Paris e Berlim ameaçam retaliar se houver novas tarifas de Trump

  • Lusa e ECO
  • 3 Fevereiro 2025

Se Washington aumentar mesmo as tarifas alfandegárias aos produtos importados da União Europeia, os EUA sofrerão retaliações económicas, garantiram Emmanuel Macron e Olaf Scholz.

Os líderes da Alemanha e da França garantiram esta segunda-feira que se Washington aumentar as tarifas alfandegárias aos produtos importados da União Europeia (UE), sofrerá retaliações económicas.

“Se for atacada por questões comerciais, a Europa, enquanto potência que mantém a sua posição, teria de ganhar respeito e, por conseguinte, reagir”, referiu o Presidente francês, Emmanuel Macron, em declarações à entrada do retiro de líderes europeus em Bruxelas.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, também adiantou que o bloco europeu, “como o espaço económico mais forte [do mundo]” deve poder reagir também aumentando as suas medidas pautais.

“Devemos fazê-lo e fá-lo-emos, mas o objetivo deve ser a cooperação”, afirmou Scholz à chegada à cimeira informal dos líderes europeus, hoje, em Bruxelas.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os produtos europeus vão ser sujeitos a taxas aduaneiras “muito em breve”, na sequência da imposição de tarifas à importação de produtos do Canadá, México e China.

O primeiro retiro de líderes da UE, organizado pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, decorre hoje em Bruxelas e é dedicado à segurança e defesa, quando existe um “sentido de urgência” para investir mais.

Banco de França: Bruxelas não pode ser indefesa

Também esta manhão, o governador do Banco de França considerou “preocupante” a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas aduaneiras ao Canadá, México e China e defendeu que a União Europeia não pode excluir uma resposta nem agir de forma “ingénua ou indefesa”.

“Não devemos excluir uma resposta, porque não devemos ser ingénuos nem indefesos”, afirmou o governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau, à estação de rádio ‘France Info’.

Em todo o caso, para o banqueiro central francês é necessário manter a “calma” e o cerne da resposta europeia deve ser o reforço da economia do bloco e a inovação mais rápida.

O protecionismo demonstrou “sempre e em todo o lado” que “todos perdem”, recordou Galhau, acrescentando que este tipo de medidas são negativas tanto para o país que as introduz como para todos os seus parceiros.

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José Augusto Santos é o novo CEO do Grupo ETSA

Grupo ETSA -- que é uma participada da cotada Semapa -- tem um novo CEO: Afonso Lobato Faria é substituído nesse cargo por José Augusto Santos.

O Grupo ETSA tem um novo CEO. Trata-se de José Augusto Santos, que substitui Afonso Lobato Faria na liderança dos destinos desta participada da Semapa. O novo responsável tinha, até agora, sob a sua alçada direta toda área comercial desta empresa.

“Com uma vasta experiência de dez anos anos dentro do Grupo ETSA, José Augusto Santos assume agora a liderança da empresa, trazendo consigo um profundo conhecimento da cultura e dos desafios do Grupo, além de um compromisso contínuo com a inovação e crescimento sustentável”, informa a empresa, numa nota enviada às redações.

José Augusto Santos é o novo CEO do Grupo ETSA.

Licenciado em Organização e gestão de empresas pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e pelo francês Institut d’Administration des Entreprises, José Augusto Santos é atualmente Administrador Executivo do Grupo ETSA. “No Grupo ETSA, José Augusto Santos tinha até agora responsabilidade direta sobre toda a área comercial da empresa, incluindo a compra de matérias-primas”, é detalhado em comunicado.

Antes de integrar o Grupo Semapa, o responsável foi consultor de estratégia e operações. Além disso, liderou a área de negociação e compras de equipamentos terminais de cliente da NOS Comunicações. De notar também que detém também um MBA do INSEAD.

Criado em 1973, o Grupo ETSA é uma participada do Grupo Semapa e é líder nacional na reciclagem do setor alimentar.

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A Padaria Portuguesa muda logótipo para promover almoços

  • + M
  • 3 Fevereiro 2025

A alteração ocorre no âmbito de um takeover do logótipo da marca e vai durar cerca de um mês. O objetivo é anunciar o reforço da oferta ao almoço, agora com dois pratos do dia em todas as lojas.

Quem tenha visto o logótipo d’A Padaria Portuguesa esta segunda-feira poderá ter estranho a diferença: em vez do nome habitual, no novo logótipo lê-se “Almoçar à Portuguesa”.

A alteração ocorre no âmbito de um takeover do logótipo da marca e vai durar cerca de um mês. O objetivo é anunciar o reforço da oferta ao almoço, agora com dois pratos do dia em todas as lojas.

Todos os logos foram alterados para chamar a atenção do cliente: queremos que saibam que também podem almoçar n’A Padaria Portuguesa e sintam curiosidade em conhecer os novos pratos. Acreditamos que uma boa refeição não precisa de ser cara, mas deve ser cheia de sabor, qualidade e cuidado. Almoçar à Portuguesa é isto: uma escolha inteligente, saborosa e acessível”, explica Rita Neto, diretora de marketing dA Padaria Portuguesa, citada em comunicado.

A marca pretende assim comunicar que os clientes podem agora escolher entre dois pratos diferentes de segunda a sexta-feira. Do menu fazem parte opções como arroz de pato, bacalhau com natas, ervilhas com ovo escalfado, strogonoff de frango ou lasanha vegetariana. “Receitas pensadas para nutrir e aconchegar, seja em dias corridos ou momentos partilhados, testadas e aprovadas pelo chef Tomás Borges”, refere-se.

