teórico dos direitos para participar no aumento de capital que está a ser realizado pela EDP: 10,5 cêntimos.

O valor dos direitos não é, contudo, estanque. Os direitos foram destacados a este valor, mas como só serão admitidos à negociação esta quinta-feira, dia 23 de julho, o valor teórico será diferente.

Uma vez em bolsa, o valor dos direitos tenderá a acompanhar a cotação da EDP, já que o ativo subjacente é o mesmo: a elétrica. Contudo, mediante o interesse ou desinteresse dos investidores na operação, estes poderão, algumas vezes, entrar em situações de desequilíbrio face às ações, ora ficando mais caros que os títulos da EDP, ora ficando mais baratos.

  • Já sou acionista. O que tenho de fazer?

Quem já era acionista da EDP recebeu na sua carteira tantos direitos quantas ações detinha. Neste caso, se quiser participar no aumento de capital tem apenas de solicitar ao seu intermediário financeiro a subscrição das novas ações até ao dia 6 de agosto.

  • E se não quiser participar? Que faço?

Quem é acionista da elétrica mas não quer participar neste aumento de capital terá de se desfazer dos direitos que recebeu na sua carteira. Pode começar a fazê-lo esta quinta-feira, 23 de julho. O período em que pode desfazer-se desses títulos na bolsa de Lisboa termina a 3 de agosto, sendo que se não o fizer acabará por perder o valor correspondente a esses títulos.

  • Como fica a minha posição acionista se não participar?

Se não quiser participar na operação, vendendo os direitos do aumento de capital em bolsa, irá manter o mesmo número de ações que tinha até agora, embora com um valor inferior, diferença que pode ser colmatada com o encaixe resultante da alienação dos direitos. Contudo, a posição relativa no capital da EDP acabará por encolher. Uma vez que o capital social passa a ser representado por mais ações, a percentagem de capital que detém da empresa será diluída.

  • Se não houver interesse dos investidores, o aumento de capital falha?

Não. A EDP tem um acordo com um sindicato bancário para que subscrevam a totalidade das ações, caso a operação não tenha sucesso. BCP, JP Morgan, Morgan Stanley, BNP Paribas, Bank of America e Goldman Sachs são os underwriters.

  • Até quando posso subscrever?

Depois de terminada a negociação dos direitos, a 3 de agosto, os investidores têm ainda mais alguns dias para poderem colocar as ordens de subscrição das novas ações. O prazo definido pela EDP termina a 6 de agosto.

  • Vou receber todas as ações que pedir?

Ao contrário do que acontece numa oferta pública de venda, num aumento de capital é atribuído um número de direitos que permite comprar o total de novas ações a emitir. Ou seja, não pode existir um excesso de procura que leve a rateio. Neste caso, pode haver apenas uma procura inferior, ficando as ações por subscrever. Acontecendo isso, os bancos contratados pela EDP ficarão responsáveis pela subscrição desses títulos.

  • Quando sei com quantas ações fico?

Chegado ao fim o prazo de subscrição das novas ações, a 6 de agosto, os resultados da operação serão revelados no dia seguinte, a 7 de agosto.

  • E quando é que estas ações entram em bolsa?

Estas novas ações serão admitidas à negociação na Euronext Lisboa, juntando-se aos mais de 3,6 mil milhões de títulos atualmente cotados na bolsa nacional no dia 17 de agosto.

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