Paulo Macedo “desfez-se” de 20 empresas na Caixa em quatro anos

Bruxelas exigiu simplificação da estrutura do banco e Paulo Macedo cumpriu. Nos últimos quatro anos, CEO arrumou a casa "desfazendo-se" de 20 empresas, entre vendas, fusões e extinções.

Apresentação dos resultados da CGD no 1o trimestre de 2019 - 02MAI19

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) “desfez-se” de duas dezenas de empresas nos últimos quatro anos, com Paulo Macedo a dar seguimento às ordens de Bruxelas: simplificar a estrutura e cortar “gorduras” para tornar o banco público mais eficiente.

O plano de reestruturação negociado entre o Governo português e a Comissão Europeia, que termina em dezembro este ano, impôs à CGD, entre outros, uma “cura de emagrecimento” que não passou apenas pela redução do número de trabalhadores ou balcões. O banco do Estado também teve vender operações internacionais e outros ativos não estratégicos e extinguir e fundir empresas com vista à racionalização da estrutura, sendo esta uma das contrapartidas da recapitalização de 4.000 milhões de euros.

Quatro anos volvidos, os resultados estão à vista: o grupo CGD prepara-se para chegar ao final de 2020 com 21 empresas, menos 20 do que aquelas que tinha no final de 2016, de acordo com as contas do ECO com base nos relatórios e contas do banco.

Há operações mais conhecidas do que outras neste processo de consolidação interno. Em 2018, por exemplo, extinguiu várias sociedades, entre elas a Wolfpart, a sociedade criada para desenvolver o projeto turístico do Vale do Lobo, com a fusão na casa-mãe. No ano passado, foram vendidas as operações em Espanha e África do Sul que permitiram um encaixe de 565 milhões de euros. Foi também em 2019 que o banco decidiu juntar as duas a Caixa Gestão de Ativos e a Fundger para dar criar uma “super” gestora de ativos no mercado nacional ou extinguir a Imocaixa com a incorporação na Caixa Imobiliário.

Mais recentemente, como deu conta o ECO, o banco iniciou o processo para absorver as sociedades Caixa Leasing e Factoring e Partang, esta última que gere a participação do banco em Angola.

Nestas operações de incorporação de negócios, o racional é simples: elimina-se a duplicação de obrigações e de custos de natureza legal, fiscal, operacional, financeira, burocrática e de contexto.

Processo não ficará por aqui

Embora o processo de reestruturação termine dentro de dois meses e meio, o processo de simplificação do grupo não fica por aqui. Ainda há dois bancos em fase de venda: o brasileiro Banco Caixa Geral, cujo processo de alienação regressou à estaca zero depois de as propostas não terem convencido; e o cabo-verdiano Banco Comercial do Atlântico, que se encontra em fase final de venda.

Depois, há uma sociedade imobiliária em Espanha, a Inmobiliaria Caixa Geral, que se encontrava em fase de liquidação no final do ano passado e ainda consta da página do banco público como fazendo parte do grupo.

Tudo somado, a presença internacional da CGD ficará reduzida a sete empresas: o Banco Nacional Ultramarino (Macau), o Banco Interatlântico e a sociedade A Promotora (Cabo Verde), o Banco Comercial e de Investimentos e a sociedade Imobci (em Moçambique), o Banco Caixa Geral (Angola) e o Banco Internacional São Tomé e Príncipe. Há quatro anos o banco tinha 16 empresas lá fora.

Em Portugal, o corte foi mais drástico: de 25 sociedades em 2016, o grupo passará a ter apenas 11 sociedades (contando já com a extinção da Caixa Leasing e Factoring e da Partang).

Em 2020, apesar do impacto da pandemia, o banco do Estado deverá apresentar lucros acima dos 500 milhões de euros, sendo que o Governo está a contar com dividendos de quase 160 milhões no Orçamento do Estado do próximo ano.

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