Durante o mês de fevereiro A Padaria Portuguesa vai também oferecer o segundo menu prato do dia na compra de um. A promoção dois por um estará ativa até 28 de fevereiro nas plataformas UberEats, Glovo e Bolt Food.

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Governo vai lançar novo portal dos contratos públicos com IA para “acelerar processos”

Os ajustes diretos simplificados contratados por um organismo do Estado vão poder ser carregados de forma agregada e automaticamente até ao final do ano, anunciou o presidente do IMPIC.

O Governo vai lançar uma nova plataforma dos contratos públicos, que vai substituir o portal Base, com ferramentas digitais e inteligência artificial (IA) que vão permitir “acelerar e automatizar processos” e “aumentar a fiabilidade da informação”.

O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo presidente do Instituto dos Contratos Públicos, do Imobiliário e da Construção (IMPIC), Fernando Batista, durante uma conferência que decorreu no Tribunal de Contas (TdC) para apresentar os resultados de um projeto que a instituição realizou nos últimos dois anos, com o apoio da OCDE, para melhorar a eficiência e a transparência da contratação pública.

Antes de ser lançado o novo site, o portal Base será ainda alvo de uma inovação para permitir que uma entidade pública registe de forma automática e agregadamente todos os ajustes diretos simplificados, exemplificou o mesmo responsável.

“O portal Base é de 2008 e tem sido objeto de vários upgrade, mas vamos ter de criar um novo e este projeto permitiu-nos ver as fragilidades dos dados, designadamente quanto à sua fiabilidade. O que queremos é que os dados não sejam carregados manualmente, para evitar alguns erros”, defendeu Fernando Batista. No final de 2023, o IMPIC já tinha sinalizado que iria avançar com uma plataforma mais avançada em 2025.

Para além disso, presidente do instituto anunciou que “até ao final do ano” uma nova funcionalidade estará operacional que irá permitir às “entidades adjudicantes carregarem” todos os ajustes diretos simplificados de “forma agregada”, indicou. Batista revelou que a ferramenta já existe, faltando agora que o IMPIC elabore um relatório interno para que “este procedimento esteja disponível até ao final do ano”, salientou.

A importância da fiabilidade dos dados da contratação pública foi igualmente assinalada pelo presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), Nuno Cunha Rodrigues. “No âmbito deste projeto do Tribunal de Contas, a contratação pública estratégica tem potencialidades, uma vez que tem um peso considerável no PIB de cada país. Estima-se que entre 14% a 20% do PIB do país seja gasto em contratação publica e quanto menor desenvolvido for um país, maior é a despesa gasta em contratação publica“, argumentou.

O líder do regulador alertou que “a cartelização pública é frequente na contratação pública”. Cerca de “25% dos cartéis que existem surgem no âmbito a contratação pública. É um problema transversal em todo o mundo”, reforçou.

O Tribunal de Contas está já a implementar ferramentas digitais no âmbito da sua ação de controlo, tendo avançado com um modelo de avaliação de risco dos contratos públicos baseado em inteligência artificial que permitirá a “melhoria do controlo da atividade pública”, defendeu a presidente da Filipa Urbano Calvão.

Esse modelo, que resultou de um projeto que teve o apoio da Comissão Europeia e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), permitirá “identificar onde e o que analisar, a partir de um conjunto de indicadores precisos de risco”, explicou.

Filipa Urbano Calvão reconheceu, porém, que o recurso à ciência de dados e à inteligência artificial “traz desafios que não se podem ignorar”, pelo que é “crítica a garantia da qualidade dos dados, da transparência e a explicabilidade dos algoritmos e da proteção dos dados pessoais e da privacidade dos seus titulares”.

Por isso, é “dever do Tribunal implementar estas ferramentas de forma ética e responsável, garantindo que os resultados são fiáveis e respeitam os valores que orientam o trabalho”, concluiu.

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Mastercard procura nova liderança para Portugal. Maria Antónia Saldanha sai ao fim de quatro anos

Maria Antónia Saldanha confirmou ao ECO que decidiu sair da liderança da Mastercard Portugal ao fim de quase quatro anos para iniciar "um novo desafio".

A Mastercard está à procura um novo country manager para Portugal. Ao fim de quatro anos na liderança, Maria Antónia Saldanha decidiu sair da empresa americana de cartões bancários para “um novo desafio”, segundo revelou ao ECO.

Depois de uma viagem incrível com a Mastercard, estou a iniciar uma nova aventura”, escreveu Maria Antónia Saldanha num post partilhado no LinkedIn este domingo à noite. Ingressou na Mastercard Portugal em março de 2021.

“Durante a minha gestão, tive o privilégio de liderar uma equipa fantástica para dar vida a soluções inovadoras e revolucionar a forma como os consumidores interagem com os nossos serviços. Expandi a Mastercard em Portugal, estabelecendo centros de consultoria, dados e tecnologia, e formei a Mastercard Portugal com centenas de colaboradores de 29 nacionalidades”, referiu.

Entretanto, a Mastercard já está à procura de um substituto. “Ele/Ela definirá a orientação estratégica do país, juntamente com a liderança regional; ele/ela contribuirá para o crescimento global e para o sucesso da empresa através de iniciativas de crescimento e implementação da estratégia da empresa”, segundo a vaga para country manager Portugal no site da empresa.

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Atenção, colecionadores. Vêm aí moedas de Camilo Castelo Branco, Simone de Oliveira e Ponte de Lima

  • ECO
  • 3 Fevereiro 2025

Casa da Moeda vai cunhar e comercializar 12 moedas de coleção comemorativas de diversos eventos ou efemérides. Valores faciais variam entre os cinco e os 10 euros.

