Worten compra 100% da “Amazon dos serviços” em Portugal
A Zaask passa para as mãos da Worten, cujo marketplace já tem mais de mil vendedores e vale 20% das vendas online da marca. Empresa da Sonae dá “mais um passo para reforçar a liderança" no país.
A Worten comprou a start-up portuguesa Zaask, que detém um marketplace com o mesmo nome especializado na contratação de serviços ao nível local, que vão desde pintar uma casa até arranjar um explicador para os filhos ou um DJ para animar uma festa de casamento.
O valor do negócio não foi divulgado pelas partes envolvidas na operação, mas o ECO apurou que a empresa do grupo Sonae fica com 100% do capital deste projeto digital criado em 2012 por Luís Pedro Martins (CEO) e o indiano Kiruba Eswaran (CMO), depois de se conheceram no Lisbon MBA.
“Entendemos esta operação como mais um passo para reforçar a liderança da Worten em Portugal, nomeadamente no que toca à área de serviços. O modelo de negócio da Zaask é um modelo que [temos] vindo a acompanhar e no qual [pretendemos] apostar no futuro”, afirma Miguel Mota Freitas, CEO da Worten, citado numa nota distribuída pela Portugal Ventures.
"O modelo de negócio da Zaask é um modelo que a Worten tem vindo a acompanhar e no qual pretende apostar no futuro.”
Foi em setembro de 2018, num investimento avaliado na altura em sete milhões de euros, que a líder no retalho de eletrónica arrancou com um marketplace, que começou por disponibilizar 100 mil produtos de uma centena de fornecedores, com foco nas categorias do mobiliário e decoração. Atualmente, depois de alargar o serviço Worten Resolve às reparações em casa, soma mais de mil vendedores nesta plataforma que já representa cerca de 20% das vendas online da marca em Portugal. No primeiro semestre de 2021, foi a internet que impulsionou o aumento de 7,5% das vendas, para 518 milhões de euros.
Da lista de investidores que alienaram agora as participações à Worten – em março encaixou cinco milhões com a venda das 17 lojas em Espanha à Media Markt – faz parte a Portugal Ventures, que tinha entrado há oito anos neste projeto que se apresenta como uma espécie de “Amazon dos serviços”. Além da gestora de capital de risco pública, são também identificadas outras duas sociedades portuguesas de private equity: a Shilling Capital Partners e a Bynd Venture Capital.
Em declarações ao ECO, o partner da Bynd VC, Francisco Ferreira Pinto, lembra que a antiga Busy Angels “acreditou na Zaask desde o início” e foi a primeira a investir neste projeto digital, em 2013. “Desde então, temos vindo a acompanhar o percurso da start-up de perto. Estamos muito satisfeitos por ter encontrado um parceiro forte para dar continuidade ao seu negócio e consolidar a sua atuação no mercado”, acrescenta o gestor, recusando revelar a percentagem que detinha.
"Estamos muito satisfeitos por ter encontrado um parceiro forte para dar continuidade ao seu negócio e consolidar a sua atuação no mercado.”
Primeira start-up investida pela SIC Ventures, a Zaask garante na sua página na rede social LinkedIn que tem mais de 6 mil profissionais e pequenas e médias empresas em atividade todos os meses e mais de 30 mil clientes mensais, liderando o mercado português e estando também “a crescer exponencialmente no mercado espanhol”.
A plataforma surgiu há quase uma década, no auge da crise e com a troika em Portugal, para ligar pessoas que precisassem de executar tarefas em casa a outras sem emprego que quisessem fazer uns biscates. Mas em 2018 acabou por apostar nos profissionais e alterar também o modelo de negócio, deixando de trabalhar à comissão e passando a cobrar um fee aos prestadores de serviço para acederem à plataforma.
Zaask “sai” com o Mercadão
No espaço de poucos dias, este é o segundo desinvestimento anunciado pela Portugal Ventures, depois da operação fechada com a Glovo para a venda da participação que tinha no Mercadão desde novembro de 2019. A plataforma digital continuará a ser liderada por Gonçalo Soares da Costa e, entre outras marcas, é responsável pelas vendas online e pela entrega das compras do Pingo Doce.
Para João Pereira, diretor da unidade de investimento de digital da Portugal Ventures, que integra o Grupo Banco Português de Fomento, “estes eventos de exit são o melhor reconhecimento da qualidade e potencial do novo ecossistema empresarial português e dos seus participantes, com destaque para os seus fundadores”.
“Os clientes destas empresas reconhecem diariamente as propostas de valor proporcionadas, pelo acesso cómodo a serviços especializados e a produtos de consumo como mercearia, disponibilizados à porta ou nas suas casas, uma tendência de consumo que se acentuará”, completa o responsável da sociedade de capital de risco, que tem sob gestão 184 milhões de euros e mais de 140 empresas no portefólio.
Esta quarta-feira, a Portugal Ventures anunciou também o reforço do seu portefólio com mais quatro novos investimentos, que totalizam os dois milhões de euros. Juntam-se aos 43 anunciados em abril deste ano, contribuindo para uma cifra acumulada de 8,6 milhões de euros de investimento em 47 novas start-ups desde o início de 2021.
Desde 2012, a Portugal Ventures calcula já ter investido 171 milhões de euros em 180 novas empresas, nas fases de pre-seed, seed e série A. O foco do investimento está nas start-ups que criam soluções inovadoras, com capacidade de internacionalização e que atuam nas áreas de digital, engenharia & indústria, ciências da vida e turismo.
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