CTT injetam mais 10 milhões no banco

Lançado em 2015 com capital de 20 milhões, Banco CTT já viu o seu capital aumentado para quase 300 milhões de euros para absorver prejuízos e financiar expansão do negócio.

Os CTT CTT 1,31% acabaram de injetar mais dez milhões de euros no seu banco, num aumento de capital realizado no dia 25 de janeiro e que surge num contexto de dificuldades para todo o setor da banca por causa da pandemia, que tem obrigado a um reforço significativo de imparidades e provisões.

Contactado pelo ECO sobre os motivos desta operação, a empresa liderada por João Bento não quis adiantar qualquer detalhe neste momento, deixando esclarecimentos para a apresentação de resultados dos CTT, que terá lugar no início de março.

Desde que o banco foi lançado, em 2015, com um capital de 20 milhões de euros, os CTT já injetaram mais de 250 milhões na instituição financeira que tem como CEO Luís Pereira Coutinho. Os aumentos de capital serviram essencialmente para absorver os prejuízos e acelerar expansão do negócio bancário. Hoje o banco apresenta um capital de 296 milhões.

Em 2019, por exemplo, o Banco CTT recebeu mais de 100 milhões de euros para concretizar a compra da 321 Crédito, uma instituição especializada no crédito ao consumo e que veio dar mais músculo à operação bancária. Pouco tempo antes, a instituição já havia feito um aumento de capital de 6,4 milhões para assumir a rede de pagamentos Payshop, transferida dos CTT.

O banco é visto como uma das alavancas de crescimento dos CTT, juntamente com o negócio de Expresso e Encomendas, para fazer face ao declínio da área da distribuição de correio. Porém, a pandemia trouxe um novo desafio para todo o setor bancário.

Banco a crescer

Do ponto de vista operacional, o Banco CTT registou um desempenho relativamente favorável nos primeiros nove meses do ano, apesar da crise pandémica. Ainda que tenha registado prejuízos de 1,9 milhões de euros, é um resultado melhor do que aquele que alcançou um ano antes: -7,6 milhões. Tanto a margem financeira como o produto bancário dispararam: 73,5% para 32,8 milhões de euros e 56,6% para 47,6 milhões, respetivamente.

Apesar disso, deverá falhar a meta dos lucros em 2020, por causa das imparidades para crédito que teve de constituir, tal como os restantes bancos estão a fazer para acautelarem um aumento do crédito em incumprimento face à crise. De acordo com as demonstrações financeiras de setembro, foram registadas imparidades do crédito líquida de reversões e recuperações na ordem dos 8,7 milhões de euros (quando há um ano eram de apenas 1,9 milhões).

Esta situação decorre também do aumento do negócio conseguido à boleia da aquisição da 321 Crédito, há dois anos. A carteira de crédito do Banco CTT superou os mil milhões de euros (mais 235 milhões quando comparado com setembro de 2019) e os recursos de clientes atingiram os 1,5 mil milhões (mais 400 milhões).

7% do crédito em moratória

Em conferência com os analistas a propósito dos resultados dos primeiros nove meses, João Bento explicou que a atividade de crédito mostrou-se resiliente apesar do confinamento e que banco está a mudar o foco da concessão do crédito do segmento habitação para o automóvel, “para maximizar o retorno do capital”. Disse ainda que a introdução de comissões nos cartões de débito durante o segundo trimestre já estão a ter reflexo “interessante” nas contas.

Na mesma ocasião, o CFO Guy Pacheco adiantou que 7% do crédito está sob moratória, bem abaixo da média de 20% em Portugal.

“Temos dois grandes tipos de moratórias: umas relacionadas com a habitação e que terminam em setembro do próximo ano, se não houver extensões; e crédito automóvel, que cujas moratórias terminaram no final do mês passado. Ainda é cedo mas temos números encorajadores da primeira tentativa para coletar o dinheiro destas moratórias”, explicou Guy Pacheco.

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