O ano de 2025 traz 12 boas novas para os colecionadores de moedas – exatamente o número das novas opções comemorativas autorizadas a cunhar pela Casa da Moeda, com valores faciais que variam entre os cinco e os 10 euros. De Camilo Castelo Branco, passando por Simone de Oliveira ou Ponte de Lima são diversos os temas aludidos.

De acordo com a autorização publicada em Diário da República, serão comercializadas as seguintes moedas de coleção:

  • Uma moeda designada “200 anos do nascimento de Camilo Castelo Branco”;
  • Uma moeda designada “Simone de Oliveira”, integrada na série Músicos Portugueses;
  • Uma moeda designada “Fénix”, integrada na série Heróis e Criaturas da Mitologia;
  • Uma moeda designada “900 anos do foral de Ponte de Lima”;
  • Uma moeda designada “50 anos de eleições em liberdade – 1975.2025“;
  • Uma moeda designada “Cabo de São Vicente”, integrada na série Faróis de Portugal;
  • Cinco moedas integradas na série dedicada à azulejaria portuguesa: “Azulejos Séc. XVI”, alusiva à azulejaria hispano-mourisca; “Azulejos Séc. XVII”, alusiva ao padrão com camélias; “Azulejos Séc. XVIII”, alusiva à figura de convite; “Azulejos Séc. XIX”, alusiva à geometria das formas; “Azulejos Séc. XX”, alusiva ao azulejo de autor;
  • Uma moeda designada “Paula Rego – Deixa-me pintar-te uma história”, integrada na série “Artistas Plásticos Portugueses Contemporâneos”.

O valor facial das moedas de coleção Camilo de Castelo Branco, Simone de Oliveira, Fénix, Cabo de São Vicente e as de Azulejaria é de cinco euros, a alusiva a Ponte de Lima de 7,50 euros e as dos 50 anos de eleições em liberdade e de Paula Rego de dez euros.

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Grupo Indra compra operadora de satélites espanhola por 725 milhões de euros

A empresa liderada por Vasco Mendes de Almeida em Portugal adquiriu a Hispasat, que opera satélites e distribui canais de televisão.

O grupo espanhol Indra assinou esta segunda-feira um acordo com a Redeia Corporación para a aquisição de uma participação maioritária (89,68%) na operadora de satélites Hispasat, que presta serviços de televisão digital terrestre em Portugal, por 725 milhões de euros. O negócio significa a entrega do controlo espacial de Espanha à Indra.

Para este acordo, a empresa com sede em Alcobendas, que emprega mais de 600 pessoas em Portugal através da tecnológica Minsait, garantiu um financiamento total de 700 milhões de euros, sendo o montante remanescente (25 milhões de euros) foi coberto com o saldo existente nos cofres da Indra.

A transação está sujeita ao cumprimento de diversas condições precedentes e de natureza regulatória, tanto em Espanha como noutras jurisdições, bem como à aprovação pela Assembleia Geral de acionistas da Indra. A partir daí, proceder-se-á à celebração dos acordos para a consolidação da Hisdesat Servicios Estratégicos S.A. pela Indra.

A Hisdesat tem como acionistas a Hispasat, a operadora de comunicações por satélite (43%) que agora passará para o controlo da Indra, a empresa pública ISDEFE, do Ministério da Defesa de Espanha (30%), a Airbus Defence & Space (15%), a própria Indra (7%) e o grupo Sener (5%).

A empresa-alvo (Hispasat) faz difusão e distribuição de conteúdos audiovisuais em espanhol e português, incluindo a transmissão de plataformas digitais de Direct Home Television (DTH) e High Definition Television (TVAD). Por exemplo, é a responsável pela distribuição dos canais AMC Networks em Portugal no âmbito de um acordo com a Telefónica Servicios Audiovisuales.

Presente em Portugal desde 1997, a Indra – liderada por Vasco Mendes de Almeida e especializada em segurança, gestão de tráfego aéreo, satélites para defesa e tecnologia – conta com escritórios em Lisboa, Porto e Amarante. Nos primeiros nove meses de 2024, a Indra teve um lucro líquido de 184 milhões de euros, o que representa uma subida de 26% em termos homólogos. As receitas registaram um crescimento de 13% devido às áreas de Defesa, Gestão de Tráfego Aéreo e Mobilidade, para as quais o aumento também a dois dígitos.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 21% até setembro, comparativamente ao mesmo período do ano passado, e a carteira de encomendas manteve-se acima dos 7 mil milhões de euros.

O plano estratégico da Indra, apresentado durante o Capital Markets Day em 2024, define a meta de seis mil milhões de faturação em 2026, mais 40% do que o recorde de 2023, e dez mil milhões em 2030. Entre as ‘linhas mestras’ para os próximos seis anos estão ainda 3,1 mil milhões de investimento em I&D para tecnologias de última geração.

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Fusão transatlântica nas embalagens. International Paper conclui compra da DS Smith

As empresas norte-americana e britânica, que operam na área de embalagens, papel e celulose, concluíram a fusão, que prevê a venda de uma fábrica em Portugal.

O negócio entre os norte-americanos da International Paper e os britânicos da DS Smith, no valor de 7 mil milhões de dólares (cerca de 6,8 mil milhões de euros), está oficialmente fechado. As empresas do setor das embalagens, papel e celulose concluíram esta segunda-feira o processo de fusão, que prevê a venda de ativos em Portugal.

A transação fica concluída após as aprovações regulatórias necessárias, mas ainda há trabalho a fazer, inclusive na região Aveiro. A Comissão Europeia aprovou a 24 de janeiro a compra da empresa de embalagens DS Smith pelos norte-americanos da International Paper, mas os remédios propostos por Bruxelas preveem que os próximos donos vendam a fábrica que têm em Ovar.

