Bolt sobe para 20% comissão cobrada aos motoristas
Os motoristas ao serviço da Bolt vão passar a ter de entregar à empresa 20% do valor de cada viagem, um agravamento face aos 15% cobrados até aqui.
A Bolt prepara-se para cobrar uma comissão mais pesada aos motoristas. A partir de 1 de julho, quem transporta passageiros pela aplicação vai ter de entregar à empresa 20% do valor de cada viagem, o que compara com os 15% que a empresa cobrava desde que entrou em Portugal há mais de três anos, ainda com o nome Taxify.
A alteração foi comunicada na quarta-feira aos parceiros e motoristas. Num email enviado pela empresa, a que o ECO teve acesso, lê-se que “a partir de 1 de julho de 2021, a Bolt ajustará a sua taxa de comissão para 20% em Portugal continental”.
Oficialmente, a Bolt valida a informação e “confirma” que “comunicou aos seus parceiros uma alteração nas comissões que entrará em vigor no dia 1 de julho”, disse ao ECO fonte oficial da empresa.
A nova comissão da Bolt mantém-se inferior à da Uber, que é líder de mercado e fica com 25% do valor de cada viagem. Compara ainda com os 20% mais IVA cobrados pela FreeNow na categoria Ride.
“A Bolt continua a ter uma comissão mais baixa do que o principal concorrente. Este aumento […] mantém a nossa comissão mais baixa do que a do maior concorrente”, lembra fonte oficial da empresa, referindo-se à Uber.
No email enviado aos parceiros e motoristas, a Bolt justifica o agravamento da comissão: “Esta alteração irá permitir-nos criar e desenvolver uma experiência de usuário ainda melhor para os nossos motoristas e passageiros, investindo no produto/app e em campanhas de marketing para angariar novos clientes e aumentar o número de viagens”, escreve a empresa.
Ao ECO, fonte oficial da Bolt acrescenta que o aumento da comissão “irá permitir que a Bolt invista mais em produto e em iniciativas de marketing, o que se refletirá no aumento de clientes que utilizam o serviço”.
A alteração da comissão acontecerá por via de uma mudança nas condições gerais do contrato de licença com o qual os motoristas têm de concordar.
Bolt admite ajustes nas tarifas
Com o desconfinamento e a recuperação do negócio, Uber, Bolt e Free Now têm seguido estratégias diferentes para se ajustarem à nova realidade trazida pela pandemia. A decisão da Bolt junta-se a uma série de novidades que têm surgido no mercado nas últimas semanas.
A 8 de junho, o ECO noticiou que a Free Now decidiu subir os preços das viagens para aumentar o rendimento dos motoristas. A empresa passou a considerar 80% do tempo como “hora de pico” e pôs fim ao serviço Ride Lite, que era o mais económico para os utilizadores.
A Uber — que será, das três, a que tem maior músculo financeiro — seguiu o caminho inverso. Como não tinha uma categoria mais económica, decidiu lançar uma modalidade de viagens mais acessível no Porto, a que chamou de UberX Saver. Para já, não se sabe se a empresa está a preparar outras alterações ao serviço.
A subida da comissão da Bolt junta-se a estas duas novidades, mas podem estar mais a caminho. No email a que o ECO teve acesso, a empresa refere que vai “continuar a monitorizar a dinâmica do mercado e a refletir isso nos” preços das viagens. O objetivo é “garantir a maximização dos ganhos dos motoristas sempre que possível”.
Questionada sobre este facto, fonte oficial da Bolt respondeu: “Como as dinâmicas de mercado mudam de forma rápida, monitorizamos frequentemente as variações de oferta e procura e fazemos ajustes aos preços se necessário. Na Bolt procuramos sempre cumprir o nosso objetivo de assegurar as melhores condições e ganhos para os nossos condutores, ao mesmo tempo que oferecemos as viagens mais acessíveis aos nossos clientes.”
O fecho da economia a partir de 2020 tirou volume de negócio a estas empresas. Com a população fechada em casa, caíram a pique as deslocações realizadas através das aplicações. Entretanto, o desconfinamento deu novo fôlego ao negócio, mas estão a ser feitos ajustes às novas condições de mercado.
Correção: Uma versão anterior deste artigo indicava que a Free Now cobrava 15% de comissão aos motoristas. Na verdade, cobra 20% mais IVA. Aos leitores e visados, as nossas desculpas.
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