Em causa está uma unidade industrial comprada pela DS Smith aquando do negócio de 1,7 mil milhões de euros para ficar com a Europa, em 2018. Na altura, um dos remédios acordados com Bruxelas foi que a marca alienasse precisamente esta fábrica.

Agora, as partes comprometeram-se a avançar para a alienação de cinco fábricas da International Paper na Europa, essa em Portugal, de cartão, e as restantes na Normândia (nomeadamente, uma de caixas em Saint-Amand-Villages, em Mortagne, e uma de folhas em Cabourg) e outra, também de cartão, em Bilbau (Espanha).

O objetivo é reunir o melhor de ambas para acelerar o crescimento, melhorar a rentabilidade e dar resposta a clientes mundiais, sobretudo na América do Norte, Europa, Médio Oriente e África, a partir das operações que tem em mais de 30 países, segundo o comunicado divulgado esta manhã.

A consolidação será especialmente notória em três aspetos, segundo a Internacional Paper: experiência do cliente (serviço mais ágil e eficiente), inovação (qualidade das embalagens e análise de novas oportunidades de negócio) e sustentabilidade (o ponto mais “forte” desta empresa, que nasceu para ser uma responsável “diligente” das florestas, “guardiã” do ambiente e “força do bem” para as comunidades).

“Com um portefólio mais forte de soluções de embalagens sustentáveis, a fusão da International Paper e da DS Smith melhora as nossas ofertas, aumenta a inovação e expande o nosso alcance geográfico. Vamos reunir as capacidades e a experiência de duas equipas experientes, com culturas semelhantes, para criar o líder global em soluções de embalagens sustentáveis”, comentou o presidente e CEO da International Paper, Andy Silvernail, na mesma nota de imprensa.

Em Portugal, a DS Smith entrou em 2016 com a aquisição da Gopaca e da P&I Displays. Em 2019, reforçou a sua presença ao comprar a Europac. A divisão de “Packaging” tem seis fábricas: em Guilhabreu, Esmoriz, Águeda, Carregal do Sal, Leiria e Lisboa, bem como um centro logístico, na Madeira. A empresa possui ainda duas unidades de Reciclagem, no Porto e na Figueira da Foz, e uma unidade fabril de papel em Viana do Castelo.

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Nos lança campanha dirigida aos que querem sempre mais. Criatividade é d’O Escritório

  • + M
  • 3 Fevereiro 2025

Com produção da Playground e planeamento de meios a cargo da Arena Media, a campanha "sublinha o valor do inconformismo e da insatisfação permanente, na busca da excelência".

Dirigindo-se aos aos que querem sempre mais, a Nos lança esta segunda-feira uma nova campanha onde salienta as potencialidades do 5G+, destacando a “velocidade de upload até duas vezes superior”.

Assinada pel’O Escritório e tendo como claim “5G+. Para quem não se contenta com menos”, a campanha “sublinha o valor do inconformismo e da insatisfação permanente, na busca da excelência“.

Nos dois spots mostram-se equipas que conseguiram grandes feitos — como a chegada ao cume de uma montanha ou ao planeta Marte — mas em que há sempre um elemento eternamente insatisfeito, que quer sempre mais. “Foi para estas pessoas, que não se contentam com a excelência, que a Nos lançou a sua rede 5G Stand Alone, o 5G+“, refere-se em nota de imprensa.

“Em 2024, provamos aos portugueses que a rede móvel da Nos era a melhor em velocidade, cobertura e resiliência. Agora, com o lançamento do 5G+, podemos oferecer possibilidades ainda mais extraordinárias. Assim, aproveitando que a velocidade da net móvel 5G pode ser ainda melhor com o 5G+, lançamos esta campanha, em tom de desafio aos eternos insatisfeitos, para que nunca se contentem com menos e que procurem sempre a próxima conquista. Para esses, para os entusiastas do futuro, estará cá sempre a Nos”, diz António Fuzeta da Ponte, diretor de marca e comunicação da Nos, citado em comunicado.

Com produção da Playground e planeamento de meios a cargo da Arena Media, a campanha marca presença em televisão, digital e redes sociais.

“Recorde-se que o 5G+ da Nos tem como base uma arquitetura de rede mais avançada, tanto na rede core/serviços como na rede de acesso. Abre uma nova página na capacidade de desenvolvimento e implementação de serviços com características diferenciadoras como a garantia de qualidade de serviço orientada às diferentes aplicações (vulgo network slicing) e a capacidade de suportar de forma massiva equipamentos IoT, entre outros”, diz a marca em nota de imprensa.

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Calçado português volta a encolher nos pés dos estrangeiros. Exportações caem 6,5% em 2024

Fábricas nacionais afetadas por "notório abrandamento dos principais mercados internacionais, nomeadamente Alemanha, França e Países Baixos". Portugal calçou 67 milhões de pessoas em todo o mundo.

As exportações da indústria portuguesa do calçado até cresceram 3,3% em volume no ano passado, para um total de 67 milhões de pares, recuperando parte das quantidades perdidas no ano anterior. No entanto, o valor dessas vendas ao exterior diminuiu pelo segundo ano consecutivo (-6,5%) para 1.702 milhões de euros.

Segundo as estimativas da associação do setor (APICCAPS), com base nos dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística, o setor exportou mais de 90% da produção para 170 países em todos os continentes. No pódio estão Alemanha (383 milhões de euros), França (348 milhões) e Países Baixos (195 milhões de euros), seguidos do Reino Unido e EUA, onde as vendas aumentaram 25% nos últimos três anos.

“É o reflexo da dinâmica do mercado. O ano que terminou foi muito difícil no plano externo. É notório um abrandamento dos principais mercados internacionais, nomeadamente Alemanha, França e Países Baixos, que afetou os principais protagonistas do setor, e as nossas empresas em particular”, desabafa Luís Onofre.

O presidente da APICCAPS sublinha, por outro lado, citado num comunicado, que “começa a ser percetível a estratégia do setor de diversificar a oferta de produtos, ainda que muitas vezes recorrendo à subcontratação no exterior, a exemplo do que já fazem os nossos principais concorrentes internacionais”.

Começa a ser percetível a estratégia do setor de diversificar a oferta de produtos, ainda que muitas vezes recorrendo à subcontratação no exterior, a exemplo do que já fazem os nossos principais concorrentes internacionais.

Luís Onofre

Presidente da APICCAPS (calçado)

E isso começa a ser visível nas estatísticas. Apesar de ainda representarem mais de 80% das vendas em valor no estrangeiro, as exportações de calçado em couro recuaram 7% para 39 milhões de pares no ano passado, ao passo que o calçado noutros materiais (impermeável, plástico ou têxtil) progrediu 22,6% em termos homólogos, valendo já 28 milhões de pares à indústria nacional.

Luís Onofre reconhece que “esse é um caminho” que a indústria nacional deve “aprofundar”. “Ainda que acreditemos que o calçado em couro seja a melhor solução do mercado (…) porque é um produto natural, tecnicamente mais robusto e consideravelmente mais sustentável, na medida em que apresenta um período de vida mais longo, temos feito um esforço considerável para investir numa nova geração de produtos, nomeadamente no âmbito do projeto Bioshoes4all”, resume o líder do setor.

Melhores notícias continuam a chegar do setor dos artigos de pele e marroquinaria, que no ano passado voltaram a subir 8,5% para renovarem o máximo histórico nas exportações: 351 milhões de euros. Recorrendo aos dados provisórios libertados pelo gabinete de estatísticas, destaca-se o segmento “malas e bolsas” com um crescimento de 10,6% para 175 milhões de euros.

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“Guerra comercial generalizada” ameaça empresas e economias, adverte Allianz Trade

CEO da Allianz Trade, Aylin Somersan Coqui, aconselha as empresas a estarem "atentas às suas estratégias de crescimento no contexto das tensões geopolíticas e da crescente onda de protecionismo".

A Allianz Trade, acionista da companhia de seguros de crédito COSEC, melhorou a análise de risco país de 48 economias em 2024, mais do dobro das subidas de avaliação registadas em 2023. Apesar desta melhoria de outlook, a seguradora de crédito alerta que o risco país “continua altamente exposto às tensões geopolíticas e financeiras previstas para os próximos meses” e uma guerra comercial generalizada poderá travar o crescimento e fazer regressar as pressões inflacionistas.

“Embora as perspetivas económicas mundiais tenham melhorado, graças à desaceleração da inflação, à recuperação dos fluxos de crédito e à melhoria das condições de liquidez, muitos países com baixos rendimentos continuam a apresentar condições de negócio menos favoráveis, enquanto as economias com elevados rendimentos enfrentam uma incerteza política prolongada“, avisa Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade. O responsável destaca ainda que “dois terços das atualizações do Country Risk Atlas que fizemos no ano passado se baseavam em indicadores de curto prazo, o que indica que estas melhorias são cíclicas e potencialmente reversíveis”.

Perante este cenário, diz Aylin Somersan Coqui, “as empresas devem estar atentas às suas estratégias de crescimento no contexto das tensões geopolíticas e da crescente onda de protecionismo. É provável que as cadeias de abastecimento se tornem ainda mais complexas, o que torna ainda mais importante monitorizar o risco de cada país”.

O Country Risk Atlas, o segundo relatório publicado pela Allianz Trade, onde a seguradora explora o risco país, revelou uma “melhoria significativa” face a 2023, com Portugal a surgir avaliado com um risco país baixo. Em 2024, 48 países foram alvo de um upgrade e apenas cinco países registaram uma descida de avaliação.

Mas “a tendência positiva poderá facilmente inverter-se em 2025-2026, com as tensões geoeconómicas a pesarem na confiança das empresas e no mercado“. O relatório destaca que estas tensões “poderão ser exacerbadas por uma nova materialização de riscos de abrandamento”.

Uma guerra comercial generalizada é uma grande preocupação: a perda de atividade económica daí resultante e o regresso das pressões inflacionistas prejudicariam provavelmente a confiança dos investidores, mantendo-os num modo de ‘esperar para ver’ prolongado”, aponta Ana Boata, Diretora de Estudos Económicos da Allianz Trade.

Ana Boata nota ainda que, “ao mesmo tempo, a crescente polarização, já evidente em muitos países, impõe custos económicos significativos, enquanto intensifica as divisões sociais. A frequência e a gravidade da agitação civil também estão a aumentar, impulsionadas por fatores como a inflação, os ajustamentos orçamentais e o atraso no crescimento da produtividade. Neste contexto, os decisores políticos devem colmatar o crescente défice de confiança e atenuar os riscos de polarização”.

Tal como já era antecipado, o presidente norte-americano aprovou a implementação de novas tarifas sobre as importações do Canadá, México e da China, antecipando-se novos impostos sobre os bens que são exportados da Europa para os EUA. Uma situação que está a suscitar grande preocupação, com as regiões alvo de tarifas a prepararem-se para retaliar.

Portugal: crescimento moderado, mas resiliente

No caso de Portugal, a Allianz Trade avalia o país com um risco “baixo”, com um “crescimento económico moderado, mas resiliente”. “Para a Allianz Trade, Portugal tem registado um ritmo de crescimento sustentado nos últimos anos, com uma melhoria global do desempenho económico face à sua fraca posição após a crise da dívida soberana da zona euro”, refere o relatório.

A seguradora nota ainda que Portugal conseguiu reduzir a sua dívida pública de 134,1% do PIB em 2020 para 97,9% em 2023, devido ao forte crescimento nominal do PIB e às reformas de consolidação orçamental. Já o saldo orçamental regressou a um excedente em 2023 e, “de acordo com as previsões da líder mundial em Seguro de Crédito, é provável que se mantenha positivo, apesar de estar a diminuir, até 2026. Caso o défice orçamental se mantenha baixo, a dívida pública deverá estabilizar“.

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A liderar a comunicação da Visabeira focada nos objetivos do grupo, Catarina Pestana, na primeira pessoa

Chegada há mais de 12 anos ao grupo, Catarina Pestana é brand communication director da Visabeira. Cliente e criativa em simultâneo, encontra "nas barreiras formas para conseguir criar".

A comunicação é [feita] muito a par e passo com o board da Visabeira, uma empresa que assenta muito naquilo que é o crescimento orgânico, com uma estratégia de aquisição, pelo que a comunicação tem obviamente de estar muito ao lado do negócio. Não é propriamente uma comunicação centrada no cliente. Trabalhamos essencialmente para um mercado B2B [business to business] e não para o consumidor final. Temos obviamente uma definição de budget, de objetivo, mas é um fervilhar diário, com um trabalho muito próximo da administração e dos seus objetivos”.

As palavras são de Catarina Pestana, brand communication director da Visabeira, grupo que detém diversas empresas de diferentes setores, desde as telecomunicações à energia, construção, imobiliário ou cerâmica. Vista Alegre, Bordallo Pinheiro ou Constructel são algumas das suas marcas.

Segundo a responsável explica ao +M, a comunicação do grupo não é trabalhada da mesma forma que em muitas outras empresas, que “têm uma definição a 12 meses, e que por lá caminham com um à vontade muito mais distinto, ou seja, muito a pensar no produto, no consumidor, nas campanhas. Aqui é feita uma gestão mais fina, mais focada nos objetivos do grupo“.

No entanto, quando se tratam de marcas como a Bordallo Pinheiro ou a Vista Alegre, “que já são love brands“, o trabalho já é feito de uma “forma mais próxima daquilo que são estratégias a 12 meses e com um budget definido”.

Mas ainda assim tendemos a dissecar a coisa cada vez mais, até por uma questão de gestão de orçamentos. No caso da Vista Alegre, que se encontra a celebrar 200 anos, por exemplo, é uma marca que merece mundos e fundos para as celebrações, mas temos contingentes orçamentais grandes. Há muita coisa que se tem feito com esforço e sobretudo através de parcerias“, refere.

Num grupo tão grande e diversificado, o dia-a-dia de Catarina Pestana “nunca é propriamente aborrecido”, existindo sempre “novidades e desafios novos”. Embora normalmente esteja dedicada a projetos mais específicos — nesta altura encontra-s a trabalhar no livro dos 200 anos da Vista Alegre — são várias as outras iniciativas que estão a acontecer.

“O trabalho nunca é muito linear, e acho que é o normal quando se está numa estrutura muito grande, em que há oportunidades que surgem que são interessantes, imperdíveis, e que têm de ser ajustadas à dimensão dos recursos que se tem”, explica.

Em retrospetiva, Catarina Pestana considera que o seu percurso é “um bocadinho atípico”, uma vez que, embora trabalhe em comunicação e marketing, a sua origem está no design, área em que começou a trabalhar em Londres, na revista de luxo da Harvey Nichols e depois na Intersection Magazine. Esteve depois durante mais de dois anos com o designer gráfico britânico Peter Saville, que “trabalhou para todos os grandes nomes da moda”.

Esse percurso e ambiente na cidade londrina tiveram um “elevadíssimo impacto” no seu percurso, uma vez que Catarina Pestana se começou a aperceber que “a criatividade e o design permitiam fazer muitas coisas”.

Veio para Portugal, onde fundou a Dasein, a sua própria agência. “Nós aqui, num mercado mais pequeno como o nosso, temos de ter uma maior complementaridade e uma visão muito holística, ao contrário de outros mercados internacionais, onde se é contratado para ‘carregar num botão’. E eu acho que o início pelo design me permitiu isso e que o meu percurso e aquilo que eu faço hoje é muito fruto desse ecletismo“, explica.

Com a Dasein, agência que era uma “espécie de boutique de design”, trabalhou clientes como Caixa Geral de Depósitos, Central de Cervejas, Danone, Euronext Lisbon, Fundação Calouste Gulbenkian ou Vista Alegre Atlantis e Grupo Visabeira, “daí este crescimento orgânico dentro do grupo Visabeira à posteriori”.

Foi em 2012 que ingressou então no grupo Visabeira como responsável de comunicação institucional. Dentro do grupo encontrou “um mundo completamente gigante, multissetorial e com uma multiplicidade de marcas, desde marcas B2B a B2C, nacionais, internacionais, com posicionamentos completamente distintos”.

É um grupo onde sinto que tenho imensas profissões, não apenas pela característica da função que desempenho, mas também pelos diferentes cenários do grupo onde há uma coisa muito interessante, que é a sinergia entre marcas e que acaba por permitir ainda outros cenários, outras parcerias. É uma coisa muito vasta, muito rica“, diz.

De responsável de comunicação institucional passou depois para a direção de marketing e comunicação. No grupo, “a questão é que as coisas têm evoluído imenso e funcionado muito por estratégia de aquisição. E portanto as funções dentro do grupo também têm mudado consoante as escalas e as necessidades“, refere.

Em 2017 fundou a Bang Bang Agency, uma agência interna do grupo Visabeira que tinha como objetivo responder às necessidades criativas das marcas internas. No entanto, esta agência trabalhava ainda com marcas externas ao grupo, pelo que também trabalhou com a Control, Chicco, Fox Movies, ERA Imobiliária, Casino Lisboa e Casino Estoril, Jerónimo Martins ou Izidoro.

Na altura da pandemia, e tendo em conta que o grupo “começou também a articular as coisas de outra maneira”, a decisão passou por manter a Bang Bang Agency ativa mas apenas para clientes internos, situação que se mantém até hoje, “mesmo também por uma questão de otimização de recursos”. No entanto, o grupo também recorre a outras agências externas para algumas situações pontuais.

Aos 44 anos, a atual brand communication director é também professora. A experiência enquanto docente — da qual tem “gostado imenso” — começou por altura da pandemia, dando aulas atualmente no IADE e, sobretudo, na Universidade Católica.

“Tem sido muito giro. Era uma coisa que há uns anos seria impensável, mas é uma maneira muito gira de nos mantermos próximos do mercado. Dou aulas a executivos, e portanto são pessoas que estão no mercado de trabalho, são colegas. E eu também tenho uma maneira muito informal de me dar com as pessoas e acaba por ser uma forma de estar muito próxima do que são as novidades do mercado, de estudar, que é uma coisa que sempre gostei imenso“, refere.

Gosto mesmo muito de estudar, de refletir sobre as coisas, de investigar. E acho que isso aliado à minha atuação profissional, que é um fervilhar de coisas, ajuda-me bastante a estruturar as ideias”, refere. Nesta lógica, está até a pensar “aventurar-se por aí fora em termos académicos”, ou seja, tirar um doutoramento.

Atualmente, Catarina Pestana vive na zona de Alvalade, Lisboa, com o marido e as duas filhas, uma com três e outra com cinco anos, sendo que estas representam “um grande desafio”. Lisboeta de gema, nas veias corre-lhe uma “mistura de sangues” de outros locais, nomeadamente da Madeira, de Espanha e do Alentejo.

Recordando os seus momentos de infância e adolescência, confidencia — entre risos — que o seu “pior medo” é que as filhas lhe deem “um ínfimo” dos problemas que deu durante a sua fase de adolescente.

Foi esta rebeldia que levou os seus avós, por quem foi educada — sendo que o avô era oficial do exército — a acharem que o Instituto de Odivelas, colégio interno tutelado pelo exército, seria o sítio indicado para desenvolver os seus estudos, pelo teve uma “vivência lisboeta muito atípica, uma vez que só saía ao fim de semana”.

Tendo estudado no Instituto de Odivelas entre os nove e os 17 anos, Catarina Pestana tem “mixed feelings” em relação a esse período. “Não foi propriamente o que mais gostei, de estar interna, porque sempre apreciei muito a liberdade. Mas tenho amigas para toda a vida“, refere.

Foram tremendos anos de rebeldia. Custou a crescer. Foi um misto entre o ter de estar num sítio muito estereotipado, muito direito, muito militar, com muitas regras, e o crescer normal de alguém que se está a definir e a tentar encontrar“, recorda.

No entanto, esse período de internato e de regras deu-lhe também uma “ambivalência” em termos criativos. “Tenho um cérebro bastante criativo — digo isto como característica e não como qualidade — e também é verdade que a Visabeira se calhar não é o sítio mais esperado para uma pessoa tão artística. Mas é porque eu tenho esta ambivalência: preciso de saber exatamente quais são as regras e diretrizes, mesmo que seja para discordar delas“, explica.

Foi o facto de ter estudado no estrangeiro, em Londres, que depois lhe deu uma “noção de vida completamente diferente“. “Acho que Londres deu aquela noção de multiculturalidade que eu precisava para respirar. Acho que foi um ponto importantíssimo no meu crescimento”, refere. A ida para Londres deu-se porque na altura tinha um namorado que foi trabalhar para Londres, tendo resolvido ir com ele, pelo que mudou de faculdade, trocando a Faculdade de Belas-Artes pelo Chelsea College of Arts.

Entre as suas “imensas” áreas de interesse, encontra-se uma que está relacionada “com a criatividade, nas diferentes formas que isso possa ter”. “Acho que a criatividade, muitas das vezes, ainda está muito ligada a esta questão artística. Mas a criatividade a mim interessa-me muito no mundo da comunicação — que é onde atuo –, mas também sob outras formas, nomeadamente naquilo que é a construção do cérebro ou a maneira como vamos lidando com a nossa inteligência emocional“, diz, explicando a razão pela qual lê muitos livros relacionados com o tema.

Ainda no campo da literatura, tem-se dedicado ultimamente a ler as obras das 17 mulheres que já conquistaram um prémio Nobel da Literatura, até porque se diz uma “feminista convicta”. “Dá-me muito prazer ler mulheres e é engraçado que tenho descoberto que há muitas mulheres e homens que estão a querer ler mulheres. Esta é uma das questões da minha atualidade”, refere.

Além disso, é também “viciada” em teatro, tanto em termos de assistir a peças como de participar em aulas. “O teatro para mim é respirar. São momentos únicos, onde uma sala está em silêncio, onde se aplaude ao vivo uma coisa que está ou acabou de acontecer. É algo que acontece naquele momento, ao contrário do mundo do digital, em que podemos sempre gravar ou recuar. E eu acho que me estou a tornar muito numa pessoa do momento, em sentir o momento. O teatro traz-nos uma componente humana e uma história ao vivo. Ir ao teatro é sentir-me viva“, afirma.

Enquanto profissional, considera-se uma pessoa “super flexível”. “Acho que estou mesmo treinada para me adaptar a contextos, meios, cenários, porque eu própria preciso disso para criar as minhas próprias regras, barreiras, defesas. Sou sempre aquela pessoa que está à procura do briefing, para o destruir, construir, reconstruir. Procuro isso e tenho uma grande elasticidade nos meus processos e modo de atuação profissional“, refere.

Enquanto pessoa, considera também que não será “muito diferente disso”. “Eu fui sempre sobrevivente em contextos. E isso acho que sempre ativou a minha criatividade. Muitas vezes as pessoas dizem que precisam de liberdade para criar. Pouca gente estimará mais a liberdade do que eu, mas encontro nas barreiras formas para conseguir criar“.

Outro termo que costuma dar para se definir em termos profissionais é a de ser “não binária”. “Muitas das vezes, em contextos profissionais, ora estou como jurada em prémios de criatividade ou estou do outro lado, do cliente. E é giro porque no meio das agências eu sou sempre a que está do lado do cliente, e quando estou do lado do cliente, sou sempre a criativa. Portanto digo sempre que sou não binária”, refere.

Catarina Pestana em discurso direto

1 – Qual é a decisão mais difícil para um responsável de comunicação?

Há que esclarecer a definição de ‘’comunicação’’ primeiro. No meu caso, atuando na comunicação de marketing, o maior desafio que enfrento é a dinâmica eficaz entre a realidade entre as marcas que trabalho e o mercado onde elas se inserem. Estamos numa realidade acelerada com o desenvolvimento da inteligência artificial e do digital que afunilam, cada vez mais, as necessidades permanentes do cliente.

2 – No (seu) top of mind está sempre?

Marcas, sempre!

3 – O briefing ideal deve…

Ser consistente entre os restantes pedidos. Um briefing nunca deve ser isolado entre aquele que é o alinhamento da marca. Deve ser consciente quanto aos seus objetivos e olhando sempre também ao contexto externo – faz, ou não, sentido entre a concorrência, nos setores onde determinada marca se insere – e, finalmente, no discurso onde as diferentes pessoas internamente estabelecem o tom da marca. Tom esse que é impactado pelo consumidor mas que deve ser bem definido a nível interno de forma integrada e trabalhado omnicanal.

4 – E a agência ideal é aquela que…

Surpreende. Claro que tudo depende das necessidades de determinada marca. Mas, na verdade, e apesar de não ser a primeira resposta (sexy) que surge, qualquer marca precisa da agência que ‘’safe’’ em timings, volume, etc. A verdade é que a agência que consegue antecipar e inovar, é aquela que, conjuntamente com a estratégia da marca, permite que a marca vá desbravando o caminho naquela que é a comunicação inovadora de determinada marca antecipando a atenção do(s) consumidor(es).

5 – Em comunicação é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Gostaria muito de poder dizer ‘’arriscar’’. É a resposta que ficaria bem numa entrevista. Contudo… ‘’depende’’. Existe sempre uma participação de compromisso naquela que é a comunicação, e a base disso é a razoabilidade dos contextos (internos/externos), naquele que é o objetivo central. Independentemente da postura, do posicionamento de determinada marca, a avaliação sobre o modus operandi deve ser sempre fruto de uma avaliação consistente e sem impulsos gratuitos – isto, dito por mim, que gosto de fazer ‘’all in’’, mas que, fruto da experiência, sei também que o tempo e a consistência nos permitem resultados, tal como no poker, mais gratificantes. Em suma, arriscar de vez em quando, mas sendo fiel à consistência, permite-nos um bom ritmo na comunicação.

6 – Como um profissional de comunicação deve lidar e gerir crises?

Acima de tudo, gerir pela antecipação. Um pouco como as pessoas que têm receio de andar de avião. Estatisticamente, é raro haver acidentes. Isto porque o planeamento e a avaliação prévia nos obrigam à verificação global. E, claro, em havendo acidentes (crise), essa antecipação permite-nos atuar no timing correto por força da reação à incorporação de cenário prévios que nos permitem atuar com sangue frio. Isto, sempre, aliado à experiência. A senioridade traz-nos experiência, diria.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Isso não existe. Internamente, na Visabeira, e nas suas marcas, brincamos com isso. Mesmo as marcas que têm, supostamente, ‘’budgets ilimitados’’ têm sempre limitações impostas. Parece estranho, certo? Mas a verdade é que nada é ilimitado e é essa limitação que faz com que tenhamos de usar a ferramenta da criatividade para contornarmos as nossas contingências – que nem sempre serão as de budget –, que, em boa verdade, existem sempre.

8 – A comunicação em Portugal, numa frase?

Humana, autêntica, sempre numa permanente busca entre a tradição e a inovação que é isso com que nós, portugueses, nos identificamos.

9 – Construção de marca é?

Criação de valor. E não falo apenas para o consumidor, evidentemente. Para todos os que com ela lidam. Nem tão pouco de produto ou serviços apenas. Falo da construção permanente e contínua de experiência(s) que permite(m) que os diferentes interlocutores ajam em permanência entre as ideias, as potencialidades, as reações, a consistência que permite que os consumidores tenham determinada marca como top of mind, pelas boas razões, claro.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em comunicação?

Tenho a sorte de ter uma profissão que me permite ter muitas profissões. Isto é, quando se trabalha em comunicação somos criativos, somos produtores, somos estrategas, somos marketers, somos agentes de determinada marca. No meu caso, de várias. Se a marca é uma construção, somos a adição de tudo isso naquela que é a sua construção diária. Mas falando sobre outras profissões, diria que a direção de arte ligada ao teatro ou ao cinema, fariam de mim uma pessoa, igualmente, muito feliz!

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